Revista Frutas e derivados - Edição 05 - Ibraf

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17.04.2013 Views

32 TECNOLOGIA gosto, principalmente, o suco cuja referência é o sabor natural das frutas”, explica o pesquisador. O processo de Ribeiro Júnior aplica uma nova rota para a produção de sucos de frutas concentrados envolvendo as técnicas de evaporação por contato direto e permeação de vapor com membranas seletivas. “Todo mundo que já tomou um suco de laranja reconstituído de caixinha sabe muito bem que o gosto é bem diferente do suco fresco. A técnica de evaporação por contato direto, aplicada na nossa rota, tem a grande vantagem de permitir a vaporização da água a temperaturas mais baixas, minimizando a degradação térmica dos compostos do suco, e garantindo um sabor mais próximo do suco real”, assegura o pesquisador. O equipamento do novo processo é considerado de fácil construção, constituído basicamente por uma coluna de líquido através da qual borbulha um gás superaquecido. O contato direto entre os fluidos, quente e frio, permite maior eficiência de transmissão de calor, possibilitando a utilização de temperaturas moderadas. O trabalho desenvolvido em Coppe/UFRJ possibilita a redução de custos no processo industrial. “A rota proposta envolve duas etapas: o arraste com gás inerte dos compostos responsáveis pelo aroma do suco, que são recuperados pela técnica de permeação de vapor empregando-se membranas de silicone, permitindo a passagem dos aromas, mas retendo a água e o gás inerte. Em seguida, o suco segue para concentração no evaporador por contato direto, onde faz-se basicamente o borbulhamento de um gás inerte Cláudio Ribeiro Júnior, COPPE/UFRJ, desenvolveu processo inovador de processamento de sucos que preserva sabor e aromas. quente através do suco para remoção da água. Ao final da concentração, os aromas recuperados são re-adicionados ao suco concentrado”, detalha o pesquisador. O processo atual de concentração aplicado nas indústrias, segundo ele, “utilizam os chamados evaporadores de película descendente, com temperaturas de operação para a vaporização da água suficientemente altas para modificações químicas, em alguns compostos do suco, resultando em alterações indesejáveis de cor e sabor no produto final”. Além das modificações por degradação térmica, com a vaporização da água, são removidos os chamados aromas do suco, compostos orgânicos responsáveis pelo odor e sabor característicos do suco da fruta. Esses compostos devem ser recuperados para evitar alterações de sabor, mas estão presentes em concentrações muito baixas, dificultando a recuperação. CONCENTRADO DE AROMAS Ribeiro Júnior explica que “na indústria, a recuperação dos aromas é feita por destilação e/ou condensação parcial, em sistemas que, para serem eficientes, são relativamente complexos. Com a adoção das membranas seletivas, não só simplificamos esses sistemas, mas melhoramos sobremaneira a eficiência de recuperação dos aromas, o que também contribui positivamente para a obtenção de um suco concentrado com sabor mais próximo do suco natural”. Para se ter uma idéia, o suco de laranja tem mais de 200 substâncias na composição do aroma e o suco de morango, mais de 360.Outra grande vantagem no novo processo, segundo o pesquisador, é a obtenção de um concentrado de aromas do suco processado, produto de alto valor agregado, atualmente perdido em grande parte das indústrias de concentração de sucos. Os interessados em implantar a nova tecnologia desenvolvida no Coppe/UFRJ, que trabalha há mais de 10 anos com separação de aromas, devem entrar em contato com o pesquisador Cláudio Patrício Ribeiro Júnior, pelo telefone (21) 2562-7162 ou pelo e-mail: cprj@peq.coppe.ufrj.br. Para conhecer mais detalhes sobre o processo, pode ser feita uma consulta à tese de doutorado disponível na Internet no endereço http:// teses.ufrj.br/coppe_d/ ClaudioPatricioRibeiroJunior.pdf. COPPE/UFRJ

Plantas, insetos, flores e frutos fora de seu habitat podem se transformar num grande problema e trazer impactos econômicos e ambientais. Marlene Simarelli Quando se trata de biodiversidade, há o orgulho nacional latente por causa da riqueza brasileira na diversidade de espécies. Porém, desde os primórdios, espécies exóticas entram no País com conseqüências ao ambiente e reflexos econômicos na cadeia atingida. São os bioinvasores, que podem chegar na mala de um viajante, saudoso da terra natal ou encantado pela novidade; nas embalagens de importação e exportação ou até mesmo ser inserida propositalmente visando a um prejuízo econômico premeditado. As pragas e doenças vindas do Exterior causam danos nos mais variados setores como o bicudo, no algodão; o geminivirus, no tomate; o retorno da febre aftosa no gado, após erradicação, só para citar alguns. Na fruticultura, são conhecidos a Sigatoka Negra, nos bananais; o greening, nos laranjais e a mosca do Mediterrâneo Ceratitis capitata, que atinge várias fruteiras, cujo registro de invasão data de 1901, entre outros. A pesquisadora, Maria Regina Vilarinho, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, explica que “a entrada de pragas em áreas do sistema produtivo traz conseqüências dramáticas e muitas vezes irreversíveis para a agricultura, além de gastos da ordem de milhões de reais para controle e erradicação desses organismos, perdas na biodiversidade, nos recursos biológicos e genéticos, impacto na indústria alimentícia pela falta dos produtos primários e ainda desemprego na área rural. Nos últimos anos, mais de 11 mil espécies invasoras entraram no Brasil, de acordo com levantamentos de pesquisadores internacionais”. Olinda Maria Martins, pesquisadora da mesma unidade Embrapa, acrescenta que “a contenção de uma praga introduzida num país de extensão continental, como o Brasil, é muito difícil. As diferentes condições climáticas favorecem a adaptação de pragas exóticas, importantes para a fruticultura tropical e de clima temperado”. NO COTIDIANO DO CAMPO Para manter a competitividade, os produtores precisam estar atentos, pois o bioinvasor não tem predadores - elemento responsável pelo equilíbrio na natureza -, e, por isso, prolifera rapidamente. É o caso do caramujo gigante africano, símbolo de um problema que atinge vários Estados e se dispersa rapidamente mundo afora. Voraz, ele se alimenta de, pelo menos, 500 tipos de plantas, como frutapão, mandioca, cacau, mamão, amendoim, seringueira, feijão, ervilha, pepino, melão, abóbora, repolho, alface, batata, cebola, girassol, eucalipto, citros, plantas ornamentais, etc. MEIO AMBIENTE O fruticultor deve manter-se informado sobre os perigos da introdução de pragas exóticas. Os fruticultores podem atuar para minimizar a bioinvasão. A pesquisadora Olinda sugere algumas medidas. “A adoção de sistemas de alerta, quando existente, é uma medida que auxilia na prognose de doenças e permite planejar o seu controle. A introdução de mudas deve ser rigorosamente inspecionada, pois por meio destas ocorre a introdução de pragas. A aquisição de mudas sadias é fundamental para garantir a exclusão de pragas do pomar. O fruticultor deve manter- MOSCAMED BRASIL 33

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TECNOLOGIA<br />

gosto, principalmente, o suco cuja<br />

referência é o sabor natural das<br />

frutas”, explica o pesquisador.<br />

O processo de Ribeiro Júnior<br />

aplica uma nova rota para a produção<br />

de sucos de frutas concentrados<br />

envolvendo as técnicas de<br />

evaporação por contato direto e<br />

permeação de vapor com membranas<br />

seletivas. “Todo mundo<br />

que já tomou um suco de laranja<br />

reconstituído de caixinha sabe<br />

muito bem que o gosto é bem<br />

diferente do suco fresco. A técnica<br />

de evaporação por contato direto,<br />

aplicada na nossa rota, tem<br />

a grande vantagem de permitir a<br />

vaporização da água a temperaturas<br />

mais baixas, minimizando a<br />

degradação térmica dos compostos<br />

do suco, e garantindo um sabor<br />

mais próximo do suco real”,<br />

assegura o pesquisador. O equipamento<br />

do novo processo é<br />

considerado de fácil construção,<br />

constituído basicamente por uma<br />

coluna de líquido através da qual<br />

borbulha um gás superaquecido. O<br />

contato direto entre os fluidos,<br />

quente e frio, permite maior eficiência<br />

de transmissão de calor, possibilitando<br />

a utilização de temperaturas<br />

moderadas.<br />

O trabalho desenvolvido<br />

em Coppe/UFRJ possibilita<br />

a redução de custos no<br />

processo industrial.<br />

“A rota proposta envolve duas<br />

etapas: o arraste com gás inerte dos<br />

compostos responsáveis pelo aroma<br />

do suco, que são recuperados<br />

pela técnica de permeação de vapor<br />

empregando-se membranas<br />

de silicone, permitindo a passagem<br />

dos aromas, mas retendo a água e<br />

o gás inerte. Em seguida, o suco<br />

segue para concentração no<br />

evaporador por contato direto,<br />

onde faz-se basicamente o<br />

borbulhamento de um gás inerte<br />

Cláudio Ribeiro Júnior, COPPE/UFRJ, desenvolveu processo inovador de<br />

processamento de sucos que preserva sabor e aromas.<br />

quente através do suco para remoção<br />

da água. Ao final da concentração,<br />

os aromas recuperados<br />

são re-adicionados ao suco<br />

concentrado”, detalha o pesquisador.<br />

O processo atual de concentração<br />

aplicado nas indústrias,<br />

segundo ele, “utilizam os chamados<br />

evaporadores de película<br />

descendente, com temperaturas<br />

de operação para a vaporização da<br />

água suficientemente altas para<br />

modificações químicas, em alguns<br />

compostos do suco, resultando em<br />

alterações indesejáveis de cor e sabor<br />

no produto final”. Além das<br />

modificações por degradação térmica,<br />

com a vaporização da água,<br />

são removidos os chamados aromas<br />

do suco, compostos orgânicos<br />

responsáveis pelo odor e sabor<br />

característicos do suco da fruta.<br />

Esses compostos devem ser<br />

recuperados para evitar alterações<br />

de sabor, mas estão presentes<br />

em concentrações muito baixas,<br />

dificultando a recuperação.<br />

CONCENTRADO<br />

DE AROMAS<br />

Ribeiro Júnior explica que “na<br />

indústria, a recuperação dos aromas<br />

é feita por destilação e/ou<br />

condensação parcial, em sistemas<br />

que, para serem eficientes, são<br />

relativamente complexos. Com a<br />

adoção das membranas seletivas,<br />

não só simplificamos esses sistemas,<br />

mas melhoramos sobremaneira<br />

a eficiência de recuperação<br />

dos aromas, o que também contribui<br />

positivamente para a obtenção<br />

de um suco concentrado com<br />

sabor mais próximo do suco natural”.<br />

Para se ter uma idéia, o<br />

suco de laranja tem mais de 200<br />

substâncias na composição do<br />

aroma e o suco de morango, mais<br />

de 360.Outra grande vantagem<br />

no novo processo, segundo o<br />

pesquisador, é a obtenção de um<br />

concentrado de aromas do suco<br />

processado, produto de alto valor<br />

agregado, atualmente perdido<br />

em grande parte das indústrias<br />

de concentração de sucos.<br />

Os interessados em implantar a<br />

nova tecnologia desenvolvida no<br />

Coppe/UFRJ, que trabalha há mais<br />

de 10 anos com separação de aromas,<br />

devem entrar em contato com<br />

o pesquisador Cláudio Patrício Ribeiro<br />

Júnior, pelo telefone (21)<br />

2562-7162 ou pelo e-mail:<br />

cprj@peq.coppe.ufrj.br. Para conhecer<br />

mais detalhes sobre o processo,<br />

pode ser feita uma consulta<br />

à tese de doutorado disponível na<br />

Internet no endereço http://<br />

teses.ufrj.br/coppe_d/<br />

ClaudioPatricioRibeiroJunior.pdf.<br />

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