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Revista Frutas e derivados - Edição 05 - Ibraf

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CAPA<br />

PRODUÇÃO: PerformanceCG<br />

FOTO: Banco de Imagens do<br />

<strong>Ibraf</strong><br />

07<br />

ENTREVISTA<br />

07 À FRENTE DE DESAFIOS<br />

Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo,<br />

João de Almeida Sampaio Filho, fala sobre<br />

fruticultura paulista.<br />

FRUTAS FRESCAS<br />

14 FRUTAS FINAS<br />

<strong>Frutas</strong> finas ainda têm produção limitada por causa<br />

do alto custo de produção.<br />

CERTIFICAÇÃO<br />

18 PASSAPORTE PARA EXPORTAÇÃO<br />

Comércio internacional exige certificação e<br />

segurança do alimento. Projeto Fruta Paulista segue<br />

as normas.<br />

AGROINDÚSTRIA<br />

27 TENDÊNCIA MUNDIAL<br />

<strong>Frutas</strong> minimamente processadas começam a<br />

fazer parte do cotidiano das redes de varejo.<br />

MEIO AMBIENTE<br />

33 PERIGO VIAJANTE<br />

A introdução de espécies exóticas altera o<br />

ambiente e traz perigos ao homem do campo.<br />

14<br />

38<br />

SEÇÕES<br />

SUMÁRIO<br />

MARÇO 2007<br />

04 editorial<br />

06 espaço do leitor<br />

10 campo de notícias<br />

Panorama dos principais acontecimentos do trimestre.<br />

12 no pomar<br />

Lançamentos, dicas, normas e leis do setor.<br />

30 tecnologia<br />

Pesquisador desenvolve processo inovador que garante mais<br />

sabor e aroma no processamento de sucos.<br />

36 opinião<br />

Osvaldo Dias: a força do associativismo mudou a história de<br />

Junqueirópolis/SP.<br />

37 agenda<br />

Acontecimentos do trimestre.<br />

27<br />

38 eventos<br />

Fechamento de negócios e divulgação no país europeu que<br />

mais consome frutas brasileiras e no mercado promissor dos<br />

Emirados Árabes.<br />

41 artigo técnico<br />

Abacaxi minimamente processado requer cuidados para manter<br />

qualidade e sabor.<br />

48 campo & culturap<br />

44 produtos e serviços<br />

46 fruta na mesa<br />

Delicadeza do figo.


CUIDANDO DO FUTURO<br />

editorial<br />

Na vida de uma cultura perene, o primeiro ano é determinante para sua<br />

produção futura. Muito há para se fazer até colher os primeiros frutos. Os<br />

cuidados com solo, fertilização, controle de pragas e doenças e a correta<br />

irrigação para a pequena árvore precisam ser constantes. Traçando um<br />

paralelo, assim é com o ‘plantio’ de uma publicação. Seu primeiro ano é de<br />

cuidados intensos para que não se perca a semente da informação plantada.<br />

Foi assim que caminhamos nos primeiros 365 dias da <strong>Frutas</strong> e Derivados,<br />

que se completam em março: cuidando da ‘fruteira’ da notícia para que, no<br />

seu devido tempo, dê frutos abundantes de informação. O seu retorno,<br />

leitor, nos dá a segurança de que o tratamento está certo. E é, para você,<br />

que preparamos uma edição apontando caminhos para maior rentabilidade.<br />

O passaporte para exportar está na certificação, que ampliam mercados à<br />

sua colheita, além de ajudá-lo na organização da propriedade. O<br />

processamento mínimo de frutas, tendência mundial, começa a ganhar espaço<br />

no País, principalmente, nos grandes centros urbanos, devido à procura<br />

do consumidor por produtos que ofereçam praticidade e sejam saudáveis.<br />

Para que esse consumidor tenha praticidade, sem perder a delícia do<br />

sabor, a pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro desenvolveu<br />

método inovador de processamento de sucos de frutas, outro segmento em<br />

crescimento contínuo na cadeia frutícola. Em se tratando de crescimento, as<br />

frutas no Estado de São Paulo são o maior exemplo. O Estado mais industrial<br />

da Nação é também a maior plataforma frutícola e, para valorizar esse fruticultor<br />

e sua colheita, o Instituto Brasileiro de <strong>Frutas</strong>, em parceria com o<br />

Sebrae-SP, lançou o programa Fruta Paulista.<br />

Vale ressaltar que todos os esforços para o aprimoramento do setor cairão<br />

por terra, se não houver os devidos cuidados ambientais e os bioinvasores<br />

continuarem entrando no País. Hoje, a fruticultura luta para manter sob controle<br />

e erradicar as espécies exóticas invasoras cydia pomonella, mosca-dafruta,<br />

sigatoka negra e a mosca-da-carambola, um desafio atual. O setor e as<br />

autoridades do País precisam estar alertas: a questão ambiental, mais do que<br />

uma bandeira, é questão de sobrevivência econômica e das espécies.<br />

Uma ótima leitura e obrigada pelo apoio em nosso primeiro ano!<br />

fale conosco<br />

REDAÇÃO<br />

para enviar sugestões, comentários, críticas e dúvidas<br />

faleconosco@frutase<strong>derivados</strong>.com.br<br />

Marlene Simarelli<br />

Editora<br />

redacao@frutase<strong>derivados</strong>.com.br<br />

ASSINATURA<br />

a assinatura é gratuita e para solicitar seu exemplar<br />

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DIRETOR PRESIDENTE<br />

Moacyr Saraiva Fernandes<br />

VICE PRESIDENTE<br />

Aristeu Chaves Filho<br />

TESOUREIRO<br />

José Benedito de Barros<br />

DIRETORES<br />

Carlos Prado (Superintendente Nordeste)<br />

Roland Brandes (Superintendente Sul)<br />

Etélio de Carvalho Prado, Jean Paul Gayet, Paulo Policarpo Mello<br />

Gonçalves, Waldyr S. Promicia.<br />

CONSELHEIROS<br />

Luiz Borges Jr., André Luiz Grabois Gadelha, Américo Tavares, Carla Castro<br />

Salomão, Dirceu Colares, Fernando Brendaglia de Almeida, Francisco<br />

Cipriano de Paula Segundo, James C. Bryon, Sylvio Luiz Honório,<br />

Washington Dias.<br />

COMITÊ TÉCNICO-CIENTÍFICO<br />

Antônio Ambrósio Amaro (Presidente)<br />

Admilson B. Chitarra, Alberto Carlos de Queiroz Pinto, Aldo Malavasi,<br />

Anita Gutierrez, Carlos Ruggiero, Fernando Mendes Pereira, Geraldo<br />

Ferreguetti, Heloísa Helena Barreto de Toledo, José Carlos Fachinello, José<br />

Fernando Durigan, José Luiz Petri, José Rozalvo Andrigueto, Josivan<br />

Barbosa de Menezes, Juliano Aires, Lincoln C. Neves Filho, Luiz Carlos<br />

Donadio, Osvaldo Kiyoshi Yamanishi, Rose Mary Pio, Tales Wanderley Vital.<br />

COMITÊ DE MARKETING<br />

Jean Paul Gayet (Presidente)<br />

Paulo Policarpo Mendes Gonçalves, Pedro Carvalho Burnier, Waldyr S.<br />

Promicia, Elis Simone Ferreira Fernandes, Fabio Nino, James Howard Beeny,<br />

Angela Maria Maciel da Rocha, Sergio Abreu, Rogério de Marchi.<br />

CONSELHO EDITORIAL<br />

Moacyr Saraiva Fernandes<br />

Maurício de Sá Ferraz<br />

Valeska de Oliveira<br />

COORDENAÇÃO<br />

Luciana Pacheco<br />

luciana@ibraf.org.br<br />

EDIÇÃO<br />

Marlene Simarelli<br />

MTb 13.593<br />

redacao@frutase<strong>derivados</strong>.com.br<br />

REDAÇÃO<br />

Beth Pereira, Marlene Simarelli<br />

REVISÂO<br />

Vera Bison<br />

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO<br />

Luciana Pacheco (texto).<br />

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Distribuição: nacional.<br />

Tiragem: 6.000 exemplares.<br />

<strong>Frutas</strong> e Derivados é uma publicação trimestral do IBRAF - Instituto<br />

Brasileiro de <strong>Frutas</strong>, distribuída a profissionais ligados ao setor.<br />

Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do<br />

Instituto. Para a reprodução do artigo técnico e do artigo opinião, é<br />

necessário solicitar autorização dos autores.<br />

A reprodução das demais matérias publicadas pela revista é permitida,<br />

desde que citados os nomes dos autores, a fonte e a devida data de<br />

publicação.


6<br />

ESPAÇO DO LEITOR<br />

“A revista é ótima, supera as expectativas,<br />

com temas atuais e dinâmicos.<br />

Deixo uma sugestão para que vocês aumentem<br />

o espaço que traz publicações<br />

sobre a fruticultura e os endereços de<br />

onde adquiri-las.”<br />

Waldemar Domingos de Santana Júnior<br />

Produtor Rural, Itumbiara – GO<br />

“Gostaria de parabenizá-los pela excelente<br />

qualidade da revista e seu conteúdo<br />

técnico. Sem sombra de dúvidas, a revista<br />

é de grande importância para o desenvolvimento<br />

da fruticultura nacional.”<br />

Fernando Augusto de Souza<br />

Gerente Geral da Korin Agricultura Natural<br />

“Sou pesquisadora-científica do<br />

Fruthotec/Ital na área de tecnologia de<br />

frutas. Acho as reportagens da <strong>Revista</strong> <strong>Frutas</strong><br />

e Derivados muito esclarecedoras e bem<br />

acessíveis ao público leigo.”<br />

Ms. Silvia Cristina Sobottka Rolim de Moura<br />

Campinas - SP<br />

“Ao visitar a empresa <strong>Frutas</strong> Boutim, de<br />

Porto Amazonas/PR, minha esposa,<br />

Suzana M. R. Gorniski, encontrou um<br />

exemplar da revista <strong>Frutas</strong> e Derivados e<br />

elogiou as matérias abordadas e as bemelaboradas<br />

composição e arte, além de uma<br />

impressão sofisticada. Parabéns à equipe.”<br />

Aramis Gorniski<br />

Editor do jornal “A Tribuna Regional” e da<br />

revista “Informação”, Lapa - PR<br />

“Foi uma satisfação receber a revista <strong>Frutas</strong><br />

e Derivados e deparar com artigos que<br />

atendam diferenciados segmentos da cadeia<br />

frutícola. Assim como o amigo Professor<br />

Pesquisador Dr. Rafael Pio, concordamos<br />

que existam muitos entraves para<br />

podermos conquistar recursos públicos<br />

para fins científicos. Como opção, buscamos<br />

os produtores como parceiros, que nos<br />

apoiam e se beneficiam diretamente de<br />

nossas pesquisas.”<br />

Prof. Adjunto Fabio del Monte Cocozza<br />

Universidade Estadual da Bahia<br />

Campus IX - Barreiras<br />

ERRATA<br />

Na matéria de capa Altos e Baixos,<br />

publicada na edição 4, de dezembro<br />

de 2006, a informação sobre o volume<br />

de exportação de figos está errada.<br />

Onde se lê “no acumulado de janeiro<br />

a outubro, o Brasil exportou<br />

482 mil toneladas da fruta”, leia-se<br />

482 toneladas.<br />

Agradecemos o alerta sobre os números<br />

referentes à exportação, enviado<br />

pelo produtor e exportador<br />

Maurício Brotto, de Campinas/SP.<br />

ESCREVA PARA<br />

Endereço:<br />

Avenida Ipiranga, 952 • 12º<br />

andar • CEP 01040-906 • São<br />

Paulo • SP<br />

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João de Almeida Sampaio Filho, 41 anos,<br />

nasceu na capital paulista, cidade onde a zona rural<br />

praticamente acabou, mas sua história de vida está<br />

associada à agricultura. Economista e produtor<br />

rural nos Estados de São Paulo, Mato Grosso e<br />

Paraná, esteve à frente de diversas entidades ligadas<br />

ao agronegócio. Foi presidente da Associação<br />

dos Produtores de Borracha do Estado do Mato<br />

Grosso e vice-presidente da Associação Paulista do<br />

Setor. Ocupou, também, a presidência da Câmara<br />

Setorial Nacional de Borracha e da Comissão Na-<br />

ENTREVISTA JOÃO SAMPAIO<br />

À FRENTE DE<br />

DESAFIOS<br />

JOÃO LUIZ - SAA/COMUNICAÇÃO<br />

cional da Borracha da CNA (Confederação Nacional<br />

da Agricultura). Foi vice-presidente na Associação<br />

Comercial do Estado de São Paulo, conselheiro<br />

da Associação Brasileira do Agronegócio de<br />

Ribeirão Preto e, a partir de 2002, ocupou a presidência<br />

da Sociedade Rural Brasileira, função que<br />

deixou para assumir a Secretaria de Agricultura e<br />

Abastecimento do Estado de São Paulo. À frente<br />

do Estado, detentor da maior plataforma agrícola<br />

do País, ele fala de projetos para sua gestão, iniciada<br />

este ano.<br />

7


8<br />

ENTREVISTA JOÃO SAMPAIO<br />

<strong>Frutas</strong> e Derivados - Qual é plano de governo<br />

para a agricultura nesta nova gestão?<br />

João Sampaio - São Paulo, apesar de pouco sabido,<br />

é a maior plataforma agrícola do País, responsável<br />

por 17% do valor bruto da produção<br />

agropecuária brasileira. No entanto, nosso maior<br />

trunfo não está tão somente dentro da porteira, e,<br />

sim, em nossa capacidade de multiplicar o valor da<br />

produção fora das fazendas. Agregamos valor aos<br />

produtos, graças à infra-estrutura de industrialização,<br />

à logística de exportação e ao grande mercado<br />

consumidor. Nosso plano está concentrado em<br />

ampliar e melhorar a renda do produtor, apostando<br />

na agregação de valor aos produtos.<br />

“A fruticultura paulista é das mais<br />

diversificadas e das mais fortes.”<br />

<strong>Frutas</strong> e Derivados - O novo governo implica em<br />

direcionamento de novos projetos da Secretaria<br />

focados na agricultura do Estado mais industrial da<br />

Nação? Quais? Por quê?<br />

João Sampaio - Como disse anteriormente, o<br />

Estado de São Paulo sintetiza esta capacidade de<br />

unir a indústria e a agricultura; processamos os produtos<br />

agrícolas com eficiência industrial. Trabalhar<br />

as cadeias produtivas e apostar nas vocações agrícolas<br />

e agroindustriais de cada região é o caminho<br />

para otimizar recursos e ampliar a renda.<br />

<strong>Frutas</strong> e Derivados - Investir em programas para<br />

melhorar a renda e a vida do produtor rural paulista<br />

está entre os planos do governo? O que pretende?<br />

Como acredita ser possível?<br />

João Sampaio - O governador José Serra, quando<br />

me chamou para a Secretaria de Agricultura,<br />

disse-me exatamente o objetivo número 1 deste<br />

governo: o crescimento econômico.Precisamos<br />

gerar trabalho e renda e como podemos fazer isto?<br />

Por meio de programas e parcerias com a iniciativa<br />

privada, que trabalhem na direção de unir o produtor<br />

e o consumidor. Entre estas duas pontas é<br />

onde está a chance de crescermos. A Secretaria de<br />

Agricultura possui seis institutos de pesquisa, alguns<br />

deles centenários, com larga experiência em pes-<br />

quisa, desenvolvimento e produção de novas variedades<br />

agrícolas e na adaptação de tecnologias.<br />

Temos uma rede de extensionistas, que está à disposição<br />

do produtor e do empreendedor rural e<br />

precisa ser melhor utilizada. A melhor integração<br />

entre a pesquisa, a extensão e a iniciativa privada<br />

pode render ótimos frutos, com o perdão do trocadilho.<br />

A agricultura tem mostrado, pelos consecutivos<br />

superávits da balança comercial, que é a<br />

vocação do nosso País. E mais que agricultura, o<br />

agronegócio, esta rede, que envolve produção, industrialização,<br />

comercialização e serviços, geradora<br />

de 37% dos empregos no País, será a responsável<br />

pelo crescimento econômico tão esperado e<br />

prometido nos últimos anos.<br />

<strong>Frutas</strong> e Derivados - Quais são os projetos para<br />

a fruticultura no Estado, cuja atividade gera muitos<br />

postos de trabalho por hectare no campo?<br />

João Sampaio - A fruticultura paulista é das mais<br />

diversificadas. Por incrível que pareça, não produzimos<br />

somente laranja para indústria, onde somos<br />

os maiores produtores e exportadores de suco de<br />

laranja do mundo. Essa atividade importante é nosso<br />

terceiro item na pauta de exportações do<br />

agronegócio; perde apenas para cana (açúcar e álcool)<br />

e carne bovina. São Paulo produz frutas frescas<br />

com alto valor agregado e baseado na pequena<br />

propriedade – reside nestas características o grande<br />

potencial de crescimento econômico. Regiões,<br />

como a do Circuito das <strong>Frutas</strong>, compreendendo<br />

municípios de Valinhos, Jundiaí, Louveira, Vinhedo,<br />

entre outros; Jales, com uva e parte do sudoeste<br />

do Estado de São Paulo são pólos de produção que<br />

precisam de uma concentração de atendimento e,<br />

assim, ampliaremos o poder de geração de empregos.<br />

A Secretaria de Agricultura possui o Centro<br />

Apta de <strong>Frutas</strong>, em Jundiaí/SP, um centro de<br />

pesquisa totalmente dedicado à fruticultura, onde<br />

foram geradas as principais variedades desenvolvidas<br />

no Estado. Temos o Instituto de Tecnologia dos<br />

Alimentos (Ital), que se dedica a novas embalagens,<br />

rotulagens, conservação dos alimentos e frutas processadas.<br />

E ainda temos o Instituto Agronômico,<br />

onde a última novidade é o desenvolvimento de<br />

variedades de tangerinas sem semente, já com fazendas<br />

em produção no sudoeste do Estado. Estas<br />

oportunidades estão aí para serem aproveitadas. A<br />

Câmara Setorial de <strong>Frutas</strong>, da Secretaria, tem estas<br />

ferramentas à mão. Precisamos melhor aproveitá-las


e utilizá-las, conjuntamente, com empresas do setor<br />

em projetos diferenciados e adequados a cada região.<br />

<strong>Frutas</strong> e Derivados - Quanto ao seguro rural,<br />

haverá alguma subvenção do Estado?<br />

João Sampaio - Já temos um projeto de 50%<br />

de subvenção ao prêmio do seguro rural no Estado<br />

de São Paulo. Começamos em 2003 com um<br />

projeto piloto e estamos no quarto ciclo agrícola.<br />

São 23 culturas envolvidas no projeto e grande parte<br />

delas é de frutas. É um projeto voltado para o<br />

pequeno produtor com renda bruta anual de até<br />

R$ 215 mil. Nele, o produtor faz o seguro junto a<br />

uma das seguradoras credenciadas. De posse da<br />

apólice, e dentro das especificações técnicas do<br />

projeto, ele pleiteia a subvenção. Se aprovada, em<br />

menos de um mês, ele recebe metade do valor<br />

que pagou do prêmio do seguro por intermédio<br />

do Banco Nossa Caixa. Este projeto é um sucesso,<br />

principalmente entre os fruticultores, por se tratar de<br />

culturas mais susceptíveis às intempéries climáticas.<br />

Nossos maiores beneficiados são produtores de uva,<br />

caqui e figo, nas regiões de Campinas. Queremos que<br />

produtores de todo o Estado participem. Para isso,<br />

basta procurar a Casa de Agricultura local e se informar<br />

mais detalhadamente sobre o projeto. É um instrumento<br />

de proteção à disposição do produtor. E mais:<br />

é um projeto pioneiro em todo o País.<br />

<strong>Frutas</strong> e Derivados - Sebrae-SP e <strong>Ibraf</strong> acabam<br />

de lançar o Projeto Fruta Paulista. Como analisa essa<br />

parceria para os fruticultores de São Paulo?<br />

João Sampaio - Este é o caminho para a fruticultura<br />

paulista: unir a cadeia produtiva desde o<br />

produtor até o consumidor, apostando na capacidade<br />

destas instituições de agregar valor aos produtos.<br />

A Secretaria não só apóia como é co-participante<br />

deste projeto. A Câmara Setorial de <strong>Frutas</strong><br />

participa de todo o processo. A nossa estrutura,<br />

enquanto instituição de pesquisa e assistência<br />

técnica, adaptadora de tecnologia, vai participar<br />

ativamente deste projeto, colaborando na<br />

certificação e normatização da produção até a mesa<br />

do consumidor, seja ele paulista, brasileiro ou dos<br />

países importadores.<br />

<strong>Frutas</strong> e Derivados - Em sua opinião, quais as<br />

maiores necessidades da fruticultura paulista?<br />

João Sampaio - O mercado consumidor é dinâmico<br />

e alcançar sucesso junto ao consumidor de-<br />

ENTREVISTA JOÃO SAMPAIO<br />

pende da capacidade de leitura destas mudanças e<br />

o poder de adaptação e incorporação de novas<br />

tecnologias. A fruticultura paulista passa pelos mesmos<br />

desafios que outros setores. A seleção e o<br />

processamento das frutas com embalagens apropriadas<br />

que dêem durabilidade e frescor às frutas,<br />

assim como o desenvolvimento de variedades agrícolas,<br />

cada vez mais condizentes com as demandas<br />

de consumo, são as principais necessidades da fruticultura<br />

paulista. A certificação, sanidade e adequação<br />

aos mercados são os grandes desafios.<br />

“Trabalhar a imagem da fruta<br />

paulista passa por certificação<br />

na produção, padronização dos<br />

processos, combinado com<br />

campanha de marketing.”<br />

<strong>Frutas</strong> e Derivados - Como a Secretaria pode<br />

contribuir para saná-las?<br />

João Sampaio - A Secretaria de Agricultura,<br />

como enumerado anteriormente, possui várias das<br />

ferramentas necessárias para que estas dificuldades<br />

possam ser superadas. A articulação dentro da cadeia<br />

produtiva é um dos caminhos e, para isto, a<br />

Câmara Setorial de <strong>Frutas</strong> é o foro adequado.<br />

<strong>Frutas</strong> e Derivados - Mesmo produzindo quase<br />

metade das frutas nacionais (47% do total nacional),<br />

e sendo exportador, São Paulo é pouco reconhecido<br />

como pólo de fruticultura. A Secretaria tem algum<br />

plano para reverter essa imagem?<br />

João Sampaio - A fruticultura paulista é das mais<br />

fortes do País. Com grande rentabilidade, é responsável<br />

por uma distribuição e ampliação de renda<br />

nos seus pólos de produção. Trabalhar a imagem<br />

da fruta paulista passa pela certificação na produção,<br />

padronização dos processos e da embalagem,<br />

combinado com uma campanha de marketing.<br />

O caminho já foi iniciado pelo Projeto Fruta Paulista,<br />

que é criar a marca e o selo do produto de<br />

São Paulo. Isto deve ser ampliado para que alcancemos<br />

maior visibilidade e consolidação da marca<br />

fruta paulista.<br />

9


10<br />

CAMPO DE NOTÍCIAS<br />

Luciana Pacheco<br />

Brasil Recupera Registro<br />

da Marca Açaí<br />

O açaí, que desde 2003 estava registrado<br />

no Japão como marca de<br />

propriedade da empresa K.K. Eyela<br />

Corporation, é de novo brasileiro.<br />

O Departamento de Patrimônio<br />

Genético, do Ministério do Meio<br />

Ambiente, informou, em fevereiro,<br />

que o registro da marca “açaí” foi<br />

cancelado por ordem do Japan<br />

Patent Office, o escritório de registro<br />

de marcas do Japão. Porém, a<br />

empresa ainda tem 30 dias para<br />

recorrer da decisão.<br />

Para coibir o registro indevido de<br />

componentes da biodiversidade nacional,<br />

o governo formulou lista com<br />

3 mil nomes científicos de plantas brasileiras<br />

e distribuiu para escritórios de<br />

registro de marcas no mundo inteiro.<br />

Produtos típicos, como cupuaçu,<br />

rapadura e até escapulário já foram<br />

registrados indevidamente como<br />

marcas fora do País.<br />

Embrapa Lança Processo<br />

Agroindustrial de Passas<br />

de Mamão<br />

A Embrapa Mandioca e Fruticultura<br />

Tropical (Cruz das Almas/BA)<br />

lançou em dezembro o processo<br />

agroindustrial “passas de mamão”,<br />

sem o uso de conservantes, que demanda<br />

baixo investimento em equipamentos<br />

- basta um secador para<br />

que a temperatura durante o processo<br />

de secagem seja controlada.<br />

O aspecto do produto é um grande<br />

diferencial, pois possui textura<br />

e cor brilhantes, diferente dos produtos<br />

disponíveis no mercado, que<br />

são geralmente escuros, cristalizados<br />

na superfície e com textura rígida.<br />

Esta tecnologia, segundo a<br />

Embrapa, terá impactos significati-<br />

vos no aproveitamento do mamão,<br />

além de gerar receitas para a<br />

agroindústria de pequena escala,<br />

pois requer baixo investimento.<br />

Mais informações: Embrapa Mandioca<br />

e Fruticultura Tropical,<br />

telefone (75) 3621-8076, fax (75)<br />

3621-8015, e-mail: leacunha@<br />

cnpmf.embrapa.br.<br />

Usos Sustentáveis da<br />

Casca de Coco<br />

Segundo dados da Embrapa<br />

Agroindústria Tropical, cerca de<br />

70% do lixo gerado na orla das<br />

grandes cidades brasileiras é composto<br />

por cascas de coco verde,<br />

material de difícil degradação e foco<br />

de proliferação de doenças, que<br />

diminui a vida útil de aterros sanitários<br />

e lixões. Em Fortaleza/CE,<br />

nos meses de alta estação, só a<br />

Avenida Beira-Mar e a Praia do Futuro<br />

recebem 40 toneladas por dia<br />

do resíduo.<br />

Para reduzir este efeito e aproveitar<br />

a matéria-prima, a Embrapa<br />

Agroindústria Tropical desenvolveu<br />

uma tecnologia e um conjunto de<br />

equipamentos para processamento<br />

da casca de coco verde, transformando<br />

o resíduo em pó e fibra. O<br />

trabalho viabilizou a implantação de<br />

uma unidade de beneficiamento no<br />

bairro do Jangurussu, em Fortaleza,<br />

com recursos do Banco Mundial,<br />

em parceria com diversas instituições<br />

públicas e privadas. O projeto<br />

pretende instalar cercas verticais<br />

de contenção, feitas a partir das<br />

mantas de coco verde. As mantas<br />

ajudarão a barrar a ação do vento,<br />

evitando que as partículas de areia<br />

invadam as residências dos moradores<br />

da Praia do Serviluz. Elas<br />

também serão usadas como cobertura<br />

de solo para a plantação de<br />

espécies adaptadas ao ambiente,<br />

como cactáceas (palma forrageira),<br />

arbustivas (murici, guajiru e nim), frutíferas<br />

(cajueiro e goiabeira) e herbáceas<br />

(salsa e amendoim), além de<br />

canteiros com 14 espécies de plantas<br />

medicinais, como, por exemplo,<br />

alecrim-pimenta, malvarisco, confrei,<br />

chambá, capim-santo, hortelã<br />

japonesa e alfavaca.<br />

A casca do coco também está sendo<br />

transformada em vasos e placas<br />

por uma empresa de Fortaleza/CE.<br />

Confeccionados à base de<br />

fibra de coco, os produtos atendem<br />

ao critério de similaridade ao<br />

xaxim, espécie em extinção, devido<br />

à sua extração para paisagismo.<br />

A fibra de coco consegue reter umidade<br />

e deixa as plantas ultrapassarem<br />

as paredes dos vasos e das placas,<br />

permitindo, assim, que se desenvolvam<br />

conforme suas necessidades<br />

e funções.<br />

Embalagens de Madeira<br />

Ganham Novas Regras<br />

O Brasil passará a exigir dos seus<br />

parceiros comerciais mercadorias<br />

acondicionadas em embalagens de<br />

madeiras certificadas. A medida<br />

objetiva reduzir o risco de introdução<br />

de pragas exóticas no Brasil<br />

e manter o País livre das principais<br />

pragas quarentenárias florestais<br />

com ocorrência em países da<br />

Ásia, Europa e dos Estados Unidos.<br />

Nesse sentido, o Ministério<br />

da Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />

(Mapa) publicou Portaria,<br />

que coloca em consulta pública<br />

por um prazo de 60 dias o projeto<br />

da Instrução Normativa, que<br />

visa adotar diretrizes e recomendações<br />

para certificação fitossanitária<br />

das embalagens e dos suportes<br />

de madeira, usados no


acondicionamento e transporte de<br />

quaisquer mercadorias destinadas<br />

ao comércio internacional.<br />

A nova norma estabelecerá critérios<br />

de rastreabilidade, emissão de<br />

certificados, exportação, inspeção<br />

e fiscalização, e medidas fitossanitárias<br />

cabíveis para essas embalagens<br />

e os suportes de madeira.<br />

A madeira deverá, por exemplo,<br />

estar livre de insetos vivos e sem<br />

sinal de infestação de pragas. A<br />

responsabilidade de cumprimento<br />

das regras recairá sobre a empresa<br />

exportadora e importadora, que<br />

deve estar em concordância com as<br />

regras da Instrução Normativa.<br />

A certificação será necessária para<br />

embalagens e suportes de madeira<br />

em bruto - aqueles que não sofreram<br />

processamento, nem foram<br />

submetidos a tratamento -,<br />

que inclui caixas, engradados,<br />

paletes, madeira de estiva, lastros<br />

e calços. Estão isentos das exigências<br />

de certificação, as embalagens<br />

e os suportes de madeira industrializados,<br />

processados ou que,<br />

no processo de fabricação, tenham<br />

sido submetidos ao calor, colagem<br />

ou pressão, a exemplo de compensados<br />

e aglomerados de partículas,<br />

fibras orientadas ou folhas com espessura<br />

de 6 mm ou menos.<br />

Para mais informações, consulte a<br />

Portaria de nº 7, publicada na edição<br />

de 17/01/07 no Diário Oficial da<br />

União, disponível no site da Imprensa<br />

Nacional, no endereço eletrônico<br />

www.in.gov.br.<br />

Castanhas do Rio Grande<br />

do Norte Acessam o<br />

Mercado Externo<br />

Exportação para Europa e preços<br />

de venda melhores, com aumen-<br />

to da rentabilidade do negócio são<br />

os resultados das ações, promovidas<br />

pelo Sebrae, há três anos,<br />

para fortalecer e desenvolver a<br />

cultura empreendedora entre os<br />

produtores de castanha de caju,<br />

organizados em 11 municípios do<br />

Rio Grande do Norte. No ano<br />

passado, foi criado um projeto<br />

para promover a ocupação e o aumento<br />

das vendas das castanhas<br />

de forma competitiva e sustentável,<br />

fundamentadas na cultura de<br />

cooperação. Desde então, foram<br />

construídas e revitalizadas dezenas<br />

de indústrias que, juntas, são responsáveis<br />

por quase 20% da produção<br />

de castanhas de caju de<br />

todo o Brasil.<br />

Nos períodos de safra, entre os<br />

meses de outubro e janeiro, as indústrias<br />

chegam a empregar 280<br />

famílias, beneficiando 600 pessoas<br />

diretamente e 3 mil indiretamente.<br />

De acordo com o gestor<br />

do projeto no Estado, Lecy Carlos<br />

Gadelha Júnior, em 2006, as<br />

minifábricas produziram 90 toneladas<br />

de castanhas de caju, das<br />

quais 75 foram enviadas para Itália<br />

e Alemanha e 15 toneladas foram<br />

vendidas para o mercado interno.<br />

Além disso, os produtores aumentaram<br />

o preço do quilo das castanhas<br />

de R$ 0,70 para R$ 1,10,<br />

melhorando sua rentabilidade.<br />

Com a implantação das unidades<br />

familiares nas minifábricas e acompanhamento<br />

do Sebrae, os produtores<br />

se organizaram, investiram<br />

em embalagens novas e mais<br />

modernas, reduziram a sua<br />

dependência sobre os atravessadores<br />

na comercialização<br />

e aumentaram a oferta para os<br />

mercados interno e externo da<br />

castanha e dos subprodutos do<br />

caju, inclusive o orgânico.<br />

Fazenda de Goiaba<br />

Conquista Certificação<br />

Rainforest Alliance<br />

O Sítio São Nicolau, da empresa Val<br />

<strong>Frutas</strong>, produtora e processadora de<br />

goiaba de Vista Alegre do Alto/SP, foi<br />

a primeira fazenda de goiaba do<br />

mundo a receber autorização para<br />

utilizar o selo Rainforest Alliance<br />

Certified em seus produtos.<br />

Roberto Rossi, supervisor de<br />

Marketing da empresa, explica que<br />

“este é um selo reconhecido internacionalmente<br />

e, no intuito da<br />

melhoria contínua de suas práticas<br />

agrícolas, a Val <strong>Frutas</strong> encontrou<br />

nesta certificação os requisitos<br />

ideais para a promoção da<br />

agricultura sustentável”. A<br />

certificação garante que a empresa<br />

respeita o meio ambiente, os<br />

trabalhadores e a região onde está<br />

inserida. Para conquistar a<br />

certificação, a propriedade se<br />

comprometeu com as regras da<br />

Rede de Agricultura Sustentável,<br />

rede internacional de organizações<br />

sem fins lucrativos, que estabelece,<br />

entre outras normas, a conservação<br />

dos rios, dos solos e do<br />

meio ambiente. Além disso, as propriedades<br />

devem garantir que os trabalhadores<br />

e suas famílias sejam respeitados,<br />

recebendo um salário digno<br />

e tendo acesso à saúde e à educação.<br />

Para o Imaflora, organização<br />

sem fins lucrativos,responsável pelo<br />

processo de certificação Rainforest<br />

Alliance no Brasil, a conquista da Val<br />

<strong>Frutas</strong> representa o primeiro passo<br />

para a ampliação do segmmento de<br />

certificação para frutas. Além da<br />

goiaba, outros cultivos possuem o<br />

selo Rainforest Alliance, como<br />

café, banana, laranja e flores, em<br />

diversos países da América Latina<br />

e mais recentemente na África.<br />

11


12<br />

NO POMAR<br />

Marlene Simarelli<br />

BANANA RESISTENTE<br />

A SIGATOKA NEGRA<br />

Quando o fungo Mycosphaerella fijiensis Morelet, causador da Sigatoka negra, atinge<br />

os bananais, com variedades suscetíveis em condições de clima quente e úmido, as<br />

perdas chegam a 100% da produção. Para ajudar na solução do problema, a Embrapa<br />

Mandioca e Fruticultura Tropical lançou as novas cultivares de bananeira Japira e Pacovan<br />

Ken, resistentes à doença. O pesquisador Sebastião de Oliveira e Silva, responsável<br />

pelo melhoramento de bananeira, afirma que “o uso das duas variedades evita a<br />

aplicação de fungicidas no controle das sigatokas amarela e negra, prática de elevado<br />

custo e com implicações ambientais”.<br />

A cultivar Japira produz 25 toneladas por hectare; apresenta a maioria das características<br />

de desenvolvimento e de rendimento superior à Prata e bastante semelhante a<br />

Pacovan. Mas é superior na reação às doenças, sendo resistente a Sigatoka amarela, a<br />

Sigatoka negra e ao mal-do-Panamá. Foi lançada no Espírito Santo e avaliada em diferentes<br />

ecossistemas na Bahia, no Amazonas e no Acre.<br />

A Pacovan Ken tem porte de médio a alto, ciclo médio e se destaca das demais por<br />

apresentar produção de 30 toneladas por hectare. Os cachos, de frutos mais doces,<br />

podem chegar a 28 quilos, com sete a dez pencas por unidade. Apresenta também<br />

resistência a Sigatoka amarela e ao mal-do-Panamá. Lançada na Bahia, a Pacovan Ken<br />

foi testada e recomendada para outros estados da região Norte.<br />

Informações sobre as mudas das novas variedades podem ser obtidas na Campo<br />

Biotecnologia, telefone (75) 3621-2584, email: fernando@campo.com.br.<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

CUIDADOS COM O MAMOEIRO<br />

A partir de março, quando diminuem as chuvas e a temperatura cai, a cultura do mamoeiro, de produção contínua, exige que os<br />

produtores fiquem atentos, principalmente para os problemas fitossanitários, como o ácaro-rajado e as doenças viróticas meleira e<br />

mosaico do mamoeiro. Isto porque sua ocorrência fica favorecida com a entrada do período da seca.<br />

O pesquisador David Martins, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper –, explica que “os<br />

ácaros-rajados (Tetranychus urticae) surgem com o início da seca. São pequenos indivíduos, pouco perceptíveis a olho nu, encontrados<br />

associados às folhas mais velhas do mamoeiro, geralmente na parte inferior do limbo, formando colônias entre as nervuras mais<br />

próximas do pecíolo, onde tecem teias e depositam seus ovos. Quando as folhas são intensamente atacadas, secam e caem, prematuramente,<br />

provocando redução da área foliar. A queda das folhas afeta o desenvolvimento e a produtividade da planta e deprecia a<br />

qualidade dos frutos pela sua exposição à ação direta<br />

dos raios solares”. O ataque do ácaro-rajado aos pés de<br />

mamoeiro normalmente surge em reboleiras. “E é nas<br />

FOTOS INCAPER/ES<br />

O clima mais ameno e seco<br />

favorece o aparecimento de pragas<br />

e doenças como ácaro rajado<br />

(acima) e meleira (ao lado).<br />

Japira (acima) e Pacovan Ken são<br />

resistentes a sigatoka negra.<br />

reboleiras que a praga deve ser combatida antes que se<br />

disseminem pela lavoura”, enfatiza Martins.<br />

As duas doenças viróticas meleira e mosaico do mamoeiro<br />

aparecem com o final do verão, em condições de<br />

temperaturas mais amenas. Essas condições climáticas<br />

favorecem o aparecimento dos sintomas com maior rapidez,<br />

ou seja, ficam mais evidentes. Como para essas<br />

doenças não há controle, o pesquisador recomenda que<br />

as plantas atacadas sejam erradicadas, tão logo apareçam<br />

os primeiros sintomas, para evitar que se disseminem<br />

pela lavoura.<br />

EMBRAPA CNPMF


MUDAS DE MORANGO<br />

EM CÂMARA FRIA<br />

As mudas de morango da cultivar Camarosa, uma das mais plantadas no País e a mais<br />

importante no Rio Grande do Sul, produzem mais quando vernalizadas em câmara fria. A<br />

vernalização, técnica que consiste em colocar as mudas em câmara fria durante uma fase de<br />

seu crescimento, fez com que a produtividade fosse de 1,07 kg por planta por ano, o<br />

equivalente a 117% superior em relação a muda sem vernalização. As mudas oriundas do<br />

Chile, também usadas para comparação, tiveram produção semelhante a muda nacional<br />

vernalizada. “Os resultados da pesquisa tornam competitivas as mudas produzidas no Brasil,<br />

sendo possível reduzir a importação e oferecer uma alternativa de renda aos produtores<br />

nacionais”, afirma Roberto Pedroso de Oliveira, da Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS,<br />

coordenador do estudo. Para se ter uma idéia do mercado, mais de 80% das mudas de<br />

morango utilizadas no Rio Grande do Sul, provêm do Chile e da Argentina. O pesquisador<br />

explica que “a vernalização das mudas foi feita por 24 dias em câmara fria, sob condições de<br />

temperatura de 4±1oC e umidade relativa de 94±2%”.<br />

A produção e a qualidade dos frutos do morangueiro estão diretamente relacionadas ao<br />

número de horas de frio que as mudas recebem no viveiro. Em sua maioria, as mudas<br />

produzidas no País não atingem o padrão de certificação, apresentando produtividade inferior<br />

às importadas dos Estados Unidos, do Chile e da Argentina. O experimento foi realizado<br />

no sítio Simon, município de Pelotas/RS, utilizando sistema de produção sob túneis com Produtor de mudas Pedro Signorini tes-<br />

mudas de morango da cultivar Camarosa, produzidas em viveiro da região de Pelotas. Para tou e aprovou a tecnologia desenvolvida.<br />

a vernalização, as folhas foram removidas, mantendo-se as raízes intactas, sendo realizado<br />

um tratamento preventivo com fungicida tiofanato metil. Em seguida, as mudas foram dispostas em câmara fria no interior de sacos<br />

plásticos transparentes de 0,<strong>05</strong> mm de espessura, contendo 20 plantas cada. O transplantio das mudas foi realizado de acordo com<br />

as técnicas de produção em uso no País. Mais informações sobre a pesquisa com Roberto Pedroso de Oliveira, email:<br />

rpedroso@cpact.embrapa.br, telefone (53) 3275-8100.<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO/INCAPER<br />

ABACAXI VITÓRIA<br />

PARA ENFRENTAR FUSARIOSE<br />

Resistência a fusariose é a principal característica do abacaxi Vitória, nova cultivar lançada<br />

pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper -,<br />

em parceria com a Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. A doença, causada<br />

pelo fungo Fusarium subglutinans f.sp. ananás, é o problema fitossanitário que mais<br />

ataca a cultura. A nova cultivar, com folhas sem espinhos, é destinada ao consumo in<br />

natura e à agroindústria. Seus frutos têm polpa branca, boa suculência, eixo central de<br />

tamanho reduzido e elevado teor de açúcares (média de 15,8 °Brix). Outras características<br />

favoráveis para produção são a cor amarela da casca, o formato cilíndrico e o<br />

peso dos frutos, em torno de 1,5 kg. De acordo com as instituições, o abacaxi Vitória<br />

é 30% mais produtivo, dispensa o uso de fungicidas para controle da doença, possibilitando<br />

a redução do impacto ambiental e dos custos de produção. Apresenta, tam-<br />

Vitória chega ao mercado depois de<br />

bém, maior resistência ao transporte e ao pós-colheita. As recomendações técnicas<br />

uma década de pesquisa.<br />

de cultivo são as mesmas usadas para as cultivares Pérola e Smooth Cayenne.<br />

O Programa de Melhoramento Genético do Abacaxizeiro da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical começou em 1984. Os<br />

híbridos gerados passaram por avaliações e seleção em diferentes regiões produtoras. Deles, três híbridos foram introduzidos nas<br />

fazendas experimentais do Incaper, onde, nos últimos 10 anos, realizou-se a seleção, que originou o Vitória. Para outras informações<br />

e locais de aquisição de mudas, contatar Aureliano Nogueira da Costa, na coordenação do Programa Estadual de Fruticultura do<br />

Incaper, telefone (27)3137-9887, email: aureliano@incaper.es.gov.br.<br />

EMBRAPA CPACT<br />

13


14<br />

FRUTAS FRESCAS<br />

NICEBERRY<br />

FRUTAS FINAS<br />

Empresas apostam na<br />

produção e comercialização de<br />

frutas finas e delicadas como<br />

mirtilo e physalis, exigentes em<br />

cultivo, colheita e transporte,<br />

cujo alto valor agregado é o<br />

principal diferencial.<br />

Beth Pereira<br />

Embora representem um grande potencial econômico,<br />

frutas finas como mirtilo, framboesa, cereja,<br />

amora, pitaya e physalis, têm consumo restrito<br />

por causa do alto valor agregado, em decorrência<br />

da produção limitada, do manejo da difícil colheita,<br />

da exigência em mão-de-obra, dos cuidados no<br />

transporte e armazenagem e por serem altamente<br />

perecíveis. Os preços elevados fazem com que seu<br />

consumo fique praticamente restrito às pessoas com<br />

maior poder aquisitivo. Júlio Cesar Zanardi, gerente<br />

de importação da Irmãos Benassi, concorda que<br />

a demanda por frutas finas no País ainda é bastante<br />

limitada às pessoas da classe A. “Apenas no pico da


FOTOS NICEBERRY<br />

safra, quando os preços caem, elas ficam mais acessíveis<br />

também às classes B, C e D”, observa. Ele<br />

lembra que a amora é a que apresenta maior produção<br />

e preço mais reduzido, principalmente no<br />

pico da safra. Segundo Zanardi, as frutas finas são<br />

muito sensíveis, apresentando bastante dificuldade<br />

de manuseio. Isso faz que o preço do mirtilo, por<br />

exemplo, seja muito alto, tornando praticamente<br />

impossível consumi-lo fresco. No geral, essa fruta<br />

é comercializada congelada, sob a forma de polpa<br />

ou utilizada no preparo de doces e geléias.<br />

Outra fruta difícil de ser comercializada fresca,<br />

na opinião de Zanardi, é a framboesa. “É muito sensível<br />

para ser comercializada fresca, exige cuidados<br />

na colheita e na pós-colheita, além de uma estrutura<br />

muito boa de armazenagem e refrigeração”, explica.<br />

Já a pitaya, embora seja uma fruta nova no<br />

mercado, tem tido o consumo aumentado aos poucos,<br />

mas os preços ainda estão elevados. “Se aumentar<br />

a produção, a tendência é o preço cair e o<br />

consumo ampliar”, analisa. Enquanto isso, para a<br />

physalis, a demanda é reprimida, por ser uma fruta<br />

pouco divulgada e pouco conhecida. “A venda é<br />

quase irrisória. O consumo tem aumentado, porém<br />

de forma insignificante.”<br />

EXCLUSIVO<br />

A empresa Irmãos Benassi é distribuidora de frutas<br />

finas para o Brasil da italiana Italbras, com sede<br />

em Vacaria/RS. São Paulo responde pelo maior consumo<br />

dessas frutas, por uma questão de logística.<br />

Na safra, a empresa recebe remessas de frutas diariamente.<br />

Agora, porém, com a colheita chegando<br />

ao fim, o recebimento ocorre apenas duas vezes<br />

por semana. Para Zanardi, a forma de tornar<br />

essas frutas acessíveis ao consumidor brasileiro é<br />

reduzir o valor agregado, o que ele considera difícil,<br />

por causa do alto custo de produção e da alta<br />

exigência em mão-de-obra. “Daí a preferência por<br />

congelar a fruta”, observa. “Um quilo de framboe-<br />

sa vale mais do que o quilo de filé mignon”, compara,<br />

lembrando que, atualmente, na Ceasa, o quilo<br />

chega a R$ 35,00, o mesmo vale para a physalis.<br />

Enquanto isso, o preço do quilo da amora é R$<br />

30,00, atualmente, e, na safra, R$ 10,00; e da<br />

pitaya, R$ 10,00.<br />

Há algumas frutas, porém, as quais o Brasil importa<br />

praticamente toda a necessidade de consumo.<br />

É o caso da cereja e da pêra, porque o clima<br />

não favorece o cultivo. Zanardi afirma que há testes<br />

em andamento, mas ainda não foram encontradas<br />

variedades que se adaptem ao nosso clima, até<br />

porque muitas delas precisam de muito frio. O Brasil<br />

produz uma ou outra variedade de pêra, mas, para<br />

atender à demanda, importa a fruta dos Estados<br />

Unidos, Chile, Espanha, Argentina, Itália e Portugal.<br />

“É uma fruta produzida e importada em escala,<br />

portanto, de preço barato”, diz Zanardi.<br />

INCENTIVO<br />

Há três anos, a Nice Berry, empresa do Grupo<br />

Hathor, está incentivando o cultivo de frutas finas<br />

no Brasil. Possui pomares de physalis, blue berry<br />

(mirtilo), framboesa e amora nos municípios<br />

catarinenses de Itá e Bom Retiro, e nas cidades argentinas<br />

de Santa Isabel e Concórdia. Segundo Débora<br />

Schäfer, responsável pela área de Marketing<br />

de empresa, os 22 hectares cultivados no País com<br />

frutas finas produzem 60 toneladas, sendo a maior<br />

produção de amora e framboesa, cuja colheita se<br />

concentra de outubro a janeiro, com exceção do<br />

physalis, que produz o ano todo, cerca de 17 toneladas.<br />

Na Argentina, onde a produção é maior,<br />

90% da colheita é exportada para os Estados<br />

Unidos e a Europa. Débora diz que o maior mercado<br />

de frutas finas é São Paulo, mas a idéia é trabalhar<br />

o Brasil como um todo. “O consumidor brasileiro<br />

aprecia frutas e acreditamos que a divulgação<br />

das propriedades e do sabor das frutas finas vai<br />

aumentar a demanda e, ao mesmo tempo, baixar<br />

Physalis e mirtilo têm<br />

alto valor agregado e<br />

são acessíveis apenas<br />

aos consumidores de<br />

maior poder aquisitivo.<br />

15


16<br />

FRUTAS FRESCAS<br />

os preços, tornando-as mais acessíveis”, observa.<br />

“Já existe uma demanda, embora pequena. Temos<br />

realizado ações promocionais, que incluem<br />

degustação nos pontos-de-vendas, anúncios em<br />

revista e folders.”<br />

As frutas finas exigem cuidados na<br />

colheita, e estrutura de armazenagem<br />

e refrigeração.<br />

Débora aponta uma demanda mundial crescente<br />

por mirtilo. Ela conta que a Argentina deve produzir<br />

140 toneladas este ano. Outra fruta com<br />

bom potencial de mercado é a framboesa, muito<br />

procurada pelo sabor e pela cor. “Grandes empresas<br />

a têm utilizado para enriquecer outros alimentos,<br />

principalmente sobremesas e lácteos”, afirma<br />

e acrescenta que a demanda por amora também<br />

vai aumentar bastante. “A oferta está crescendo e o<br />

preço está ficando mais acessível para as empresas<br />

industrializarem os produtos.”<br />

A venda da produção da Nice Berry no Brasil é<br />

feita por meio de distribuidores nas Ceasas e no<br />

Ceagesp, em São Paulo, principalmente. A empresa<br />

vende as frutas in natura, em embalagens de 125<br />

gramas, e também congeladas (IQF), visando à produção<br />

de geléias, iogurtes, tortas e sucos. Conhecido<br />

como fonte da juventude, pelo seu poder<br />

antioxidante, além de propriedades nutricionais, o<br />

blue berry (mirtilo) é comercializado em embalagens<br />

de 125 gramas, por cerca de R$ 8,00. “O<br />

ROBERTO PEDROSO DE OLIVEIRA/EMBRAPA CLIMA TEMPERADO<br />

mirtilo exige muita mão-de-obra porque os frutos<br />

têm de ser colhidos com bastante cuidado, para<br />

não se romperem, vão direto na embalagem com<br />

gelo no fundo.” Segundo Débora, no ano passado,<br />

foram colhidas seis toneladas da fruta. “A idéia é<br />

dobrar a produção de mirtilo este ano”, planeja e<br />

acrescenta que os pomares são novos e a planta<br />

entra no seu pico de produção a partir do quinto<br />

ano, produzindo até 15 anos.<br />

A embalagem de amora é comercializada<br />

por R$ 4,00. “Além de maior produtividade, comparada<br />

a outras frutas finas, é mais fácil de conduzir.”<br />

A framboesa é vendida por R$ 7,00 a embalagem<br />

de 125 gramas, o mesmo preço da sofisticada<br />

physalis, de sabor único e incomparável, que une o<br />

ácido e o adocicado, e é apreciada pelos grandes<br />

chefs da cozinha internacional. “Tem sido muito utilizada<br />

na decoração de pratos e na elaboração de<br />

bombons”, diz Débora. Também, é consumida na<br />

forma de doces, sucos, sorvetes, geléias ou como<br />

acompanhamento de vinhos. Originária da Amazônia<br />

e dos Andes, possui alto teor de vitaminas A,<br />

C, fósforo e ferro, licopeno e betacaroteno, que<br />

tem efeito antioxidante. De olho no mercado internacional,<br />

a produção já está em fase de<br />

certificação. “A idéia é ter o EurepGap para exportar<br />

para o mercado europeu”, diz Débora. Por enquanto,<br />

o foco da empresa é consolidar o mercado<br />

interno. “Apenas quando a oferta for maior do que<br />

a demanda, passaremos a exportar.” Embora não<br />

seja orgânica, a produção não utiliza agrotóxicos.<br />

“Como as frutas são colhidas direto na embalagem,<br />

que vai para o processo de refrigeração, o consumidor<br />

tem à sua disposição uma fruta de excelente<br />

qualidade”, diz.<br />

POTENCIAL<br />

O Programa Estadual de Fruticultura do Rio<br />

Grande do Sul tem estimulado o cultivo de frutas<br />

finas. Na região, as mais importantes são morango,<br />

amora e framboesa, mas já começam a despontar<br />

espécies como physalis e mirtilo. Mercado existe,<br />

há o interesse de compradores estrangeiros, mas<br />

ainda não há uma estrutura de logística no aeroporto,<br />

segundo o coordenador do programa, Paulo<br />

Lipp João. “Falta estrutura de câmara fria para o<br />

embarque dessas frutas congeladas via aérea. O aeroporto<br />

não está preparado para essa finalidade”,<br />

afirma João. Ele acrescenta que, por essa razão, o<br />

fruticultor tem de preparar a carga e levar na hora<br />

País já dominou tecnologia para produção<br />

e comercialização do delicado morango.


para o aeroporto. “Além disso, muitas vezes, é preciso<br />

disputar lugar com outros produtos. Quando<br />

tem lugar no avião, a fruta é embarcada, caso contrário,<br />

volta para a propriedade. Por essa razão, a<br />

produção tem sido direcionada principalmente ao<br />

mercado de São Paulo, em especial para os sacolões<br />

de frutas finas.”<br />

Entre as frutas finas, a mais popular, segundo<br />

João, é o morango, com produção anual de 12 mil<br />

toneladas, direcionada basicamente para o mercado<br />

interno e muito pouco para exportação à Europa.<br />

Ele conta que “há cerca de cinco anos, produtores<br />

da Serra Gaúcha começaram a exportar a<br />

fruta, mas as vendas não avançaram mais por causa<br />

da baixa taxa cambial”. Segundo ele, são 450 hectares<br />

cultivados com morango, cuja produtividade<br />

tem aumentado, graças ao uso da fertirrigação. Além<br />

disso, ele conta que há variedades americanas e<br />

espanholas que podem ser plantadas e colhidas o<br />

ano inteiro. De amora, são 120 hectares e produção<br />

anual de 1.000 toneladas e, de framboesa, cerca<br />

de 10 hectares e produção de 50 toneladas. O cultivo<br />

da framboesa vem crescendo na região de Va-<br />

caria, visando à exportação – principalmente para<br />

a Itália, por meio de empresas italianas sediadas na<br />

região, como a Italbras – e também para o mercado<br />

interno, principalmente São Paulo.<br />

De acordo com João, a argentina Nice Berry<br />

tem fomentado o physalis, de forma ainda incipiente;<br />

além de mirtilo, na Serra Gaúcha, em Vacaria e<br />

Caxias do Sul, e no Alto Uruguai, em Erechim, onde<br />

está surgindo um novo pólo de cultivo de mirtilo.<br />

”Graças ao incentivo da Nice Berry, são 22 hectares<br />

de frutas finas e produção de 60 toneladas. Ele<br />

também lembra que “na região de Farroupilha está<br />

começando o cultivo de pitaia.”<br />

17


18<br />

PASSAPORTE<br />

PARA EXPORTAR<br />

Sistema garante a qualidade e a procedência da fruta, facilitando a<br />

entrada e a abertura de novos mercados para o produto brasileiro<br />

no Exterior, mas não é garantia de preços melhores.<br />

Beth Pereira


Segurança alimentar é uma das maiores preocupações<br />

mundiais, tanto que países e blocos comerciais<br />

têm criado legislações especiais para proteger<br />

o consumidor, que, a cada dia, aumenta o nível<br />

de exigências em relação a rastreabilidade dos<br />

alimentos. Com as frutas não é diferente. Na Europa,<br />

a maioria das grandes redes de varejo exige o<br />

EurepGap (Euro Retailer Produce Working Group),<br />

criado por grandes grupos varejistas desse continente.<br />

Mas há outros protocolos de certificação voltados<br />

para a fruticultura, como o GAP (Good<br />

Agricultural Practices), para o mercado americano;<br />

o TNC (Tesco Nature’s Choice) para os países onde<br />

a rede atua, mas principalmente para a Inglaterra; e<br />

o HACCP (Hazard Analysis and Critical Control<br />

Points), sendo este último recomendado pela Organização<br />

Mundial de Saúde (OMS), além do programa<br />

brasileiro Produção Integrada de <strong>Frutas</strong> (PIF).<br />

“Enquanto no sudeste asiático o alvará para a entrada<br />

de frutas é a declaração de boas práticas agrícolas,<br />

nos Estados Unidos, além da legislação sobre<br />

contaminações microbiológicas (Lei Clinton), os exportadores<br />

têm de cumprir as determinações da Lei<br />

Antiterror do presidente Bush”, destaca o presidente<br />

do Conselho do Instituto Brasileiro de <strong>Frutas</strong> (<strong>Ibraf</strong>)<br />

e da Comissão Nacional de Fruticultura da Confederação<br />

da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA),<br />

Luiz Borges Junior. De acordo com Borges, o cerco<br />

está se fechando e a União Européia (UE) está se<br />

estruturando para implementar as normas de produção<br />

integrada de frutas em todos os países do<br />

bloco. Ele lembra que a Itália, Espanha, Alemanha,<br />

França e Bélgica já se adequaram ao programa, porém,<br />

os novos integrantes dos blocos da União Européia<br />

(UE) ainda estão se preparando para essa<br />

finalidade. “Quando esses novos países estiveram<br />

adequados, eles vão exigir que todos os exportadores<br />

estejam dentro das premissas do PIF”, diz.<br />

Neste mês de março, uma missão da UE virá<br />

ao Brasil para vistoriar a produção de melão, manga<br />

e outras frutas da pauta de exportação. “Certamente<br />

vão exigir a análise de resíduos, como já ocorre<br />

com a maçã e o mamão”, acredita Borges Junior.<br />

Ele conta que o País está se estruturando com laboratórios<br />

para atender a essa nova demanda. Além<br />

disso, laboratórios internacionais estão se instalando<br />

no território nacional para essa finalidade. Segundo<br />

Borges Junior, vale a pena adotar a<br />

certificação, até porque no futuro todos os mercados<br />

vão exigir rastreabilidade. “A pressão será maior<br />

e as exigências, também”, salienta. Ele acrescenta<br />

que “a segurança do alimento é o princípio básico<br />

para acesso aos mercados internacionais, inclusive<br />

para o mercado interno”.<br />

CONSUMO CONSCIENTE<br />

Gustavo Sanches Bacchi, da certificadora BCS<br />

Öko-Garantie - Brasil, considera que há vários tipos<br />

de exigências dos mercados importadores, entre<br />

elas as relacionadas às preferências do consumidor,<br />

como tamanho, cor, sabor; e as que se referem<br />

ao atendimento das mais diversas legislações<br />

vigentes no Brasil e nos países para os quais são<br />

exportadas as frutas brasileiras. “Além disso, há normas<br />

decorrentes do ‘consumo consciente’, que exige<br />

garantias sobre o cumprimento de padrões sociais<br />

e ambientais mínimos por parte dos fruticultores<br />

e distribuidores”, destaca. Bacchi lembra que um<br />

exemplo bastante importante de exigência do consumo<br />

consciente, que ganha cada vez mais relevância<br />

em muitos países, é a certificação orgânica. “O<br />

consumo dos produtos orgânicos ampliou-se nas<br />

últimas décadas na mesma proporção em que aumentou<br />

a consciência do consumidor sobre os benefícios<br />

da produção e do consumo das frutas orgânicas”,<br />

observa. Embora reconheça a necessidade<br />

e as vantagens da certificação, Bacchi afirma que há<br />

alguns mitos em torno do assunto. Um deles é a<br />

crença de que a certificação de uma propriedade,<br />

uma vez obtida, resolve todos os problemas de<br />

comercialização do produto em questão, o que não<br />

é verdade. “Muita gente também acredita que o<br />

esforço necessário para conseguir o certificado termina<br />

quando o mesmo é emitido pela certificadora.<br />

Isso, porém, não é real, até porque a maioria dos programas<br />

de certificação<br />

demanda uma melhoria<br />

contínua do<br />

produtor”,<br />

CERTIFICAÇÃO<br />

19 19


AGROECOLOGIA<br />

20<br />

CERTIFICAÇÃO<br />

Daniel Velloso, Agroecologia.<br />

ressalta. “Na prática, isso significa que o produtor<br />

precisa se organizar para conquistar a certificação e<br />

para mantê-la (ou seja aprimorá-la) nos anos seguintes.<br />

Além disso, também precisa atender às<br />

demais exigências dos mercados em questão.”<br />

Para Bacchi, outro aspecto interessante da<br />

certificação de propriedades agrícolas é o fato de<br />

que os produtores foram apresentados a esse tipo<br />

de serviço muito recentemente e, por esse motivo,<br />

ainda não há uma cultura de certificação bem consolidada<br />

no meio rural. “Conceitos fundamentais<br />

para uma certificação de alto nível, como por exemplo,<br />

conflito de interesses, independência, imparcialidade,<br />

transparência são, em muitos casos, completamente<br />

desconhecidos por parte dos produtores”,<br />

enfatiza. Ele acrescenta que pouco se sabe,<br />

também, sobre o rigor dos processos de acreditação<br />

aos quais são submetidas as certificadoras. “Nos<br />

processos de acreditação, as certificadoras são fiscalizadas<br />

constantemente, demandando, de forma<br />

permanente, a capacitação técnica dos seus funcionários,<br />

organização e muitas outras exigências que<br />

são pouco conhecidas pelos produtores rurais e<br />

pelos consumidores das suas frutas certificadas.”<br />

Soma-se a isso o fato de que cada país possui uma<br />

legislação própria, com variações conforme as diferentes<br />

espécies de frutas. “A própria União Européia,<br />

que tem realizado um grande esforço para<br />

harmonizar a legislação entre os países-membros,<br />

ainda possui diferenças na legislação de produtos<br />

fitossanitários referentes a produtos agroquímicos<br />

banidos e/ou limites máximos de resíduos”, analisa.<br />

Embora acredite que vale a pena investir na<br />

certificação, Bacchi destaca a importância de um<br />

bom plano de negócio, no qual todas as variáveis são<br />

estimadas e projetadas. “Os projetos de fruticultura certificados<br />

com a maior longevidade que conheço estão<br />

bem apoiados num bom planejamento”, salienta.<br />

Ele lembra que alguns aspectos relacionados<br />

à certificação tornam-se cada vez mais<br />

evidentes. “O enriquecimento da experiência<br />

dos produtores em conhecimento, organização,<br />

capacitação e outros quesitos exigidos<br />

pelos diferentes programas de certificação<br />

são bastante significativos”, afirma. “Talvez a<br />

avaliação econômica de curto prazo da relação<br />

entre os investimentos e os benefícios<br />

de um processo de certificação não<br />

consigam captar os ganhos em termos<br />

de produtividade, de eficiência administrativa,<br />

de redução de passivos<br />

ambientais, de saúde do consumidor<br />

e de tantos outros aspectos requeri-<br />

dos pelos diferentes programas de certificação e que<br />

se mantêm no longo prazo.”<br />

SEGURIDADE E<br />

BOAS PRÁTICAS<br />

O presidente do Instituto Agroecologia, Daniel<br />

Velloso, afirma que as principais premissas dos importadores<br />

de frutas são a comprovação da<br />

seguridade alimentar e a adoção das boas práticas<br />

agrícolas. Além de protocolos internacionais como<br />

EurepGap, US GAP e Tesco Natures Choice, ele<br />

afirma que outros países exportadores estão definindo<br />

legislações próprias. Caso do Chile, que criou<br />

o Chilegap, com benchmarking - técnica que consiste<br />

em acompanhar processos de organizações que<br />

sejam reconhecidas como representantes das melhores<br />

práticas administrativas. “Outros países exportadores<br />

estão buscando o benchmarking, ou seja,<br />

a equivalência e o reconhecimento com o<br />

EurepGap, a exemplo do México, China GAP, Kenia,<br />

Japão (J-GAP) e outros”, explica.<br />

Como representante do oficial da EurepGap no<br />

Brasil, Velloso destaca como as principais exigências<br />

desse selo requisitos da rastreabilidade, de<br />

sustentabilidade ambiental, seguridade alimentar e<br />

viabilidade econômica, mediante a aplicação das<br />

boas práticas agrícolas. Nessas práticas, está proibida<br />

a utilização de tecnologias agressivas ao ambiente<br />

e à saúde humana, segurança e bem-estar dos<br />

trabalhadores. “Isso implica em uso racional e exclusivo<br />

de produtos oficialmente registrados para<br />

Principais Pontos para<br />

Obter Certificação<br />

Fazer controle de agroquímicos;<br />

Cuidar da higiene na colheita e pós-colheita;<br />

Oferecer condições de trabalho adequadas<br />

à legislação trabalhista;<br />

Proteger o Meio Ambiente;<br />

Uma vez conquistada a certificação é<br />

necessário fazer uma melhoria contínua<br />

da propriedade para mantê-la;<br />

O tempo e o preço da certificação variam<br />

de acordo com o estágio em que se encontra<br />

a propriedade e tempo que o produtor leva<br />

para corrigir os pontos não conformes.


Compradores preocupam-se com questões<br />

ambientais e bem estar dos trabalhadores -<br />

Katia Leal Nogueira, SGS do Brasil.<br />

cada cultivo, respeitando-se os intervalos de segurança;<br />

conservação do solo, aplicação de fertilizantes, recursos<br />

hídricos, recursos naturais de maneira geral,<br />

análise de resíduos, colheita, pós-colheita”, detalha.<br />

PREOCUPAÇÃO<br />

DOS COMPRADORES<br />

Katia Leal Nogueira, gerente comercial da SGS<br />

do Brasil, também ressalta que há, atualmente, por<br />

parte dos compradores, uma preocupação muito<br />

grande com as questões relacionadas a resíduos<br />

químicos, ambiente e bem-estar dos trabalhadores.<br />

“O reflexo dessas preocupações está nas principais<br />

normas de certificação que, na maioria das vezes,<br />

são elaboradas pelas próprias redes varejistas ou entidades<br />

criadas por eles, caso do EurepGap e Tesco<br />

Natures Choice”, cita. “As exigências estabelecidas<br />

nessas normas visam a garantir a produção de fruta<br />

sustentável, de qualidade, livre de resíduos, respeitando<br />

o ambiente e os trabalhadores.”<br />

Ela chama a atenção para as questões relacionadas<br />

ao cumprimento do limite máximo de resíduo<br />

(LMR) permitido e a não-utilização de produtos proi-<br />

bidos, o que, na<br />

sua opinião, é de<br />

suma importância<br />

e pode comprometer<br />

a aceitação<br />

da fruta.<br />

Além disso, lembra<br />

que alguns<br />

países estabelecem<br />

regras de<br />

produção e<br />

empacotamento<br />

para o controle<br />

da mosca-dafruta.<br />

“Dentro desse contexto, percebe-se que a<br />

certificação pode ser um fator determinante para<br />

alguns compradores e mercados, aliada ao atendimento<br />

às especificações estabelecidas por cada importador<br />

(cor, tamanho, etc.).” Na opinião de Katia,<br />

vale a pena investir na certificação de frutas, principalmente<br />

porque pode facilitar o acesso do produtor<br />

certificado a mercados mais exigentes e, em alguns<br />

casos, que melhor remuneram. “O investimen-<br />

SGS DO BRASIL<br />

21


22<br />

to em certificação é rapidamente recuperado, haja vista o<br />

aumento da produtividade e a melhora da qualidade dos<br />

frutos”, pondera.<br />

Katia destaca como vantagens da certificação de frutas<br />

a redução do uso de agroquímicos, melhora do controle<br />

da produção, adequação à legislação quanto ao armazenamento,<br />

uso e descarte de agrotóxicos e maior qualificação<br />

dos funcionários. “Com a diminuição da necessidade<br />

de ações corretivas no solo e de controle de pragas<br />

e doenças, há uma economia de até 40% no uso de<br />

insumos agrícolas, diante da menor necessidade de ações<br />

corretivas no solo e do controle de pragas e doenças”,<br />

salienta. “Na parte administrativa, há uma melhor gestão<br />

da propriedade, entre outras vantagens.”<br />

PREOCUPAÇÕES RELEVANTES<br />

O engenheiro agrônomo da certificadora OIA (Organização<br />

Internacional Agropecuária) Edegar de Oliveira Rosa,<br />

destaca que, quem está comprando a fruta, quer ter a certeza<br />

de não estar trazendo nenhuma praga. “Para exportar limão<br />

para a Europa, é necessário dar um banho de hipoclorito<br />

na fruta, para evitar o tráfego de patógenos”, exemplifica.<br />

“Outra exigência é com a segurança do alimento (que não<br />

faça mal para quem o consome). As legislações começam a<br />

ser mais rígidas em relação a isso”, diz.<br />

A condição ambiental é outra preocupação, principalmente,<br />

no sentido de reduzir o risco de contaminação do ambiente<br />

e garantir um nível de justiça social, o que passa pela<br />

proibição do trabalho escravo e do uso de mão-de-obra infantil,<br />

além de garantias de condições mínimas para os funci-<br />

Quando se pensa em exportações de frutas, um dos assuntos<br />

mais preocupantes para o produto brasileiro é a<br />

questão dos limites mínimos de resíduos (LMR) de pesticidas.<br />

Segundo o coordenador do Comitê de Defensivos Agrícolas<br />

do Fundecitrus, Eliseu Nonino, atualmente, existem, apenas<br />

normas relativa a limites de resíduos para produtos in natura.<br />

“O Codex ainda não definiu sobre limites de resíduos para<br />

alimentos processados”, explica e acrescenta que esse assunto<br />

será discutido, na China, em maio, durante reunião.<br />

Em relação às frutas in natura, Nonino observa que cada<br />

país define quais são os defensivos permitidos e tem sua<br />

legislação sobre esse assunto. “Caso um produto seja aprovado<br />

para determinada cultura, é estabelecido um mínimo<br />

permitido de resíduos”, diz. No Brasil, ele lembra que são<br />

três os órgãos reguladores: o Mapa (Ministério da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento); a Anvisa (Agência de Vigilância<br />

Sanitária) e o Ministério do Meio Ambiente.<br />

Produtos certificados têm<br />

maior aceitação no Exterior.<br />

onáriosligados à produção<br />

da fruta.<br />

“Essa exigência<br />

está vindo<br />

de duas formas:<br />

por meio dos protocolos da iniciativa privada e dos governos,<br />

que prevê boas práticas agrícolas, e, ao mesmo tempo,<br />

está crescendo as legislações de orgânicos, cuja diferença<br />

principal é a proibição de uso de agrotóxicos”, enfatiza. Ele<br />

lembra que, no pólo brasileiro de Mossoró, exportador de<br />

melão, além das certificações exigidas pelos importadores, já<br />

há um movimento em torno da certificação orgânica.<br />

De acordo com Oliveira Rosa, atualmente, a primeira<br />

questão levantada na mesa de negociação com um produtor,<br />

que pensa em exportar frutas, é sobre a certificação que ele<br />

tem. Segundo ele, no passado alguns produtores aderiam à<br />

certificação de forma equivocada, acreditando que isso seria<br />

garantia de venda da produção, o que não é verdade. “É<br />

uma ferramenta comercial, mas não é salvação da lavoura,<br />

não é uma garantia de venda”, observa e lembra que o papel<br />

da certificação é garantir qualidade ou por produto ou por<br />

processo de produção. “Hoje, isso já está mais claro”, pondera.<br />

“Outro ponto é a melhoria no sistema de gestão da<br />

propriedade, muitas vezes até acompanhada de uma redução<br />

do custo de produção.” Ele aponta também um ganho<br />

financeiro, por dois motivos: é possível vender melhor o produto<br />

e obter mais lucro ou ter acesso a mercados antes restritos.<br />

“No caso da certificação orgânica, indiscutivelmente,<br />

há uma vantagem com relação ao preço.”<br />

LIMITES MÍNIMOS DOS RESÍDUOS<br />

Em nível internacional, Nonino lembra que há o Codex<br />

Alimentarius, programa conjunto da Organização das<br />

Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e<br />

da Organização Mundial da Saúde (OMS), que tem instâncias<br />

para cada tipo de alimento na comercialização internacional<br />

entre países. “Dentre essas instâncias alimentares,<br />

há também os limites de resíduos de pesticidas permitidos,<br />

válidos para o comércio internacional. Hoje há<br />

uma lista composta por 52 substâncias, que são aprovadas<br />

no Brasil, pelos importadores e pelo Codex”, explica.<br />

“No âmbito da citricultura brasileira há um comitê ligado<br />

ao Fundecitrus com a participação de vários órgãos.<br />

Trabalhamos com uma lista de defensivos apro-vados para<br />

uso no Brasil e pelos países que importam produtos<br />

cítricos brasileiros”, observa e acrescenta que<br />

“no País há 108 substâncias permitidas pelos mercados<br />

externos”.<br />

NYKLAURITZENCOOL DO BRASIL - PORTO DE NATAL/RN


PROGRAMA<br />

BRASILEIRO<br />

Atualmente, o Brasil tem 40,4<br />

mil hectares de frutas cultivados<br />

dentro do programa Produção Integrada<br />

de <strong>Frutas</strong> (PIF), cerca de<br />

cinco mil hectares a mais do que<br />

20<strong>05</strong>. O PIF tem como meta a produção<br />

de frutas de qualidade, de<br />

maneira segura para alimentação,<br />

sem resíduos danosos à saúde humana.<br />

Desta maneira, as frutas são<br />

produzidas sem insumos poluentes,<br />

com monitoramento dos procedimentos<br />

e rastreabilidade do campo<br />

à mesa do consumidor, em<br />

condições socialmente e ecologicamente<br />

justas e sustentáveis.<br />

Instrução Normativa, publicada<br />

em outubro de 2006 pelo Mapa,<br />

criou novas regras para a exportação<br />

de frutas. Segundo a medida,<br />

os produtores devem fazer<br />

parte do Plano Nacional de Segurança<br />

e Qualidade dos Produtos<br />

de Origem Vegetal (PNSQV),<br />

do Mapa. De acordo com o coordenador-geral<br />

do Sistema de Produção<br />

Integrada e Rastreabilidade<br />

do Mapa, José Rosalvo<br />

Andrigueto, além de garantir a<br />

qualidade dos alimentos, o programa<br />

tem a preocupação de produzir<br />

sem agredir o ambiente. “É<br />

uma melhoria do processo produtivo<br />

para se obter um alimento<br />

seguro, que não tenha contaminações.<br />

O sistema também é<br />

econômico, pois reduz o custo da<br />

produção ao usar menos<br />

agrotóxicos e fertilizantes.”<br />

LIVRO DE CAMPO<br />

Há três anos, a Daros-BR, de<br />

Mogi Mirim (SP), iniciou as exportações<br />

de papaia, limão, mamão<br />

formosa, figo, goiaba, manga,<br />

banana e abacaxi para a Europa.<br />

Na época, apenas um dos<br />

produtores que entrega frutas<br />

tinha o pomar certificado com o<br />

EurepGap. Segundo o diretor da<br />

empresa, Marcio Eduardo Bertin,<br />

nesse período, muitos conseguiram<br />

o selo, outros, porém, estão<br />

em fase de validação. Embora o selo<br />

não signifique valor agregado, mas<br />

apenas o atendimento a uma barreira,<br />

Bertim garante que o mesmo<br />

favorece a conscientização no meio<br />

em que a pessoa trabalha. “O produtor<br />

visualiza problemas que ele<br />

não percebia anteriormente,<br />

como, por exemplo, o uso de defensivos”,<br />

afirma e acrescenta que<br />

a empresa recebe frutas da região<br />

e de outros Estados, de produtores<br />

e packing houses certificados<br />

ou em validação.<br />

A Andrad Sun Farms, também de<br />

Mogi Mirim, tem o EurepGap e o<br />

selo orgânico americano NOP. A<br />

certificação orgânica foi conquistada<br />

há sete anos e segundo a gerente<br />

comercial e administradora<br />

da empresa, Aline Fátima Andrade<br />

Rosai, a principal mudança foi a<br />

adoção dos procedimentos de descrição<br />

de tudo que é realizado na<br />

lavoura, até porque a propriedade<br />

já não utilizava defensivos químicos.<br />

“Depois do selo, começamos a<br />

anotar e a descrever no livro de campo<br />

o dia-a-dia do sítio; os funcionários<br />

foram treinados para não cometer<br />

erros no manuseio de produtos<br />

autorizados pelo protocolo e<br />

passamos a fazer a rastreabilidade<br />

do pomar”, enumera.<br />

A Sun Farm vende a produção para<br />

empresas parceiras que fazem o<br />

processamento de suco e do óleo<br />

de limão orgânico, exportados<br />

para os Estados Unidos e, em pequena<br />

quantidade, para a Europa.<br />

No entanto, não consegue vender<br />

a fruta in natura, como orgânica,<br />

para o mercado europeu, por causa<br />

do banho de hipoclorito de<br />

sódio, que é uma barreira para<br />

aquele mercado. “Exportamos<br />

limão orgânico como convencional<br />

para a Europa.” Segundo Aline,<br />

as principais adaptações da<br />

propriedade para atender ao<br />

EurepGap foram a construção de<br />

sanitários e de depósito de defensivos;<br />

a adequação do packing<br />

house; o plantio de cercas-vivas;<br />

a realização periódica de análises<br />

de resíduos; o treinamento<br />

da equipe de trabalho e a<br />

implementação de uso de EPI.<br />

“Com o selo, não conseguimos<br />

vantagem com relação aos preços,<br />

mas ajudou bastante no cotidiano<br />

da propriedade. Além de<br />

reduzir custos, melhorou a qualidade<br />

da fruta.”<br />

CARTA DE<br />

CONFORMIDADE<br />

A Associação Paulista dos Produtores<br />

de Caqui (APPC) exporta a<br />

fruta para a Europa desde 2001.<br />

Todos os associados estão em<br />

fase de certificação da produção<br />

como o EurepGap. Segundo o assistente<br />

administrativo da APPC,<br />

Fábio Válio de Camargo, o único<br />

problema é que não há, no País,<br />

uma lista de defensivos autorizados<br />

para a cultura. Por essa<br />

razão, ele afirma que a<br />

certificadora vai dar uma carta<br />

de conformidade, informando sobre<br />

o cumprimento de todos os<br />

itens, com exceção do que trata<br />

de defensivos autorizados.<br />

“O governo precisa ter defensivos<br />

autorizados, afinal, esse é<br />

um dos itens principais do<br />

EurepGap”, afirma o produtor de<br />

caqui, Paulo Shigueru Toyoda, de<br />

Pilar do Sul (SP), que considera<br />

essa a principal dificuldade para<br />

receber o selo para a fruta.<br />

Ele não espera vantagens<br />

econômicas ou de preços com o<br />

selo. “É apenas uma forma de<br />

garantir mercado”, resume o<br />

dono do Sítio Toyoda, que cultiva<br />

caqui há 10 anos. Desde 2004,<br />

exporta a fruta para a Europa,<br />

via APCC, e está adequando a<br />

propriedade às normas EurepGap.<br />

Para ele, as principais mudanças<br />

em função da adequação à certi<br />

ficação são as anotações sobre<br />

defensivos, o uso correto e o respeito<br />

à carência dos produtos.<br />

23


24<br />

CERTIFICAÇÃO<br />

FRUTA<br />

PAULISTA<br />

Projeto enriquecerá a experiência dos produtores em conhecimento,<br />

organização e capacitação exigidos pelos diferentes programas<br />

internacionais de certificação, levando maior rentabilidade ao campo.<br />

Marlene Simarelli<br />

Fotos Sebrae-SP<br />

Os pomares de acerola, caqui, figo, goiaba, laranja,<br />

limão, pêssego, uva, morango, entre outras, fazem do<br />

Estado de São Paulo o detentor de 47% da produção<br />

brasileira de 40 milhões de toneladas de frutas, distribuídas<br />

em 2,3 milhões de hectares. Mesmo com quase<br />

metade da produção nacional, e sendo exportador, São<br />

Paulo é pouco reconhecido como pólo nacional de fruticultura.<br />

Nesse contexto, foi lançado o projeto de Boas<br />

Práticas Agrícolas e promoção comercial Fruta Paulista,<br />

uma parceria entre o Instituto Brasileiro de <strong>Frutas</strong> – <strong>Ibraf</strong>,<br />

e o Sebrae–São Paulo, com a participação de cerca de<br />

400 fruticultores das diversas regiões produtoras do Estado.<br />

O projeto pretende preparar os fruticultores para<br />

atender e superar as exigências dos mercados interno e<br />

externo quanto à rastreabilidade e à segurança dos alimentos.<br />

Assim como no restante do País, a fruticultura<br />

paulista está fundamentada em micro, pequena e média<br />

propriedades e gera de 2 a 5 postos de trabalho na cadeia.<br />

“O mercado das frutas nacionais, hoje, é o de longa<br />

distância, formado por países da Europa, sendo a Alemanha<br />

o maior consumidor. Emirados Árabes e outros<br />

do Oriente Médio surgem como nova alternativa”, afirma<br />

Moacyr Saraiva Fernandes, presidente do <strong>Ibraf</strong>. “Esse<br />

projeto é importante porque promove a integração dos<br />

pequenos agricultores. A grande vantagem do Brasil é<br />

produzir quase tudo e a grande força do País é o produtor”,<br />

ressalta o presidente do Sebrae-SP, Fábio Meirelles.<br />

O Fruta Paulista abrangerá as plantações das regiões<br />

de Araçatuba com abacaxi; de Araraquara, com goiaba,<br />

limão e manga; de Botucatu, com frutas de caroço; de<br />

Campinas, com figo e goiaba; de Itapeva, com caqui; de<br />

Presidente Prudente, com acerola e manga; e de<br />

<strong>Frutas</strong> paulistas serão valorizadas com convênio entre <strong>Ibraf</strong><br />

e Sebrae.<br />

Da esq. para dir. Paulo Arruda, diretor técnico do Sebrae,<br />

Moacyr Saraiva Fernandes, presidente do <strong>Ibraf</strong>, Fábio<br />

Meireles, presidente do Sebrae-SP e Ricardo Tortorella, diretor<br />

superintendente do Sebrae, assinam convênio.


26<br />

CERTIFICAÇÃO<br />

Sorocaba, com caqui e uva. O projeto<br />

terá três grandes frentes de atuação: aumento<br />

da competitividade da fruta por<br />

meio da melhoria da qualidade na produção,<br />

realização de ações de divulgação no<br />

mercado interno e abertura de mercados<br />

externos. Para tanto, deverão ser promovidas<br />

ações de capacitação de produtores<br />

em Boas Práticas Agrícolas, de gestão da<br />

propriedade, implantação de novas<br />

tecnologias e de manejo sustentável, com<br />

o intuito de melhorar a qualidade da fruta.<br />

“Vamos preparar as cadeias produtivas<br />

das frutas paulistas selecionadas para<br />

atender às novas exigências de qualidade,<br />

agregando valor, garantindo os mercados<br />

atuais e possibilitando acesso a novos”, afirmou<br />

o gerente do <strong>Ibraf</strong>, Mauricio de Sá<br />

Ferraz, durante o lançamento, em fevereiro,<br />

em São Paulo/SP. Para atingir esse<br />

objetivo, os participantes receberão trei-<br />

As regiões Sudeste e<br />

Sul consomem 66,6%<br />

das frutas produzidas<br />

no País, sendo que<br />

São Paulo consome<br />

25,53%.<br />

Fonte: <strong>Ibraf</strong><br />

namento e capacitação em Boas Práticas<br />

Agrícolas. “A meta é certificar produtores<br />

que atingirem as exigências dos protocolos<br />

internacionais de certificação, visando<br />

à exportação”, diz Sá Ferraz. “Desenvolveremos<br />

ferramentas para a<br />

rastreabilidade, importante para a<br />

comercialização, e para oferecer alimentos<br />

seguros, em respeito à sociedade”,<br />

assegura Saraiva Fernandes. Ele acrescenta<br />

que “os consumidores, a distribuição e<br />

as instituições públicas cada vez mostram<br />

mais preocupação pela qualidade e segurança<br />

das frutas e demais alimentos”.<br />

COMERCIALIZAÇÃO<br />

E VALORIZAÇÃO<br />

O projeto não pára no campo, pois é<br />

preciso que a fruta paulista seja<br />

comercializada e valorizada. “Por isso, depois<br />

do campo, haverá ações de<br />

marketing, com abrangência nacional e internacional.<br />

Internamente, vamos fazer<br />

campanhas de degustação, decoração e<br />

distribuição de folhetos em parceria com<br />

supermercados para atrair os consumidores<br />

e aumentar as vendas das frutas<br />

paulistas”, explica Sá Ferraz. A campanha<br />

para o mercado internacional inclui, entre<br />

outras ações, a participação em feiras e<br />

eventos, além de campanhas de promoção<br />

com redes de supermercados dentro<br />

do programa Brazilian Fruit, de divulgação<br />

e valorização da fruta brasileira no exterior.<br />

As estratégias de marketing internacional<br />

e acesso a mercados também<br />

contam com o apoio da Apex-Brasil –<br />

Agência de Promoção de Exportação<br />

e Investimentos.<br />

Saraiva Fernandes lembra que o produtor<br />

precisa ser mais empresário e reduzir<br />

os custos de produção para ganhar<br />

competitividade. Segundo ele, a fruticultura<br />

rentável passa por diversificação, investimento<br />

em pós-colheita e logística,<br />

agroindustrialização, acesso dos pequenos<br />

ao crédito e à infra-estrutura; otimização<br />

dos custos controláveis, promoção e propaganda,<br />

etc. “É o que pretendemos com<br />

o projeto, que terá como juiz a D. Maria<br />

(consumidora). Se ela se convencer do<br />

que fizemos, a fruta será vendida e valorizada”,<br />

conclui Saraiva Fernandes.


ROGÉRIO LOPES VIEITES/UNESP BOTUCATU/SP<br />

AGROINDÚSTRIA<br />

TENDÊNCIA<br />

MUNDIAL<br />

As frutas minimamente processadas começam a fazer parte<br />

do cotidiano nacional, principalmente dos grandes centros<br />

urbanos, e têm condições técnicas necessárias para desenvolver<br />

e ampliar o segmento.<br />

Beth Pereira<br />

A mudança nos hábitos, ocorrida nos últimos<br />

anos, está abrindo espaço para o consumo de alimentos<br />

frescos, dentro do conceito de produtos<br />

saudáveis. Neste cenário, surge um novo nicho para<br />

a comercialização de frutas minimamente processadas<br />

(fresh cut), prontas para consumo. Os Estados<br />

Unidos são o maior consumidor de frutas minimamente<br />

processadas, com venda anual destes itens<br />

na faixa de US$ 8 milhões a US$ 10 milhões, segundo<br />

a International Fresh-Cut Produce Association<br />

(IFPA - http://www.fresh-cuts.org/fcf.html). No Brasil,<br />

ainda não há estatísticas oficiais, porém, quando<br />

se fala em tecnologia, o País não fica atrás de nenhum<br />

outro nesse segmento. “Temos pesquisadores<br />

qualificados, técnicas apropriadas, laboratórios<br />

bem montados e todas as condições necessárias para<br />

Kiwi, manga, melão, melancia estão entre as frutas<br />

indicadas para processamento mínimo.<br />

desenvolver esses produtos”, afirma o pesquisador<br />

Murillo Freire Junior, da Embrapa Agroindústria de<br />

Alimentos, de Guaratiba/RJ, que esteve em<br />

Montpellier, na França, em 2004, fazendo seu pósdoutorado<br />

em manga pré-cortada, embalada com<br />

revestimentos comestíveis.<br />

O professor José Fernando Durigan, do Departamento<br />

de Tecnologia da Unesp, campus de<br />

Jaboticabal/SP, considera que o potencial de venda<br />

de frutas minimamente processadas é grande no<br />

País, embora o consumo seja relativamente novo.<br />

“Seja em residências, em restaurantes ou em locais<br />

de refeições coletivas, essa tecnologia oferece<br />

praticidade por causa da economia de tempo e de<br />

trabalho”, diz. Durigan cita pesquisa do Instituto Nielsen,<br />

segundo a qual, desde 1996, o consumo desse tipo de<br />

produto tem aumentado 80% ao ano.<br />

Porém, ele aponta um desafio: a falta<br />

de conhecimento sobre o comportamento<br />

fisiológico, químico e<br />

bioquímico do produto. Um dos problemas,<br />

explica, é a curta vida útil desses<br />

produtos, de 3 a 4 dias.<br />

De acordo com o professor, o<br />

processamento mínimo de frutas<br />

tem contribuído para a diversificação<br />

das indústrias regionais, reduzindo<br />

as perdas pós-colheita, melhorando<br />

o manejo de resíduos dentro<br />

da propriedade, facilitando o<br />

27


28<br />

AGROINDÚSTRIA<br />

transporte e eliminando problemas sanitários. “A<br />

tecnologia fresh cut permite maior aproveitamento<br />

da produção e agrega valor às frutas”, afirma.<br />

O professor, no entanto, observa que falta uma<br />

legislação sanitária sobre produtos minimamente<br />

processados, que, em sua opinião, deve abranger<br />

produção, colheita, preparo, manipulação,<br />

embalagem e transporte ao mercado e exposição<br />

em balcões para a venda.<br />

REDUÇÃO DE PERDAS<br />

O presidente da Associação Brasileira de Supermercados<br />

(Abras), Sussumu Honda, acredita que<br />

o consumo de frutas minimamente processadas<br />

pode ajudar a reduzir as perdas de frutas. “O Brasil<br />

produz um volume muito grande de frutas, mas<br />

perde muito também. Assim, nesse modelo, quando<br />

você tem operações adequadas, evita-se perdas”,<br />

observa. Na opinião de Honda, o consumo<br />

de frutas minimamente processadas é uma tendência<br />

mundial. “Atende aos requisitos de praticidade e<br />

de racionalização de tempo”, afirma e acrescenta<br />

que o mercado americano é gigantesco. “Lá, o consumidor<br />

tem um bom poder aquisitivo e pode pagar pelo<br />

produto, que tem valor agregado.” Lembra que nos<br />

aeroportos americanos, as frutas minimamente processadas<br />

estão à disposição, para consumo imediato.<br />

“Atende ao apelo de alimento mais saudável e substitui<br />

os fast-foods e outros alimentos processados.”<br />

Processamento mínimo deve seguir<br />

normas rigorosas de higiene e<br />

tecnologia apropriada, para garantir<br />

qualidade e seguridade no consumo.<br />

Ele lembra que nos Estados Unidos, a tecnologia<br />

de frutas minimamente processadas está bastante<br />

avançada. “No caso de maçã, que se oxida rapidamente,<br />

já há tecnologia para impedir o processo”,<br />

conta. Segundo Honda, os supermercados brasileiros<br />

começam a oferecer frutas preparadas - melão,<br />

mamão, melancia, uva, abacaxi, além de salada e<br />

até uma mix de frutas - prontas para consumo. “Nos<br />

grandes centros urbanos do País, isso já começa a<br />

se apresentar como tendência”, diz e lembra que<br />

há outra opção, com menor valor agregado, ideal<br />

para frutas grandes, que são cortadas pela metade,<br />

para atender às famílias menores, o que é uma forma<br />

de evitar o desperdício. O presidente da Abras,<br />

porém, observa que o processamento mínimo requer<br />

EMBRAPA CTAA<br />

uma manipulação cuidadosa. “O produto<br />

é fresco, pronto para consumo e<br />

tem vida de prateleira bastante curta.<br />

Além de cuidado na manipulação e no<br />

ambiente onde se faz o processamento,<br />

a questão de higiene e seguridade é<br />

fundamental”, afirma.<br />

REALIDADE<br />

O consumo de frutas minimamente processadas<br />

não é mais uma tendência futura, mas uma realidade<br />

visível nas gôndolas dos supermercados,<br />

onde as áreas destinadas a esses itens estão cada<br />

vez maiores. A diversificação de produtos é grande,<br />

o volume de produção tem aumentado e o preço<br />

está baixando, analisa Freire Junior, da Embrapa<br />

Agroindústria de Alimentos. Em sua opinião, as frutas<br />

minimamente processadas apresentam a conveniência<br />

de não requerer qualquer preparação significativa<br />

por parte do consumidor, em termos de<br />

seleção, limpeza, lavagem ou cortes. “Além disto, o<br />

valor agregado ao produto, pelo processamento,<br />

aumenta a competitividade e propicia meios alternativos<br />

para a comercialização. O sucesso deste empreendimento<br />

depende do uso de matérias-primas de<br />

alta qualidade, manuseadas e processadas em condições<br />

adequadas de higiene”, explica o pesquisador.<br />

Freire Junior afirma que, atualmente, o consumidor<br />

tem à sua disposição uma boa variedade de<br />

frutas minimamente processadas, tais como abacaxi,<br />

melão, kiwi, melancia, manga, além de salada de<br />

frutas. São vários os tipos de apresentação, em pedaços<br />

pequenos ou em pedaços maiores, de acordo<br />

com as frutas, já prontos para consumo. As frutas<br />

selecionadas são previamente higienizadas,<br />

descascadas, pré-cortadas, embaladas em bandejas<br />

transparentes PET (polietileno tereftalato) e armazenadas<br />

sob refrigeração.<br />

“A proposta é atender à demanda da mulher<br />

moderna que cada vez mais está trabalhando fora”,<br />

afirma. E cita, como principais vantagens do consumo,<br />

a conveniência, a praticidade e a seguridade.<br />

Pesquisador<br />

Murilo Freire,<br />

tecnologia<br />

mantém gosto<br />

original da fruta.


“As frutas são processadas segundo as normas<br />

de higiene e com tecnologia apropriada,<br />

o que garante a qualidade e a seguridade<br />

no consumo do produto”, explica.<br />

“Graças à tecnologia, o gosto original da fruta<br />

se mantém.” Outros segmentos potenciais<br />

que podem ser beneficiados com essa<br />

tecnologia são os de refeições coletivas,<br />

catering, hospitais e restaurantes que não<br />

possuem grandes áreas de cozinha.<br />

O ponto crítico, porém, é a temperatura.<br />

De acordo com o pesquisador, a condição<br />

ideal para a conservação desses produtos,<br />

é em torno de 2°C, mas nem sempre os<br />

supermercados mantêm a cadeia do frio. Enquanto<br />

nas gôndolas dos supermercados, o<br />

tempo médio de vida útil é de três a quatro<br />

dias, com a aplicação de revestimentos naturais<br />

comestíveis pode-se chegar a sete dias,<br />

sem afetar a qualidade do produto.<br />

LINHAS DE PESQUISA<br />

A Embrapa Agroindústria de Alimentos<br />

desenvolve algumas linhas de pesquisa relacionadas<br />

ao processamento mínimo de<br />

frutas. Em convênio com a Fundação de<br />

Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro<br />

(Faperj) está pesquisando a utilização<br />

de filmes comestíveis em mangas pré-cortadas<br />

e, em projeto financiado pela<br />

Embrapa, a aplicação da tecnologia em abacaxi<br />

e melão.<br />

Freire Junior afirma que a técnica consiste<br />

basicamente em imergir as frutas précortadas,<br />

por dois minutos, em algumas soluções<br />

refrigeradas de quitosana ou de<br />

alginato de sódio (obtidos de algas) ou de<br />

carboximetilcelulose (derivado da celulose).<br />

“Essas substâncias formam um filme protetor<br />

comestível”, explica. O abacaxi, por exemplo,<br />

é descascado, cortado em rodelas de dois centímetros<br />

de espessura, retirado o miolo, cortado<br />

em oito partes e levado à imersão. Depois,<br />

é embalado em bandejas PET. Também<br />

pode ser embalado em sacos plásticos a vácuo<br />

e armazenado sob refrigeração.<br />

Há também em andamento um outro<br />

projeto de nanotecnologia em parceria com<br />

a Embrapa Instrumentação Agropecuária (São<br />

Carlos/SP). Trata-se da utilização de embalagens<br />

ativas, que liberam uma substância com<br />

função antimicrobiana (que impede o crescimento<br />

de microrganismos) ou antioxidantes<br />

(que evitam o escurecimento da fruta).<br />

EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS<br />

Demanda é<br />

crescente<br />

Nas lojas da OBA Hortifrúti, na capital e no interior de<br />

São Paulo, a procura por frutas minimamente processadas<br />

tem aumentado, segundo o gerente de Marketing<br />

da rede, Luciano Scherer. Ele acrescenta que a dona de<br />

casa adora comprar produtos já manipulados, graças<br />

ao apelo de praticidade. Contudo, ele considera que as<br />

opções ainda são poucas, por causa da perecibilidade<br />

das frutas. “Esse mercado está crescendo e existem algumas<br />

frutas que, atualmente, já são comercializadas<br />

com sucesso, como abacaxi, melancia e melão. No entanto,<br />

como as frutas são extremamente perecíveis, a<br />

manipulação pode prejudicar seu sabor”, acredita. “Apesar<br />

de a tecnologia ter avançado muito rapidamente, ainda<br />

é difícil encontrar algo no mercado que faça uma fruta<br />

ser conservada após a manipulação, sem perder seu principal<br />

atributo, o sabor”, avalia.<br />

Na opinião de Scherer, os produtos minimamente processados<br />

são um hábito dos grandes centros, onde há<br />

concentração de pessoas e a correria do dia-a-dia faz<br />

com que o consumidor busque a praticidade. No entanto,<br />

ele afirma que no Brasil o consumo ainda é baixo<br />

por vários fatores: alto custo na manipulação dos produtos,<br />

dificuldade no preparo aliado à alta perecibilidade<br />

dos produtos. “Isso torna o processo oneroso, refletindo<br />

no preço final ao consumidor, conseqüentemente, gerando<br />

dificuldades na comercialização dos mesmos.”<br />

A rede OBA possui 26 lojas, distribuídas na capital<br />

paulista e no interior do Estado, em Jundiaí, Campinas,<br />

Americana e Limeira, além de Brasília/DF e Belo<br />

Horizonte/MG. Scherer afirma que, nas lojas OBA, as<br />

frutas são abertas ou cortadas e embaladas com PVC.<br />

“Também há potes com os produtos descascados para<br />

degustação”, conta.<br />

29


30<br />

TECNOLOGIA<br />

MAIS<br />

SABOR<br />

Processo inovador permite a obtenção de suco concentrado de frutas,<br />

com teores de sabor e de aroma elevados, usando equipamentos mais<br />

compactos e de operação mais simples, que podem ser instalados em<br />

qualquer unidade industrial.<br />

Marlene Simarelli


Os sucos de frutas processados<br />

estão por toda parte: restaurantes,<br />

refeitórios, hospitais, cantinas de<br />

escola e até em carrinhos de lanches.<br />

A tendência do mercado é de<br />

crescimento, mas, mesmo deliciosos,<br />

alguns não guardam o sabor<br />

real da fruta, principalmente, quando<br />

o suco é de laranja. Essa realidade<br />

poderá ser diferente a partir das<br />

novas técnicas descobertas para recuperar<br />

aromas e concentrar sucos,<br />

resultado da tese de doutorado do<br />

engenheiro químico Cláudio Patrício<br />

Ribeiro Júnior, no Programa de<br />

Engenharia Química da Coordenação<br />

dos Programas de Pós-graduação<br />

em Engenharia – COPPE, da<br />

Universidade Federal do Rio de Janeiro<br />

- UFRJ. Desenvolvido com foco<br />

no suco de laranja, devido a sua importância<br />

na economia nacional, o<br />

processo pode ser usado também<br />

para processar outras frutas tropicais.<br />

O Brasil é o segundo maior produtor<br />

de suco concentrado de laranja<br />

no mundo e possui grande<br />

potencial para produção de suco de<br />

outras. Ribeiro Júnior acredita que<br />

“a nova rota de processamento desenvolvida,<br />

ao minimizar as alterações<br />

de sabor, pode fornecer um<br />

diferencial de qualidade para o suco<br />

de laranja nacional, aumentando sua<br />

competitividade no mercado externo”.<br />

O país responde atualmente<br />

pela exportação de US$1,3 bilhões<br />

de suco de laranja. Para o pesquisador,<br />

“a melhoria na qualidade do<br />

produto pode possibilitar a abertura<br />

do mercado interno para o suco<br />

de laranja concentrado, que não é<br />

bem aceito pelo consumidor brasileiro,<br />

habituado ao consumo do<br />

suco fresco, com características<br />

organolépticas superiores. Além disso,<br />

um processo mais ameno de<br />

concentração pode ampliar a variedade<br />

de sucos produzidos,<br />

viabilizando a disseminação da grande<br />

gama de frutas tropicais cultivadas<br />

no País”.<br />

O processo, vencedor do grande<br />

prêmio Capes César Lates de<br />

2006, já teve sua patente depositada.<br />

Poderá ser usado em qualquer<br />

unidade industrial de produção de<br />

suco concentrado, pois utiliza equipamentos<br />

mais compactos e de<br />

operação mais simples, aplicável a<br />

qualquer tipo de fruta. Os principais<br />

equipamentos usados são o<br />

evaporador por contato direto e o<br />

módulo de membranas seletivas. O<br />

pesquisador observa que “as duas<br />

técnicas que aplicamos são usadas<br />

em nível industrial para outras aplicações,<br />

de modo que ambos os<br />

equipamentos já existem no mercado.<br />

É só uma questão de<br />

dimensioná-los”. Em relação aos<br />

custos de operação e manutenção,<br />

tanto do módulo de membranas<br />

quanto do evaporador por contato<br />

direto, ele supõe que sejam mais<br />

baixos do que os associados aos<br />

equipamentos usados, mas ainda<br />

não se tem um valor exato para a<br />

montagem de montar uma nova<br />

unidade. A próxima etapa do processo,<br />

hoje restrita a laboratório, é<br />

um aumento de escala, com a construção<br />

de uma unidade piloto para<br />

avaliação do desempenho da técnica<br />

para maior capacidade de<br />

processamento e posterior aplicação<br />

industrial. Três empresas já estão em<br />

negociação para a implantação.<br />

NOVA ROTA<br />

O suco processado passa por<br />

duas etapas principais: a concentração<br />

e a recuperação de aromas. A<br />

concentração é uma fase primordial<br />

na produção, influindo diretamente<br />

na qualidade do suco e,<br />

consequentemente, na aceitação<br />

pelo mercado consumidor. Outro<br />

fator importante no processamento<br />

é a perda de aromas, compostos<br />

orgânicos responsáveis pelo sabor<br />

e odor de um suco, presentes em<br />

concentrações baixas e voláteis. O<br />

grande desafio é conseguir um suco<br />

processado com características superiores<br />

de paladar e de aroma.<br />

“Sabemos que o principal fator para<br />

a compra no setor alimentício é o<br />

31


32<br />

TECNOLOGIA<br />

gosto, principalmente, o suco cuja<br />

referência é o sabor natural das<br />

frutas”, explica o pesquisador.<br />

O processo de Ribeiro Júnior<br />

aplica uma nova rota para a produção<br />

de sucos de frutas concentrados<br />

envolvendo as técnicas de<br />

evaporação por contato direto e<br />

permeação de vapor com membranas<br />

seletivas. “Todo mundo<br />

que já tomou um suco de laranja<br />

reconstituído de caixinha sabe<br />

muito bem que o gosto é bem<br />

diferente do suco fresco. A técnica<br />

de evaporação por contato direto,<br />

aplicada na nossa rota, tem<br />

a grande vantagem de permitir a<br />

vaporização da água a temperaturas<br />

mais baixas, minimizando a<br />

degradação térmica dos compostos<br />

do suco, e garantindo um sabor<br />

mais próximo do suco real”,<br />

assegura o pesquisador. O equipamento<br />

do novo processo é<br />

considerado de fácil construção,<br />

constituído basicamente por uma<br />

coluna de líquido através da qual<br />

borbulha um gás superaquecido. O<br />

contato direto entre os fluidos,<br />

quente e frio, permite maior eficiência<br />

de transmissão de calor, possibilitando<br />

a utilização de temperaturas<br />

moderadas.<br />

O trabalho desenvolvido<br />

em Coppe/UFRJ possibilita<br />

a redução de custos no<br />

processo industrial.<br />

“A rota proposta envolve duas<br />

etapas: o arraste com gás inerte dos<br />

compostos responsáveis pelo aroma<br />

do suco, que são recuperados<br />

pela técnica de permeação de vapor<br />

empregando-se membranas<br />

de silicone, permitindo a passagem<br />

dos aromas, mas retendo a água e<br />

o gás inerte. Em seguida, o suco<br />

segue para concentração no<br />

evaporador por contato direto,<br />

onde faz-se basicamente o<br />

borbulhamento de um gás inerte<br />

Cláudio Ribeiro Júnior, COPPE/UFRJ, desenvolveu processo inovador de<br />

processamento de sucos que preserva sabor e aromas.<br />

quente através do suco para remoção<br />

da água. Ao final da concentração,<br />

os aromas recuperados<br />

são re-adicionados ao suco<br />

concentrado”, detalha o pesquisador.<br />

O processo atual de concentração<br />

aplicado nas indústrias,<br />

segundo ele, “utilizam os chamados<br />

evaporadores de película<br />

descendente, com temperaturas<br />

de operação para a vaporização da<br />

água suficientemente altas para<br />

modificações químicas, em alguns<br />

compostos do suco, resultando em<br />

alterações indesejáveis de cor e sabor<br />

no produto final”. Além das<br />

modificações por degradação térmica,<br />

com a vaporização da água,<br />

são removidos os chamados aromas<br />

do suco, compostos orgânicos<br />

responsáveis pelo odor e sabor<br />

característicos do suco da fruta.<br />

Esses compostos devem ser<br />

recuperados para evitar alterações<br />

de sabor, mas estão presentes<br />

em concentrações muito baixas,<br />

dificultando a recuperação.<br />

CONCENTRADO<br />

DE AROMAS<br />

Ribeiro Júnior explica que “na<br />

indústria, a recuperação dos aromas<br />

é feita por destilação e/ou<br />

condensação parcial, em sistemas<br />

que, para serem eficientes, são<br />

relativamente complexos. Com a<br />

adoção das membranas seletivas,<br />

não só simplificamos esses sistemas,<br />

mas melhoramos sobremaneira<br />

a eficiência de recuperação<br />

dos aromas, o que também contribui<br />

positivamente para a obtenção<br />

de um suco concentrado com<br />

sabor mais próximo do suco natural”.<br />

Para se ter uma idéia, o<br />

suco de laranja tem mais de 200<br />

substâncias na composição do<br />

aroma e o suco de morango, mais<br />

de 360.Outra grande vantagem<br />

no novo processo, segundo o<br />

pesquisador, é a obtenção de um<br />

concentrado de aromas do suco<br />

processado, produto de alto valor<br />

agregado, atualmente perdido<br />

em grande parte das indústrias<br />

de concentração de sucos.<br />

Os interessados em implantar a<br />

nova tecnologia desenvolvida no<br />

Coppe/UFRJ, que trabalha há mais<br />

de 10 anos com separação de aromas,<br />

devem entrar em contato com<br />

o pesquisador Cláudio Patrício Ribeiro<br />

Júnior, pelo telefone (21)<br />

2562-7162 ou pelo e-mail:<br />

cprj@peq.coppe.ufrj.br. Para conhecer<br />

mais detalhes sobre o processo,<br />

pode ser feita uma consulta<br />

à tese de doutorado disponível na<br />

Internet no endereço http://<br />

teses.ufrj.br/coppe_d/<br />

ClaudioPatricioRibeiroJunior.pdf.<br />

COPPE/UFRJ


Plantas, insetos, flores e frutos fora de seu habitat podem<br />

se transformar num grande problema e trazer impactos<br />

econômicos e ambientais.<br />

Marlene Simarelli<br />

Quando se trata de biodiversidade, há o orgulho<br />

nacional latente por causa da riqueza brasileira<br />

na diversidade de espécies. Porém, desde os<br />

primórdios, espécies exóticas entram no País com<br />

conseqüências ao ambiente e reflexos econômicos<br />

na cadeia atingida. São os bioinvasores, que podem<br />

chegar na mala de um viajante, saudoso da terra<br />

natal ou encantado pela novidade; nas embalagens<br />

de importação e exportação ou até mesmo ser<br />

inserida propositalmente visando a um prejuízo econômico<br />

premeditado. As pragas e doenças vindas<br />

do Exterior causam danos nos mais variados setores<br />

como o bicudo, no algodão; o geminivirus, no<br />

tomate; o retorno da febre aftosa no gado, após<br />

erradicação, só para citar alguns. Na fruticultura, são<br />

conhecidos a Sigatoka Negra, nos bananais; o<br />

greening, nos laranjais e a mosca do Mediterrâneo<br />

Ceratitis capitata, que atinge várias fruteiras, cujo<br />

registro de invasão data de 1901, entre outros.<br />

A pesquisadora, Maria Regina Vilarinho, da<br />

Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, explica<br />

que “a entrada de pragas em áreas do sistema<br />

produtivo traz conseqüências dramáticas e muitas<br />

vezes irreversíveis para a agricultura, além de gastos<br />

da ordem de milhões de reais para controle e<br />

erradicação desses organismos, perdas na<br />

biodiversidade, nos recursos biológicos e genéticos,<br />

impacto na indústria alimentícia pela falta dos produtos<br />

primários e ainda desemprego na área rural.<br />

Nos últimos anos, mais de 11 mil espécies invasoras<br />

entraram no Brasil, de acordo com levantamentos<br />

de pesquisadores internacionais”. Olinda Maria<br />

Martins, pesquisadora da mesma unidade Embrapa,<br />

acrescenta que “a contenção de uma praga introduzida<br />

num país de extensão continental, como o Brasil, é<br />

muito difícil. As diferentes condições climáticas favorecem<br />

a adaptação de pragas exóticas, importantes para<br />

a fruticultura tropical e de clima temperado”.<br />

NO COTIDIANO DO CAMPO<br />

Para manter a competitividade, os produtores<br />

precisam estar atentos, pois o bioinvasor não tem<br />

predadores - elemento responsável pelo equilíbrio<br />

na natureza -, e, por isso, prolifera rapidamente. É<br />

o caso do caramujo gigante africano, símbolo de um<br />

problema que atinge vários Estados e se dispersa<br />

rapidamente mundo afora. Voraz, ele se alimenta<br />

de, pelo menos, 500 tipos de plantas, como frutapão,<br />

mandioca, cacau, mamão, amendoim, seringueira,<br />

feijão, ervilha, pepino, melão, abóbora, repolho,<br />

alface, batata, cebola, girassol, eucalipto,<br />

citros, plantas ornamentais, etc.<br />

MEIO AMBIENTE<br />

O fruticultor deve manter-se informado<br />

sobre os perigos da introdução de<br />

pragas exóticas.<br />

Os fruticultores podem atuar para minimizar a<br />

bioinvasão. A pesquisadora Olinda sugere algumas medidas.<br />

“A adoção de sistemas de alerta, quando existente,<br />

é uma medida que auxilia na prognose de doenças<br />

e permite planejar o seu controle. A introdução de<br />

mudas deve ser rigorosamente inspecionada, pois por<br />

meio destas ocorre a introdução de pragas. A aquisição<br />

de mudas sadias é fundamental para garantir a exclusão<br />

de pragas do pomar. O fruticultor deve manter-<br />

MOSCAMED BRASIL<br />

33


34<br />

MEIO AMBIENTE<br />

FOTOS ABPM<br />

se informado sobre os perigos da introdução de pragas<br />

exóticas. As importações de material vegetal para<br />

enxertia ou mudas devem obedecer rigorosamente às<br />

instruções normativas estabelecidas pelo Ministério da<br />

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).”<br />

A pesquisadora chama a atenção para o momento<br />

da compra de mudas. “Em caso da praga já se<br />

encontrar em determinadas regiões, os produtores<br />

não devem adquirir material vegetal proveniente<br />

dessas áreas infestadas, sem a devida quarentena.”<br />

Ela lembra que “as opções de utilização de cultivares<br />

resistentes são desfavoráveis ao estabelecimento<br />

de pragas e doenças e as substituições de portaenxertos<br />

suscetíveis pelos resistentes são importantes<br />

meios de evitar doenças. Para Olinda, “o diagnóstico<br />

rápido de pragas e doenças ajuda na tomada de decisões<br />

para erradicação e controle, antes de sua dispersão.<br />

Existem mapas de zonas de risco, zoneamento<br />

agroclimático, acoplados a modelos de simulação que<br />

podem ser úteis para indicar as áreas geográficas de<br />

maior probabilidade de ocorrência de doenças”.<br />

CONVIVENDO COM INIMIGOS<br />

A exportação enfrenta exigências e restrições<br />

rigorosas dos importadores para frutas in natura e<br />

industrializadas. Os fruticultores têm aprimorado<br />

sistemas de produção e estabelecido regras para<br />

garantir a sanidade e qualidade das frutas frente a<br />

bioinvasores. “Haja vista a organização dos produtores<br />

de maçã, que fez do país um exportador,”<br />

observa Olinda. A organização dos pomicultores<br />

inclui ações no campo e na cidade com o desenvolvimento,<br />

inclusive, de campanhas de erradicação,<br />

como a da cidade de Lages/SC. Lá, folhetos ensinam<br />

a população a substituir fruteiras hospedeiras<br />

da mariposa e alertam para o perigo da praga para<br />

a fruticultura do Sul, hoje sob controle.<br />

Em 1998, constatou-se a ocorrência da Sigatoka<br />

Negra, causada pelo fungo Mycosphaerella fijiensis var.<br />

difformis, em plantios de banana no Amazonas e Acre.<br />

O fungo, originário da República de Fiji (Ásia), causa<br />

prejuízos em Rondônia, Mato Grosso e outras regiões<br />

produtoras. Para controlá-lo, Olinda sugere “a inspeção,<br />

o treinamento de técnicos para reconhecer os<br />

sintomas da doença, o controle cultural, os cuidados<br />

na aquisição e no transporte de mudas como medidas<br />

que auxiliam para que não atinja outros Estados. Ela<br />

destaca ainda a seleção de variedades resistentes feita<br />

pela pesquisa, mas, em sua opinião, “é um entrave<br />

impactante, pois as desenvolvidas atualmente não<br />

atendem o mercado consumidor”.<br />

Na citricultura, Olinda relata a ocorrência da mosca<br />

negra dos citros (Aleurocanthus woglumi), detectada<br />

no Pará em 2001, vinda do sudoeste da Ásia. Já dispersa<br />

em cinco Estados da região Norte, é praga<br />

quarentenária A2, sob controle oficial. Outra doença<br />

introduzida da China, é o Greening ou Huanglongbing,<br />

cujo vetor é a bactéria Candidatus Liberibacter. “Em<br />

todos os casos, na maioria das vezes, recorre-se ao<br />

controle químico das pragas e doenças. Além do alto<br />

custo dos agroquímicos, salientam-se os efeitos indesejáveis<br />

destes no meio ambiente, na saúde humana e<br />

animal”, observa a pesquisadora.<br />

De acordo com Vilarinho, “muitos organismos apresentam<br />

uma evolução lenta de crescimento e podem<br />

passar despercebidos por horas ou dias. É importante<br />

lembrar que os que atacam plantas e animais não atuam<br />

sobre os seres humanos, podendo, portanto, ser<br />

facilmente transportados junto ao corpo, em maletas<br />

ou malas”. Para a pesquisadora, “a segurança de áreas<br />

importantes de produção agrícola deve ser levada em<br />

consideração em qualquer país que depende do<br />

agronegócio. No Brasil, segundo ela, são considerados<br />

produtos de risco a soja, as frutas, a carne e seus <strong>derivados</strong><br />

e todos os outros itens que compõem a pauta<br />

de exportação agrícola do mercado brasileiro”.<br />

A bioinvasora Cydia Pomonella, sob controle, é resultado da união dos pomicultores.


Mosca-da-Carambola<br />

A mosca-da-carambola, Bactrocera carambolae, foi detectada em<br />

fevereiro na divisa do Pará e Amapá, saindo da região do Oiapoque/<br />

AP, onde foi identificada há 10 anos. Considerando o risco para a<br />

economia brasileira, a Superintendência Federal da Agricultura,<br />

Pecuária e Abastecimento do Pará publicou, em fevereiro, no Diário<br />

Oficial da União, a proibição da saída de frutas frescas de<br />

espécies hospedeiras da praga, em especial carambola, jambo,<br />

goiaba e acerola, do distrito de Monte Dourado, município de<br />

Almerin/PA, para quaisquer outras áreas onde não ocorra a praga.<br />

Os prejuízos causados, caso seja disseminada, vão desde perdas na<br />

produção, contaminação ambiental até a proibição de exportação<br />

de frutas. O diretor da Associação Brasileira das Empresas de Tratamento<br />

Fitossanitário e Quarentenário (Abrafit), João Luiz Duarte<br />

Alvarez, alerta: “se não houver inspeção de 100% das cargas que<br />

entram no País, o risco da introdução de novas pragas tão nocivas<br />

quanto essa é enorme”.<br />

A mosca-da-carambola entrou no Brasil vinda do Suriname, mas<br />

sua origem é a Indonésia. “É uma praga muito séria, pois ataca os<br />

frutos nos primeiros estágios de formação, tornando sem efeito o<br />

controle por meio de ensacamento, feito quando as frutas estão<br />

maiores”, comenta a pesquisadora Maria Regina Vilarinho. Ela ressalta<br />

que “os resultados da pesquisa apontam que a goiaba é o<br />

hospedeiro preferencial, no Amapá, quando se compara com a<br />

carambola, tornando ainda mais sério o problema, já que a goiabeira<br />

pode ser encontrada em quintais nas cidades brasileiras. De<br />

acordo com estudos de<br />

pesquisadores brasileiros,<br />

além das perdas<br />

no campo, a interrupção<br />

das exportações de<br />

frutas frescas, causada<br />

pela presença da<br />

mosca, pode levar o<br />

Brasil a prejuízos de<br />

US$60 milhões, apenas no primeiro ano de dispersão da praga,<br />

caso ela se estabeleça em áreas de produção de goiaba, carambola,<br />

manga, acerola, citros, banana, etc”. A praga ainda não se difundiu<br />

pelo País devido à ação do Programa de Erradicação da mosca-da-carambola,<br />

sob coordenação do Ministério da Agricultura.<br />

No final de 2006, o programa ganhou uma rede de pesquisa de<br />

apoio, a ser conduzida pela Embrapa Amapá, para avaliar riscos<br />

de difusão e impactos na exportação de frutas. O coordenador,<br />

Ricardo Adaime, explica que “durante os três anos do projeto<br />

haverá palestras sobre a mosca-da-carambola. Como se trata de<br />

uma rede regional, haverá campanhas de educação fitossanitária<br />

nos Estados do Amapá, Pará, Acre, Amazonas, Maranhão, Rondônia,<br />

Roraima e Tocantins”.<br />

Mais informações sobre a mosca-da-carambola podem ser obtidas<br />

pelo telefone (11) 5668-7444 ou www.abrafit.org.br.<br />

WILSON RODRIGUES DA SILVA<br />

35


36<br />

OPINIÃO<br />

Nos anos 80, a economia de<br />

Junqueirópolis/SP era baseada no café,<br />

cultivado em sua maioria por pequenos<br />

agricultores. Quando a cultura entrou<br />

em declínio, no final daquela década,<br />

a cidade viveu uma crise sem precedentes<br />

e assistiu à migração para os<br />

grandes centros, de cerca de 13 mil dos<br />

seus 27 mil moradores. Alguns agricultores<br />

decidiram, então, cultivar maracujá.<br />

Por causa do preço pago para a<br />

fruta, optou-se por formar uma associação,<br />

cujo grande incentivador foi um<br />

padre espanhol. Em junho de 1990,<br />

nascia a Associação Agrícola<br />

Junqueirópolis – AAJ - com quarenta e<br />

quatro associados.<br />

Quando se fala em associativismo,<br />

pensa-se que ele só funciona bem porque<br />

está ligado ao poder público. Em<br />

relação à AAJ, inicialmente, a Prefeitura<br />

Municipal cedeu um terreno e a mãode-obra<br />

para construção de um barracão.<br />

Posteriormente, houve dificuldades<br />

com a administração municipal. Mas<br />

essas dificuldades impulsionaram para o<br />

crescimento. Os sindicatos locais foram<br />

mobilizados e a Associação Comercial<br />

transformou-se numa grande parceira.<br />

A associação ganhou vida própria e se<br />

valorizou. Mais tarde, introduziu o cultivo<br />

da acerola no município. A partir<br />

de 97, a Prefeitura Municipal retomou<br />

o apoio inicial, porém, hoje, a associação<br />

tem receita e vida próprias. São 91<br />

produtores, dos quais 65 de acerola,<br />

sendo os demais de uva e café. Há 6<br />

câmaras frias, avaliadas em mais de um<br />

milhão de reais, financiadas e pagas pelos<br />

produtores. Há ainda salão para cursos<br />

e cozinha industrial onde as mulheres<br />

fazem licores, doces e geléias, que<br />

são comercializadas na feira livre da cidade<br />

e na própria sede. A associação<br />

investiu na formação técnica do produtor,<br />

necessária para a transição do plantio<br />

do café para frutas. Investiu, também,<br />

na formação humana com palestras sobre<br />

saúde, motivação, etc.<br />

O maior desafio para uma associação<br />

é a consciência da importância da<br />

soma de idéias, do capital de inteligência.<br />

Esse é um ponto chave. Outro ponto<br />

fundamental é a representatividade<br />

do grupo. Sendo representativo, passa<br />

a ser alvo de interesse dos órgãos de<br />

pesquisa. É o caso da AAJ, que tem um<br />

produto diferenciado: Junqueirópolis é<br />

a campeã da acerola em São Paulo. A<br />

fruta segue para o Japão, Estados Unidos<br />

e Europa, onde os consumidores<br />

são exigentes. A produção atende às regras<br />

do mercado internacional. A associação<br />

têm contado com o apoio do<br />

<strong>Ibraf</strong>, Sebrae, Cati e universidades, que<br />

pesquisam e indicam os melhores caminhos.<br />

A política do governo atual<br />

também colabora com linhas de crédito<br />

a juros baixos e programas como o<br />

Venda Antecipada, da Conab, que adianta<br />

o valor da transação em conta exclusiva.<br />

O projeto da AAJ, de venda de<br />

polpa - que tem maior valor agregado<br />

-, é o sexto assinado no Estado. É um<br />

projeto que cria oportunidades para os<br />

produtores associados, pois a forma de<br />

ajudar através de grupos organizados é<br />

mais barata e mais eficiente.<br />

O atual governo tem enfatizado a<br />

importância do associativismo, cuja força<br />

o País ainda desconhece. À medida<br />

que as pessoas se organizam, todos ganham<br />

porque cada um coloca o seu<br />

conhecimento, o que tem de melhor,<br />

à disposição. Em meu caso, tenho somente<br />

4 anos de escola. Para suprir as<br />

deficiências, há uma boa equipe, com<br />

qualidades e habilidades diferentes das<br />

minhas. Quem participa de uma associação<br />

deve dar o melhor de si, da sua<br />

essência, do seu tempo, da sua experiência<br />

de vida. O dinheiro não é o diferencial,<br />

mas o capital da experiência à<br />

disposição de todos. Com a grande escola<br />

de vida no associativismo, nós associados<br />

aprendemos também a acreditar<br />

mais em Deus, pois nos propusemos<br />

a mobilizar a cidade inteira e a cidade<br />

se mobilizou, graças a Ele. As grandes<br />

mudanças vêm da base e não de<br />

A falta de sucesso das cooperativas é a falta de participação dos sócios.<br />

cima. O associativismo ajudou, e muito,<br />

a cidade a se recuperar, inclusive,<br />

voltou a crescer, pois está hoje com 18<br />

mil habitantes.<br />

A falta de sucesso das cooperativas<br />

decorre da falta de participação dos<br />

sócios, que, geralmente, abandonam a<br />

equipe eleita e, então, a cooperativa<br />

acaba. Associação é comprometimento;<br />

é participação. Não tem outra forma<br />

para melhorar as condições existentes.<br />

Quando sou convidado a fazer palestras,<br />

sempre digo: viver em comunidade<br />

é difícil, viver sozinho é impossível.<br />

Até em casa há dificuldade, quando<br />

se isola. Quando o homem descobrir a<br />

importância da comunidade se organizará<br />

em todas as áreas, não somente<br />

para produção. O associativismo ganhará<br />

força à medida que o homem evoluir<br />

no sentido humano, deixar do “eu”<br />

e tiver humildade para viver junto.<br />

Osvaldo Dias<br />

Presidente da Associação Agrícola<br />

Junqueirópolis/SP


nacionais<br />

abr<br />

jun mai<br />

01 a 30 • V FEPAGRI - Feira do Pq. Agricultor (Sind. Rural de Araraquara)<br />

CEAR - Centro de Eventos de Araraquara (Araraquara/SP)<br />

Info: Sindicato Rural Patronal de Araraquara (16) 3335-9100<br />

fepagri@fepagri.com.br<br />

10 a 12 • III Workshop Internacional de Pós-Colheita de Citros e<br />

II Workshop Internacional de Pós-Colheita de <strong>Frutas</strong><br />

Instituto Agronômico (IAC) - Av. Barão de Itapura, 1.481 (Campinas/SP)<br />

Info: Instituto Agronômico (19) 3231-5422 • chris@iac.sp.gov.br<br />

www.iac.sp.gov.br<br />

11 a 14 • TECNOHORT<br />

Parque de Exposições de Teresópolis (Teresópolis/RJ)<br />

Info: Versão BR Comunicação e Marketing • comercial@versaobr.com.br<br />

www.tecnohort.com.br<br />

30/04 a <strong>05</strong>/<strong>05</strong> • AGRISHOW Ribeirão Preto 2007 (Abimaq)<br />

Pólo de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Centro-<br />

Leste Anel Viário Km 321 (Ribeirão Preto/SP)<br />

Info: Publiê Publicações e Eventos (11) 5591-6300<br />

agrishow@agrishow.com.br • www.agrishow.com.br<br />

03 a 06 • Bio Brazil Fair 2007 - 3ª Feira Intl. de Prods. Orgânicos e<br />

Agroecologia (Assoc. de Prod. e Processadores de Orgânicos do Brasil)<br />

Pavilhão da Bienal - Parque Ibirapuera, portão 3 (São Paulo/SP)<br />

Info: Francal Feiras (11) 4689-3100 • feiras@francal.com.br<br />

www.biobrasilfair.com.br<br />

10 • 9º Dia da Tangerina (Centro Apta Citros Sylvio Moreira)<br />

Centro Apta Citros “Sylvio Moreira” - Inst Agronômico (Cordeirópolis/SP)<br />

Info: Centro Apta Citros Sylvio Moreira (19) 3546 -1399<br />

rose@centrodecitricultura.br • www.centrodecitricultura.br<br />

10 a 11 • ETECPONKAN (Centro Apta Citros Sylvio Moreira)<br />

Parque Municipal de Exposições(Teresópolis/SP)<br />

Info: Versão Br Comunicações e Marketing • comercial@versaobr.com.br<br />

www.etecponkan.com.br<br />

13 a 16 • 14ª HORTITEC (RBB Promoções & Eventos e Flortec<br />

Consultoria)<br />

Recinto de Exposições de Holambra (Holambra/SP)<br />

Info: RBB Promoções & Eventos (19) 3802-4196 • hortitec@hortitec.com.br<br />

www.hortitec.com.br<br />

20 a 23 • FRUTAL Amazônia (Instituto de Desenvolvimento da<br />

Fruticultura e Agroindústria - Frutal)<br />

Hangar de Convenções (Belém/PR)<br />

Info: Inst Frutal (85) 3246-8126 • geral@frutal.org.br • www.frutal.org.br<br />

23 a 26 • Agrotecnologia 2007 (Instituto Agrotecnologia)<br />

Sítio Pavilhão de Eventos da Nova Sede do SENAI (Petrolina/PE)<br />

Info: Nelbe Assessoria (87) 3862-1892 • nelbe@veloxmail.com.br<br />

www.agrotecnologia.org.br/evento2007<br />

28 e 29 • 6º Congresso Brasileiro de Agribusiness (ABAG –<br />

Associação Brasileira de Agribusiness)<br />

Hotel Transamérica (São Paulo/SP)<br />

Info: Wenter Eventos e ABAG (11) 5181-29<strong>05</strong> • cba@wenter.com.br<br />

www.abag.com.br<br />

internacionais<br />

abr<br />

mai<br />

jun<br />

AGENDA<br />

10 a 13 • ALIMENTARIA 2007<br />

FIA - LISBOA (Lisboa/Portugal)<br />

Info: Conceito Congressos e Eventos - Tereza Rodrigues (34 93) 452-<br />

0722 • (34 93) 451-6637 • trodrigues@conceitocongressos.com.br<br />

www.conceitobrazil.com.br<br />

14 e 15 • Food Expo 2007<br />

Centro de Convenções de Porto Rico (San Juan/Porto Rico)<br />

Info: Serviço Comercial dos Estados Unidos - Renato Sabaine<br />

(11) 5186-7300 • (11) 5186-7399 • renato.sabaine@mail.doc.gov<br />

www.focusbrazil.org.br<br />

18 a 20 • Foodnews Juice Asia 2007 & Technical Seminar<br />

Shanghai Convention Center (Shanghai/China)<br />

Info: Agra Net 44 (0) 207 017 7496 • conferences@agra-net.com<br />

www.agra-net.com/juiceasia<br />

22 a 26 • Intervitis Interfructa<br />

Messe Stuttgart (Stuttgart/Alemanha)<br />

Info: Câmara Brasil-Alemanha (11) 5187-5215 • (11) 5181-7013<br />

feiras@ahkbrasil.com • www.intervitis-interfructa.de<br />

26 a 28 • Mac Frut<br />

Cesena Fiera (Cesena/Itália)<br />

Info: <strong>Ibraf</strong> - Paulo Passos (11) 3223-8766 • paulopassos@ibraf.org<br />

www.brazilianfruit.com.br • www.macfrut.com.br<br />

07 a 10 • Rebulid Iraq 2007 - 4 ª Feira Intl p/ Reconstrução do Iraque<br />

Al Abdali Project (Omã/Jordania)<br />

Info: <strong>Ibraf</strong> - Paulo Passos (11) 3223-8766 • paulopassos@ibraf.org<br />

www.rebuild-iraq-expo.com<br />

08 a 11 • SAL - Salón de la Alimentación<br />

Feira de Madrid (Madri/Espanha)<br />

Info: Expotrade Consultoria Ltda (11) 3284-0069 • (11) 3171-0736<br />

ifemabrasil@terra.com.br • www.sal.ifema.es<br />

09 a 10 • Foodnews Juice Latin America<br />

Hotel Sofitel (São Paulo/Brasil)<br />

Info: IBC Brasil (11) 3017 6888 • customer.service@ ibcbrasil.com.br<br />

www.ibcbrasil.com.br/juice<br />

21 a 23 • V Cong. Iberoamericano de Tec. Agroexportaciones<br />

Escuela Técnica Superior de Ingenierie Agronómica (Cartagena, Mucia/<br />

Espanha)<br />

Info: Depto. Ing.de los Alimentos y del Equip. Agricola - Francisco Artés<br />

Calero (34 96) 832-5510 • (34 96) 832-5435 • fr.artes@upct.es<br />

www.upct.es/gpostref/congresoAITEP/index.php<br />

13 a 15 • 16ª Feira Internacional de Alimentos, Bebidas e Food Services<br />

China World trade Center (Beijimg/China)<br />

Info: Ferias Alimentarias - Irene Salazar (54 11) 4555-0195 • (54 11)<br />

4554-7455 • irene@feriasalimentarias.com • www.feriasalimentarias.com<br />

28 a 30 • Asia Natural & Organic Products<br />

Suntec City Hall 6 (Singapura/Singapura)<br />

Info: HQ Link Pte. Ltda. (65) 6534-3588 • (65) 6534-2330<br />

lauriechin@hqlink.com/ chin.laurie@gmail.com • www.npoasia.com<br />

37


38<br />

EVENTOS<br />

COLHEITA<br />

FARTA<br />

Empresários brasileiros apostam em eventos para<br />

compradores e consumidores na Alemanha e Emirados<br />

Árabes, para aumentar as exportações diretas, e colhem<br />

resultados animadores para os próximos meses.<br />

Fotos <strong>Ibraf</strong><br />

Na Semana Verde de Berlim consumidores<br />

conheceram os sucos do Brasil.<br />

Quase cinco mil copos de sucos de frutas oferecidos<br />

para os visitantes e negócios da ordem de<br />

US$27,9 milhões são o balanço principal da participação<br />

brasileira na Semana Verde de Berlim e na<br />

Fruit Logística, realizadas na Alemanha, que é responsável<br />

pela importação de 13,3 milhões de toneladas<br />

frutas (FAO). Além disso, o consumo per capita<br />

de frutas frescas e processadas naquele país é de<br />

122,5 quilos, segundo o GFK – organização alemã<br />

de pesquisa sobre o consumidor - sendo maçã, banana,<br />

laranja, tangerina e uva as frutas mais<br />

consumidas. A participação nos dois maiores eventos<br />

de alimentos alemães foi uma promoção do Instituto<br />

Brasileiro de <strong>Frutas</strong> (<strong>Ibraf</strong>), com o apoio da Apex-<br />

Brasil (Agência de Promoção de Exportação e Investimentos),<br />

que contou com a presença do embaixador<br />

do Brasil em Berlim, Luiz Felipe de Seixas Corrêa.<br />

O objetivo do <strong>Ibraf</strong> foi atingir duas frentes ao mesmo<br />

tempo. Na Semana Verde, houve contato direto<br />

com consumidor final, que provou o suco brasileiro<br />

e participou de pesquisa qualitativa. Já, a Fruit<br />

Logística é uma das maiores vitrines para expor produtos<br />

a compradores do mundo inteiro, que conta<br />

com a participação brasileira desde 2003. Para<br />

Valeska Oliveira, gerente executiva do <strong>Ibraf</strong>, “as duas<br />

feiras têm focos distintos, mas são eventos-chave para<br />

entender e atender o mercado alemão. Na Semana


Verde, foi possível traçar o perfil do consumidor diante<br />

do produto brasileiro e oferecer uma ferramenta às<br />

empresas, que permitirá estabelecer estratégias para<br />

acessar esse mercado. Por outro lado, os compradores<br />

precisam continuamente estar informados sobre o<br />

potencial de suprimento do Brasil, como fornecedor<br />

de frutas frescas e processadas”. A gerente executiva<br />

ressalta ainda que “os expositores brasileiros na Fruit<br />

Logística inovaram ao apresentar frutas menos conhecidas,<br />

como carambola, atemóia e goiaba, além de<br />

produtos conhecidos internacionalmente, mas pouco<br />

tradicionais no Brasil, como o mirtilo e a amora”.<br />

EFETIVAÇÃO DE NEGÓCIOS<br />

A Fruit Logística, realizada em fevereiro, gerou muitos<br />

frutos às 46 empresas brasileiras. Foram US$27,9<br />

milhões em negócios contra US$2,4 milhões realizados<br />

no ano passado, o que gerará cerca de 4,4 mil novos<br />

postos de trabalho nas empresas exportadoras. A participação<br />

deve proporcionar, ainda, mais US$ 28,8 milhões<br />

em negócios nos próximos 12 meses, resultado dos 1251<br />

contatos de 43 países, realizados durante o evento.<br />

Na edição deste ano, a feira inovou com a criação<br />

do Hall das Américas, onde ficou o Pavilhão brasileiro.<br />

O espaço foi criado especialmente para os países americanos,<br />

em função da importância das frutas provindas<br />

deste continente e do crescimento do evento, com<br />

15% a mais no número de expositores. Houve um<br />

aumento também no número de compradores. Segundo<br />

dados da Messe Berlim, organizadora do evento, circularam<br />

no local 42 mil compradores de 120 países, um<br />

incremento de 12% comparado com o ano anterior.<br />

Abpel e Coex promoveram limão e melão na Feira Alemã.<br />

EVENTOS<br />

A Messe Berlim realiza, de 5 a 7 de setembro, a 1ª<br />

edição da Ásia Fruit Logística, feira de negócios, que<br />

acontecerá junto ao Congresso de mesmo nome, em<br />

Bangkok. Em 2008, Berlim também será palco para os<br />

produtos minimamente processados e de conveniência,<br />

no Freshconex, feira a ser realizada paralelamente<br />

à Fruit Logística, voltada para o setor de fresh cut e<br />

para as indústrias de produtos de conveniência.<br />

SUCO BRASILEIRO:<br />

PROVADO E APROVADO<br />

A degustação de 4.832 copos de sucos de goiaba,<br />

maracujá, caju, manga, limão e água de coco, além de<br />

marmelada, goiabada, geléia e caipirinha foi a principal<br />

ação dos brasileiros durante a Semana Verde de Berlim,<br />

ocorrida em janeiro. A feira recebeu 430 mil visitantes,<br />

6% a mais do que no ano anterior, dentre eles<br />

100 mil compradores. Nos dez dias de feira, foram<br />

realizadas 971 pesquisas de opinião para diagnosticar<br />

se o consumidor daquele país conhece os sucos brasileiros<br />

e se aprova o seu sabor. “O público gostou bastante<br />

dos produtos degustados e ficou interessado em<br />

saber quando e onde poderia encontrar os sucos brasileiros”,<br />

afirma Paulo Passos, representante do <strong>Ibraf</strong><br />

no evento. O público entrevistado, em sua maioria,<br />

era adulto (88%) e do sexo feminino (77%). Foi constatado<br />

que 66% dos entrevistados não tinham conhecimento<br />

das frutas e nem dos sucos do Brasil, e 88%<br />

nunca tinham provado sucos ou bebidas à base de frutas<br />

nacionais, porém, ao degustar o produto, 90% dos<br />

entrevistados avaliaram como ótimo e bom.<br />

Fruit Logística é vitrine para as frutas nacionais na Alemanha.<br />

39


40<br />

EVENTOS<br />

LIMÃO E MELÃO<br />

Paralelamente à Fruit Logística, a Abpel (Associação Brasileira<br />

dos Produtores e Exportadores de Limão) e o Coex<br />

(Comitê Executivo de Fitossanidade do Rio Grande do Norte),<br />

em parceria com a Apex-Brasil, promoveram o limão<br />

taiti e melão brasileiros em Berlim. A promoção foi na<br />

Kadewe, uma das maiores lojas de departamento; no Aero-<br />

Mercado Promissor<br />

Para acessar um mercado altamente demandante de alimentos<br />

e aumentar as exportações de frutas e <strong>derivados</strong>, o<br />

Instituto Brasileiro de <strong>Frutas</strong> (<strong>Ibraf</strong>), em parceria com a<br />

Apex-Brasil, levou cinco empresas brasileiras à Gulfood,<br />

feira de negócios para os segmentos de alimentação, bebidas,<br />

food service e equipamentos de hospitalidade que<br />

abrange o Oriente Médio, África e Índia. Atlântica Foods,<br />

Itacitrus, Predilecta Alimentos, RBR Trading e ASTN (Associação<br />

das Indústrias Processadoras de Frutos Tropicais), efetivaram<br />

negócios de US$400 mil e prevêem mais US$3 milhões<br />

para os próximos 12 meses. O evento, realizado em fevereiro,<br />

em Dubai, nos Emirados Árabes, gerou oportunidade de negociar<br />

com compradores de países não tradicionais, como<br />

Emirados Árabes, Paquistão, Síria, Jordânia, Somália, Índia,<br />

Iraque, Irã, Palestina, Marrocos, Tanzânia, Malásia e Arábia<br />

Saudita. Luis Curado, representante da ASTN no evento, acredita<br />

que “a região tem forte potencial para os sucos, sendo<br />

que houve muita procura pelos sabores do Brasil, como o<br />

caju”. A goiaba vermelha, oferecida como suco, foi a grande<br />

atração para os compradores da região, que conhecem apenas<br />

a variedade branca.<br />

A Gulfood é uma feira de<br />

negócios em plena evolução.<br />

Segundo dados dos<br />

organizadores, houve aumento<br />

de 40% no espaço<br />

de exposição comparado<br />

com a edição anterior, refletindo<br />

o incremento do<br />

mercado de alimentos na<br />

região. Para Moacyr Saraiva<br />

Fernandes, presidente<br />

do <strong>Ibraf</strong>, “este é um evento-chave<br />

para acesso e ampliação<br />

das exportações de<br />

frutas frescas e processadas<br />

a este mercado”.<br />

Fernandes ressalta que “os<br />

Emirados Árabes, e os de-<br />

porto Tegel; numa escola de culinária para futuros formadores<br />

de opinião; e na Churrascaria Brazil, localizada na principal<br />

avenida da cidade. A ação compreendeu a degustação do<br />

melão e entrega de “kits limão”. Conforme Waldyr Promicia,<br />

presidente da Abpel, como o limão precisa ser preparado<br />

para degustação, “o consumidor levou o limão, acompanhado<br />

de folheto com informações nutricionais e de preparo,<br />

para poder prová-lo”, ressalta Promicia.<br />

mais países árabes, têm tido crescimento expressivo no<br />

consumo de frutas e sucos, por causa do clima quente,<br />

alto poder aquisitivo e restrições governamentais para consumo<br />

de refrigerantes para combater a obesidade”.<br />

PARCERIAS<br />

Público presente saboreou sucos brasileiros em estande na Gulfood.<br />

O <strong>Ibraf</strong> também promoveu, em parceria com a Abiec (Associação<br />

Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne),<br />

a divulgação dos sucos de frutas brasileiros a cerca de 240<br />

convidados de redes de varejo, representantes do governo,<br />

empresas de cattering, rede hoteleira e formadores de<br />

opinião. A Abiec ofereceu aos convidados um workshop<br />

com degustação de churrasco e sucos de goiaba, manga,<br />

abacaxi e maracujá, além de goiabada, no Hotel Jumeirah<br />

Beach, em Dubai. Fernandes considera esta fórmula de parceria<br />

muito interessante e planeja expandir o modelo com<br />

novas parcerias.<br />

Foram realizados também encontros com redes de supermercados<br />

visando a promoção da fruta nacional e seus <strong>derivados</strong><br />

no varejo do Exterior por meio do projeto Brazilian<br />

Fruit Festival. Lívia Marques,<br />

coordenadora do<br />

projeto, comenta que<br />

“não foram encontradas<br />

nenhuma variedade de<br />

frutas brasileiras nas<br />

principais lojas da região,<br />

o que demonstra oportunidades<br />

de novos negócios<br />

para este mercado”. Os<br />

frutos da visita já podem<br />

ser contabilizados. Segundo<br />

a coordenadora, “o<br />

projeto será levado para<br />

uma rede de supermercados<br />

indiana de Dubai, no<br />

segundo semestre, e há<br />

outras negociações em<br />

andamento”.


ABACAXI<br />

MINIMAMENTE<br />

PROCESSADO<br />

Considerada uma<br />

das melhores frutas<br />

para processamento<br />

mínimo, o abacaxi<br />

permite vários<br />

tipos de preparo.<br />

O abacaxi, também chamado de ananás, é nativo da América<br />

do Sul. Seu fruto é, na verdade, uma frutescência: cada<br />

gominho é um fruto independente, que se juntou com os<br />

demais durante o processo de crescimento. É rico em vitamina<br />

C, contém boas quantidades de sais minerais como cálcio,<br />

fósforo e ferro e vitamina A. O abacaxi facilita a digestão<br />

de produtos protéicos como carnes, peixes e aves pela alta<br />

porcentagem de celulose. Cem gramas de abacaxi fornecem<br />

52 calorias. Nos últimos anos, tem-se enfatizado a necessidade<br />

do consumo de frutas e hortaliças frescas para uma dieta<br />

saudável. Ao mesmo tempo, há uma demanda crescente<br />

de alimentos mais convenientes, frescos, que sejam menos<br />

processados e prontos para o consumo.<br />

O abacaxi é considerado o “rei dos frutos” devido sua<br />

excelente qualidade sensorial. Os maiores problemas com<br />

abacaxi minimamente processado são a alteração de cor,<br />

perda de “flavor” (sabor e aroma) e textura. Isto acontece<br />

devido ao estresse das operações para o processamento mínimo<br />

(eliminação das partes não comestíveis, seguida de cortes<br />

em tamanhos menores). Esse estresse causa um aumento<br />

no metabolismo das frutas e hortaliças, levando à sua deterioração.<br />

Técnicas que retardam estes problemas incluem<br />

armazenamento em baixas temperaturas, atmosfera modificada,<br />

usando baixa concentração de O 2 e alta concentração<br />

de CO 2 . A sanitização com cloro (100 ppm por no mínimo 5<br />

minutos) é amplamente recomendada para as frutas minimamente<br />

processadas, entre elas o abacaxi. Também tem sido<br />

demonstrado que, em produtos que possam perder a quali-<br />

41


Bolhas de ar<br />

denigrem<br />

imagem e<br />

qualidade dos<br />

produtos<br />

minimamente<br />

processados.<br />

42<br />

ARTIGO TÉCNICO<br />

dade por escurecimento enzimático, tratamentos de<br />

lavagem com ácido ascórbico podem reduzir o<br />

escurecimento observado em fatias de maçã, batata<br />

e abacaxi. Com relação ao emprego de cloro<br />

como sanitizante em unidades de processamento<br />

mínimo do abacaxi, sugere-se para saladas cubetadas<br />

uma concentração ótima de cloro ativo de 100 ppm.<br />

Convém salientar entretanto que o cloro simplesmente<br />

retarda a alteração microbiana, porém não<br />

mostra nenhum efeito benéfico sobre as desordens<br />

bioquímicas e fisiológicas .<br />

PATÓGENOS IMPORTANTES<br />

Na indústria, o manuseio impróprio, o uso de<br />

equipamentos mal-sanitizados e algumas etapas do<br />

processamento mínimo, como o fatiamento, geralmente,<br />

promovem aumento na população de microrganismos<br />

em frutas e hortaliças e podem comprometer<br />

a qualidade e a segurança do produto final<br />

ou diminuir o tempo de conservação. Por outro<br />

lado, as técnicas para estender a vida útil desses produtos<br />

podem aumentar o risco potencial de desenvolvimento<br />

de patógenos e, portanto, devem ser<br />

cuidadosamente avaliados. Durante o<br />

descascamento, corte e fatiamento, a superfície do<br />

abacaxi é exposta ao ar e, com isso, é possível a<br />

contaminação com bactérias, leveduras e mofos.<br />

A microbiota de produtos frescos consiste, em<br />

geral, de espécies de Enterobactérias e Pseudomonas,<br />

enquanto bactérias do ácido lático e fungos podem estar<br />

presentes em números relativamente baixos. Ocasionalmente,<br />

patógenos podem ocorrer em razão do uso<br />

de água para irrigação ou fertilizantes contaminados,<br />

durante o cultivo ou como consequência da falta de<br />

higiene durante o processamento. Embora o crescimento<br />

de microrganismos patogênicos e<br />

deterioradores, em produtos minimamente processados,<br />

possa ser inibido ou retardado pela combinação<br />

adequada de atmosfera modifica e temperatura. Dentre<br />

os patógenos psicotróficos encontrados em produtos<br />

minimamente processados destacam-se L.<br />

ROGÉRIO LOPES VIEITES/UNESP BOTUCATU/SP<br />

monocytogenes, Yersinia enterocolitica e Aeromonas<br />

hydrophyla, que são capazes de crescer em certos produtos<br />

minimamente processados, mantidos sob refrigeração.<br />

Entretanto outros microrganismos patogênicos<br />

são de relevância nesses produtos e incluem:<br />

Salmonella, Shigella, Campylobacter, Escherichia coli,<br />

Staphylococcus aureus, C. botulinium, Bacillus cereus,<br />

espécies de Vibrio, vírus da hepatite A e Norwalk, além<br />

de parasitas como Cryptosporidium e Cyclospora.<br />

O abacaxi minimamente processado deve ser<br />

mantido entre 3 e 6 o C durante o processamento,<br />

o transporte e o armazenamento até o consumo.<br />

Temperaturas mais baixas, como 0 o C, durante o<br />

processamento podem causar injúrias no tecido das<br />

frutas. A compreensão dos efeitos que os principais<br />

gases presentes em embalagens sob atmosfera modificada<br />

exercem sobre a microbiota do produto é<br />

fundamental para prever o comportamento dessa<br />

microbota e, dessa forma, estimar o tempo de conservação<br />

do produto. O oxigênio, em geral, permite<br />

o crescimento de bactérias aeróbias e pode inibir<br />

o crescimento dos anaeróbios estritos, embora<br />

exista uma grande variação na sensibilidade dos<br />

aeróbios ao O 2 . A redução do oxigênio no interior<br />

da embalagem, inibe a proliferação da microbiota<br />

aeróbia presente mas vai estimular o crescimento<br />

de microaerófilos e anaeróbios.<br />

CONDIÇÕES ADEQUADAS<br />

O gás carbônico, solúvel em água e lipídeos, é<br />

o principal responsável pelo efeito bacteriostático<br />

observado em microrganismos nos produtos minimamente<br />

processados embalados sob atmosfera<br />

modificada. No entanto, concentrações altas possibilitam<br />

o estabelecimento de condições onde microrganismos<br />

patogênicos aeróbios, tais como<br />

Clostridium botulinum , possam crescer. Deve-se<br />

considerar também que a exposição de produtos<br />

frescos a concentrações de O e CO , respectiva-<br />

2 2<br />

mente, abaixo de 2,0 % e acima de 10 % , limites<br />

de tolerância, pode aumentar a respiração anaeróbia<br />

e acelerar o desenvolvimento de odores desagradáveis,<br />

pelo aumento de etanol e acetaldeído. As<br />

combinações requeridas de temperatura, concentrações<br />

de O e CO variam com o tipo de pro-<br />

2 2<br />

duto vegetal, variedade, origem, maturação e a<br />

estação em que foi colhido.<br />

O armazenamento do abacaxi minimamente<br />

processado em condições adequadas é um<br />

ponto fundamental para o sucesso dessa<br />

tecnologia. Temperatura, umidade relativa e<br />

composição atmosférica no interior da embalagem<br />

são condições ambientais que podem<br />

ser manipuladas para diminuir a respiração.


ARTIGO TÉCNICO<br />

Processamento passo-a-passo<br />

O abacaxi permite vários tipos de preparo, como cortado em<br />

cubos, em rodelas sem o cilindro central, em metades longitudinais<br />

com a casca ou em metades transversais. O<br />

processamento mínimo pode também ser feito para aproveitamento<br />

de partes de frutos que não estejam lesionados ou<br />

deformados. Seu processamento mínimo envolve várias etapas:<br />

Colheita e transporte: Os frutos de abacaxi devem ser<br />

colhidos ao atingirem o ponto de amadurecimento “pintado”,<br />

pois neste estádio apresentam as melhores características<br />

para o consumo. Os frutos devem ser transportados<br />

para o local de processamento em, no máximo, 24<br />

horas após a colheita.<br />

Recepção: Os frutos, por ocasião do recebimento devem<br />

ser selecionados, para tornar o lote mais uniforme quanto<br />

ao grau de maturação e de danos mecânicos ou podridões.<br />

Em seguida, as coroas são cortadas, deixando-se<br />

um “talo” de aproximadamente 2,0 cm, para evitar a entrada<br />

de patógenos e minimizar o estresse.<br />

Lavagem: Os frutos selecionados são então lavados em<br />

água corrente utilizando detergente neutro comum, que<br />

tem como ingrediente ativo o alquil benzeno sulfonato<br />

de sódio.<br />

Enxágüe: Após a lavagem, os frutos são imersos por cinco<br />

minutos em água fria a 5ºC contendo 200 mg de cloro. L-1 (100 mL de água sanitária em 10 L de água), para desinfecção<br />

e remoção do calor de campo (Toda Fruta, 2003).<br />

Depois da diminuição de temperatura dos produtos vegetais,<br />

considera-se que a embalagem em atmosfera modificada<br />

é o método mais eficaz para prolongar a vida útil de<br />

vegetais frescos e pré-processados. A aplicação efetiva de<br />

tecnologia para o processamento mínimo do abacaxi, depende,<br />

portanto, do conhecimento das características intrínsecas<br />

da fruta e das transformações bioquímicas específicas<br />

que ocorram nelas. O controle dessas transformações<br />

através do manuseio adequado do produto e das condições<br />

do ambiente (notadamente temperatura, umidade e concentração<br />

de gases) durante o processamento, armazenamento,<br />

distribuição e comercialização é a melhor forma para a obtenção<br />

de produtos com boa qualidade, maior tempo de vida útil<br />

e com segurança para o consumo.<br />

Prof. Dr. Rogério Lopes Vieites<br />

UNESP - Faculdade de Ciências Agronômicas - Botucatu/SP;<br />

Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial<br />

Tel (14) 3811-7172 • vieites@fca.unesp.br<br />

Câmara fria: Em seguida os frutos devem ser mantidos<br />

em câmara fria a 10ºC, previamente lavada e higienizada<br />

com solução de cloro a 200 mg.L-1 , por um período de 12<br />

horas, para o abaixamento da temperatura.<br />

Processamento mínimo: Deve ser feito a 10ºC, com os<br />

utensílios (facas, baldes, escorredores etc.) previamente<br />

higienizados. Os operadores devem usar luvas, aventais,<br />

gorros e máscaras, procurando proteger ao máximo o produto<br />

de prováveis contaminações. Os frutos podem ser<br />

submetidos a vários tipos de preparo, com destaque para<br />

os descascados e cortados em rodelas de 1,5 cm de espessura<br />

ou descascados e cortados em metades longitudinais.<br />

Enxágüe com água clorada: Para eliminar o suco celular<br />

extravasado, os pedaços devem ser enxaguados com água<br />

clorada, a 20 mg de cloro.L-1 .<br />

Escorrimento: Os pedaços devem ser escorridos por dois<br />

a três minutos, para se eliminar o excesso de umidade.<br />

Embalagem: Podem ser utilizadas embalagens de<br />

polietileno tereftalatado (PET), plásticas ou bandejas de<br />

isopor recobertas com filme de cloreto de polivinila (PVC)<br />

esticável.<br />

Armazenamento: Os produtos devem ser armazenados em<br />

condições refrigeradas. Esta temperatura deve ser mantida<br />

durante o transporte e a comercialização. Indica-se temperaturas<br />

entre 3ºC e 6ºC.<br />

artigos técnicos podem ser enviados para redacao@frutase<strong>derivados</strong>.com.br<br />

43


44<br />

CAMPO & CULTURA<br />

FRUTAS BRASILEIRAS E<br />

EXÓTICAS CULTIVADAS<br />

A publicação “<strong>Frutas</strong> Brasileiras e Exóticas Cultivadas<br />

de consumo in natura” contempla 827 tipos diferentes<br />

de frutas nativas e exóticas e é resultado de ampla<br />

pesquisa sobre o assunto nos últimos cinco anos em<br />

todo o território brasileiro. O livro aborda principalmente<br />

o grupo das espécies nativas, no qual são discutidos<br />

vários aspectos do cultivo das plantas frutíferas, sua<br />

importância econômica, seu valor nutricional como<br />

alimento e detalhes sobre sua multiplicação.<br />

Na primeira parte do livro são apresentadas apenas<br />

espécies nativas no território brasileiro, tanto as<br />

cultivadas comercialmente, quanto as domésticas ou<br />

as encontradas na natureza. Na segunda parte são<br />

tratadas apenas as espécies exóticas ou as introduzidas<br />

de outros países e cultivadas comercialmente ou<br />

em pomar doméstico no Brasil. Dos 827 diferentes<br />

tipos de frutas abordados no livro, 312 são nativas e<br />

515 exóticas.<br />

Cada fruta é apresentada em uma única página inteira,<br />

com indicações de sua origem ou habitat natural,<br />

descrição resumida de suas características morfológicas,<br />

época de floração e frutificação. Sob o título<br />

“Utilidades”, é descrito o modo de consumo dos frutos<br />

e, sob o título “Multiplicação”, é apresentada a forma<br />

de propagação da planta.<br />

Autores: Harri Lorenzi, Luis Bacher, Marco Lacerda e<br />

Sergio Sartori<br />

Editora: Plantarum<br />

Páginas: 627<br />

Onde encontrar:<br />

Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda.<br />

Avenida Brasil, 2.000 - Distrito Industrial<br />

CEP 13460-000 - Nova Odessa/SP<br />

Fone: (19) 3466-5587<br />

Fax: (19) 3466-6160<br />

Site: www.plantarum.com.br<br />

E-mail: vendas@plantarum.com.br<br />

POMAR DOMÉSTICO<br />

CASEIRO - FAMILIAR<br />

<strong>Frutas</strong> de primeira qualidade na família 365 dias do<br />

ano, para você e sua família plantar e cuidar estão<br />

em Pomar Doméstico - Caseiro – Familiar. O livro<br />

orienta na escolha de mudas, local do pomar, preparo<br />

do solo, variedades, época e maneira correta de<br />

plantar, adubar, tratos culturais e ponto de colheita<br />

dos frutos maduros para o consumo da família.<br />

Aborda ainda a indicação para o controle de doenças<br />

e das pragas com o uso de produtos mais naturais<br />

para garantir a melhor qualidade na produção e no<br />

consumo de frutas de primeira qualidade.<br />

As frutas colhidas têm ótimo ponto de maturação,<br />

garantia de qualidade, sem a presença de produtos<br />

químicos prejudiciais à saúde, equilíbrio entre acidez,<br />

sólidos solúveis, muitas vitaminas, sais minerais e<br />

fibras. Estão disponíveis, diariamente, e permitem seu<br />

consumo ao natural, em receitas especiais, na forma<br />

de suco, no preparo de geléias, suco concentrado,<br />

doce de massa, cristalizados, polpa concentrada e<br />

congelada.<br />

As plantas frutíferas melhoram o visual, embelezam<br />

e valorizam a propriedade, além de absorver o excesso<br />

de água das chuvas, contribuir para diminuir a erosão,<br />

melhorar o microclima, regularizar as temperaturas<br />

extremas, aumentar a microflora e criar um ambiente<br />

saudável, contribuindo para a melhoria e manutenção<br />

da qualidade de vida dos seus moradores.<br />

Autores: Ivo Manica, Ivone M. Icuma, Keize P.<br />

Junqueira e Nilton T. V. Junqueira<br />

Editora: Cinco Continentes Editora<br />

Páginas: 112<br />

Onde encontrar:<br />

Rua Buarque de Macedo, 480 - bairro São Geraldo -<br />

Porto Alegre/RS - CEP 90.230-250<br />

Fone: (51) 3264-1377<br />

Fax: (51) 3019-8768<br />

E-mail:5continentes@5continentes.com.br


PRODUTOS E SERVIÇOS<br />

45


46<br />

FRUTA NA MESA<br />

DELICADEZA DO<br />

FIGO<br />

Marlene Simarelli<br />

O fruto carnoso da figueira (Fícus<br />

carica) é conhecido desde os<br />

primórdios da humanidade, com relatos<br />

na Bíblia. Pesquisadores estimam<br />

que sua procedência seja do sul da<br />

Arábia, de onde se espalhou para o<br />

mundo. No Brasil, chegou com os portugueses<br />

no século 16. A variedade Figo<br />

Roxo foi introduzida pelo italiano Lino<br />

Busato, em 1900, em Valinhos/SP. Imigrantes<br />

italianos ali radicados começaram<br />

a produção comercial no País. A<br />

cultura se tornou tão importante para<br />

o município que a variedade é conhecida,<br />

hoje, como “De Valinhos”. “Existem<br />

mais de 150 variedades de figos,<br />

com cores que vão do branco ao verde,<br />

marrom, vermelho, roxo e até o<br />

preto”, relata o professor Rogério<br />

Lopes Vieites, do Departamento de<br />

Gestão e Tecnologia Agroindustrial da<br />

Faculdade de Ciências Agronômicas, da<br />

Unesp, em Botucatu/SP. Seu cultivo se<br />

dá em São Paulo, Minas Gerais, Rio<br />

Grande do Sul e, mais recentemente,<br />

nas serras do Ceará.<br />

O figo é consumido verde, na forma<br />

de doces, e maduro ao natural. Vieites<br />

explica que “o valor nutritivo muda conforme<br />

a variedade. É rico em açúcar,<br />

contém sais minerais, sendo um dos<br />

frutos de clima temperado que possui<br />

mais cálcio. Possui ainda cobre, potássio,<br />

magnésio, sódio e traços de<br />

zinco”. Uma curiosidade, segundo<br />

Vieites, “é o uso do látex do figo verde<br />

para coalhar o leite, sendo de 30 a<br />

100 vezes mais potente do que<br />

outros coalhos”.<br />

RECEITAS DA PRODUTORA<br />

ANTONIA BROTTO<br />

SORVETE DE FIGO<br />

Ingredientes: 10 figos maduros descascados, 2 xícaras (chá)<br />

de água, 2 xícaras (chá) de açúcar, 2 claras em neve e 1 lata de<br />

creme de leite.<br />

Modo de preparo: bata no liquidificador 8 figos e a água.<br />

Passe pela peneira, acrescente o açúcar, misture bem e leve<br />

ao fogo até formar uma calda grossa. Adicione a calda quente<br />

às claras em neve, aos poucos, mexendo sempre até misturar<br />

bem. Acrescente o creme de leite e os 2 figos restantes picadinhos,<br />

misturando bem até formar um creme homogêneo. Leve<br />

ao congelador. Remexa o sorvete de vez em quando para que<br />

gele por igual.<br />

DOCE RAMI<br />

Ingredientes: 2 ½ quilos de figo quase no ponto de comer,<br />

2 copos de açúcar, 2 copos de água, algumas folhas novas<br />

da fruta.<br />

Modo de preparo: coloque os figos para aferventar durante<br />

uma hora, trocando a água duas vezes. À parte, prepare uma<br />

calda de espessura média com 2 copos de açúcar, 2 copos de<br />

água e as folhas do figo. Pegue os figos aferventados e passe<br />

para a calda, deixando apurar por 1 ½ hora. Retire, coloque<br />

numa assadeira e leve ao forno por mais 1 hora. Sirva as unidades<br />

uma a uma.<br />

Antonia Brotto é produtora de figo em Campinas/SP, onde clima e solo<br />

favorecem o cultivo. Sua família planta figos desde 1965. Para ela, o maior<br />

desafio da cultura é o controle da mosca-da-fruta na época de chuva, feita<br />

com armadilhas. Parte da produção de Brotto é exportada para a Europa,<br />

seguindo os princípios exigidos pelo EurepGap. Ela conta que “a colheita é manual,<br />

com pessoal treinado, pois o figo é uma fruta muito delicada”.

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