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Rosemyriam Ribeiro dos Santos Cunha - Programa de Pós ...

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Seis mulheres indicaram as “privações afetivas” como um fato que marcou o<br />

tempo em que constituíam suas famílias. Por privação afetiva enten<strong>de</strong>-se, no atual<br />

contexto, a ausência <strong>de</strong> atenção e <strong>de</strong> apoio afetivo e emocional por parte das<br />

pessoas próximas, como o marido e os familiares. Referiram-se a isto dizendo que:<br />

Meu pai, minha mãe, meu irmão, ninguém ligava aquele tempo [...] Meu<br />

sogro era muito bravo, muito nervoso [...] Não posso me conformar como é<br />

que meu marido me <strong>de</strong>ixou sozinha (E 1).<br />

[...] luta triste, viu? Ninguém me ajudava, só eu mesma (E 3).<br />

Eu ficava <strong>de</strong> dieta [...] ih, mulher do céu! O marido era daqueles mais antigo<br />

[...] que mulher é <strong>de</strong> ferro, né [...] me <strong>de</strong>ixou sozinha com dois dias [...] eu<br />

tinha que fazer pão, não tinha lenha, chuva, sabe? Mês <strong>de</strong> junho (E 6).<br />

[...] um choque <strong>de</strong> cultura, <strong>de</strong> hábitos [...] morando junto, muda. [...] comecei<br />

com umas crises nervosas [...] hoje sei que é estresse (E9).<br />

[...] a filha tinha um mês e <strong>de</strong>z dias quando ele faleceu. Então foi assim, um<br />

começo <strong>de</strong> vida tumultuado, sofrido (E1).<br />

A mãe <strong>de</strong>le era uma mulher muito metida [...] você vai se <strong>de</strong>cepcionando!<br />

(E 8).<br />

A “falta <strong>de</strong> auxílio na criação <strong>dos</strong> filhos”, isto é, a falta <strong>de</strong> ajuda no cuidado<br />

das crianças pequenas e <strong>de</strong> apoio às mulheres no período pós-parto, foi uma das<br />

dificulda<strong>de</strong>s encontradas por oito <strong>de</strong>las enquanto construíam suas famílias:<br />

Casei muito nova, com 16 anos. Com 17 tive meu primeiro filho [...] pra<br />

ajudar, pra cuidar, nada. Sozinha, ganhava criança, dali dois dias já<br />

levantava (E 12).<br />

Meus filhos eram muito pequenos, minha sogra faleceu. Cui<strong>de</strong>i <strong>de</strong>la até o<br />

fim. Não me arrependo. Fiquei sozinha com meus filhos e meu marido [...] aí<br />

ele começou a arrumar amante [...] (E 4)<br />

A gente agüentava tudo sozinha (E 8).<br />

A vida aqui ficou mais difícil porque eu não tinha, assim, conheci<strong>dos</strong>. A<br />

gente per<strong>de</strong>u o chão (E 5).<br />

Antigamente o marido não ajudava em casa. A gente tinha que fazer tudo.<br />

Levar filho na escola [...] tirava leite da vaca, fazia queijo, fazia não sei o quê<br />

(E7).<br />

Eu estava esperando a segunda menina, a que morreu [...] daí tinha gasosa.<br />

Ele tomando gasosa e eu num canto [...] a tia dizia assim: tem gente que<br />

não vai toma [...] a gente tinha vergonha [...] (E 1).<br />

Quando começaram a constituir suas famílias, <strong>de</strong>z das mulheres<br />

encontravam-se trabalhando. Destas, duas abandonaram a carreira em prol da<br />

família não retornando mais às suas profissões e oito continuaram no trabalho<br />

enquanto criavam os filhos. Duas <strong>de</strong>dicaram-se exclusivamente à criação <strong>dos</strong> filhos<br />

e somente após consi<strong>de</strong>rá-los cria<strong>dos</strong> voltaram-se para a construção da vida<br />

profissional.<br />

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