17.04.2013 Views

Rosemyriam Ribeiro dos Santos Cunha - Programa de Pós ...

Rosemyriam Ribeiro dos Santos Cunha - Programa de Pós ...

Rosemyriam Ribeiro dos Santos Cunha - Programa de Pós ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

pensar que o tempo <strong>de</strong> namoro <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser um fator <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> um convívio<br />

mais fácil após o casamento. Conforme observou uma <strong>de</strong>las: “[...]casar é uma coisa<br />

muito estranha, né? Você po<strong>de</strong> namorar, conviver assim. [...].você não chega a<br />

conhecer bem as pessoas. Só <strong>de</strong>pois que você convive <strong>de</strong> manhã, <strong>de</strong> tar<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

noite. Aí você conhece. Daí vem os senões da vida” (E 5).<br />

Construção da Vida e Chegada <strong>dos</strong> Filhos<br />

Quando iniciaram a fase <strong>de</strong> constituição <strong>de</strong> suas famílias, oito mulheres<br />

continuaram a trabalhar enquanto gestavam e criavam seus filhos. Elas disseram ter<br />

passado por “carência financeira”. Enten<strong>de</strong>-se por carência financeira uma condição<br />

econômica que não permite ao casal sustentar as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> moradia,<br />

alimentação e saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas famílias. Assim elas se expressaram:<br />

[...] então a gente ficava naquele sofrimento. Aí eu peguei e fui trabalhar fora<br />

<strong>de</strong> diarista [...] eu levava tudo junto <strong>de</strong> bicicleta [...] um sentadinho atrás e<br />

um na cestinha da frente. Aí eu sentava eles assim embaixo da escada e<br />

dava brinquedinho para eles. E lá eles ficavam o dia inteiro, brincando. E eu,<br />

trabalhando (E 1).<br />

A situação financeira era ruim [...] trabalhava pela morada [...] tava já com<br />

um barrigão e ia no mato ajudar o marido. Lá no campo furou a bolsa. Daí<br />

começou as dores, lá no campo, eu trabalhando. Depois ele nasceu [...] ele<br />

ia comigo. Ia para o rio para lavar a roupa (E 3).<br />

Naquela época eu trabalhava que nem doida para criar o filho [...] lavando<br />

roupa dia a dia. Lavava e entregava e sobrevivia com esse dinheiro [...] as<br />

crianças já sabiam que a gente não conseguia comprar nada pra eles, então<br />

[...] (E 2).<br />

Era dinheiro contadinho, aluguel, luz, lenha, eram <strong>de</strong>spesas [...] tive<br />

preocupações, <strong>de</strong>ixar a filha com terceiros [...] pessoas <strong>de</strong> boa índole que<br />

também eram mães e <strong>de</strong>ixavam também seus filhos nas mãos <strong>de</strong> terceiros<br />

para po<strong>de</strong>rem sobreviver (E 9).<br />

A morte <strong>de</strong> filhos foi relatada por duas mulheres como um fator que interferiu<br />

na construção e constituição <strong>de</strong> suas vidas:<br />

[...] a gente fazia um pouquinho e já ia pra trás. Por causa da doença das<br />

crianças [...] a gente gastava, né, levava no médico, <strong>de</strong>pois tinha que<br />

enterrar [...] eu até me conformava [...] tinha morrido minha última nenê. Ela<br />

morreu na rua [...] ele, acho que <strong>de</strong>u meningite (E 1).<br />

Sofri um aborto no 6 o mês <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z, fiquei muito triste [...] Depois não<br />

engravi<strong>de</strong>i mais (E 11).<br />

74

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!