Rosemyriam Ribeiro dos Santos Cunha - Programa de Pós ...
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CAPÍTULO II VELHICE: ESTUDOS E PESQUISAS Esta parte do trabalho trata da produção científica sobre o envelhecimento e a velhice. Inicia-se com um breve retrospecto histórico sobre a produção literária existente na área desde a Antiguidade até os fins do século XIX, caminho que culminou na sistematização da Geriatria e da Gerontologia como duas áreas de conhecimento (LEME, 1996). Partindo do entendimento de que estas duas áreas do saber direcionaram os estudos subseqüentes para o âmbito de temáticas distintas, quais sejam, a clínica e a social, procura-se resenhar as pesquisas que vêm sendo realizadas no Brasil. Esta amostragem, embora trate de produções recentes, também indica revisões de trabalhos feitos desde os meados do século XX, época em que houve um incremento dos trabalhos voltados para o envelhecimento como fenômeno social. Em seguida, abordam-se os temas que vem sendo estudados em cursos de pós-graduação brasileiros, sobre a temática da velhice. Sem a pretensão de mostrar a totalidade da produção científica já concretizada no âmbito do envelhecimento, o objetivo desta revisão é trazer ao conhecimento do leitor um panorama dos temas e dos saberes centrados no estudo da velhice. Por esta razão, e por questões metodológicas abaixo explicitadas, as obras e as instituições aqui mencionadas representam apenas a “ponta do iceberg” de um vultoso campo de ensino e produção científica. Fica, ainda, à disposição de futuras investigações um vasto campo qualificado na geração de conhecimento e merecedor de estudos que apontem suas especificidades e produtividades. A seguir, passa-se a tecer esclarecimentos sobre as universidades que oferecem programações educativas abertas à terceira idade, bem como a relacionar as universidades e programas que geram conhecimento sobre a velhice. Após a exposição sobre estas duas iniciativas que, ao reunir especialistas estudiosos da velhice, passaram a organizar grupos de estudo sobre o envelhecimento, este capítulo finaliza disponibilizando dados sobre estes grupos de pesquisa. Aqui tomou- se como apoio a investigação feita pelas pesquisadoras Shirley Prado e Jane Dutra (2007), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 26
Primeiras Obras Segundo Leme (1996), desde a Antiguidade existem registros gráficos e documentos escritos sobre a velhice. Data de 2800-2900 a.C., um hieróglifo egípcio que representa velho ou envelhecer. Entre 1600-1550 foram encontrados no Egito papiros contendo recomendações, ainda úteis na atualidade, a respeito da contenção de hemorragias, doença dos olhos e outros órgãos internos, mostrando preocupações com o rejuvenescimento ( LEME, 1996). Entre o povo hebreu, os principais registros estão na Bíblia. No livro Eclesiástico, escrito aproximadamente 200 anos antes de Cristo, estão registrados os cuidados que se aconselhavam aos idosos. Outros tratados, como o de Guittin, recomendam cuidados à saúde dos anciãos (LEME, 1996). Na Índia, o tratado de Sushruta Samhita, escrito em 400 d.C. já mencionava o rejuvenescimento e o prolongamento da vida. Na China, o tratado de Benkao Gang Mu, escritor de 300 a.C. reconhece a limitação natural da vida humana, acreditando que esta deveria durar até a senectude com a preservação da faculdades mentais e dos sentidos (LEME, 1996). Na Grécia, Hipócrates, o “pai da medicina”, no século V antes de Cristo, registrou observações sobre alterações peculiares aos cidadãos mais velhos. Ele recomendava aos idosos moderação nas atividades e desaconselhava a suspensão das ocupações habituais. Um século mais tarde Aristóteles escreveu sua teoria sobre o envelhecimento nos livros Sobre a Juventude e a Velhice, Sobre a Vida e a Morte e Sobre a Respiração. Na antiga Roma, Marco Túlio Cícero escreveu Sobre a Velhice (De Senectude), no qual faz considerações sobre os problemas do envelhecimento. Celsus e Galeno, médicos do Império Romano, também deixaram escritos em enciclopédias sobre anatomia e diagnósticos de doenças (LEME, 1996). No decorrer da Idade Média (500-1500 d.C.), o interesse acadêmico centrou- se nas medidas higiênicas para a manutenção da saúde até a idade avançada. Porém providências concretas de saúde pública não foram mencionadas. Entre os expoentes desta época, destaca-se Avicena (980-1063) 3 , um médico de origem árabe que escreveu o Cânon Médico, obra extensa baseada no pensamento greco- 3 O ano de nascimento e de falecimento dos autores citados estão apresentados, no decorrer desta revisão histórica, entre parênteses e ao lado do nome da pessoa a que se referem. 27
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Primeiras Obras<br />
Segundo Leme (1996), <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Antiguida<strong>de</strong> existem registros gráficos e<br />
documentos escritos sobre a velhice. Data <strong>de</strong> 2800-2900 a.C., um hieróglifo egípcio<br />
que representa velho ou envelhecer. Entre 1600-1550 foram encontra<strong>dos</strong> no Egito<br />
papiros contendo recomendações, ainda úteis na atualida<strong>de</strong>, a respeito da<br />
contenção <strong>de</strong> hemorragias, doença <strong>dos</strong> olhos e outros órgãos internos, mostrando<br />
preocupações com o rejuvenescimento ( LEME, 1996).<br />
Entre o povo hebreu, os principais registros estão na Bíblia. No livro<br />
Eclesiástico, escrito aproximadamente 200 anos antes <strong>de</strong> Cristo, estão registra<strong>dos</strong><br />
os cuida<strong>dos</strong> que se aconselhavam aos i<strong>dos</strong>os. Outros trata<strong>dos</strong>, como o <strong>de</strong> Guittin,<br />
recomendam cuida<strong>dos</strong> à saú<strong>de</strong> <strong>dos</strong> anciãos (LEME, 1996).<br />
Na Índia, o tratado <strong>de</strong> Sushruta Samhita, escrito em 400 d.C. já mencionava o<br />
rejuvenescimento e o prolongamento da vida. Na China, o tratado <strong>de</strong> Benkao Gang<br />
Mu, escritor <strong>de</strong> 300 a.C. reconhece a limitação natural da vida humana, acreditando<br />
que esta <strong>de</strong>veria durar até a senectu<strong>de</strong> com a preservação da faculda<strong>de</strong>s mentais e<br />
<strong>dos</strong> senti<strong>dos</strong> (LEME, 1996).<br />
Na Grécia, Hipócrates, o “pai da medicina”, no século V antes <strong>de</strong> Cristo,<br />
registrou observações sobre alterações peculiares aos cidadãos mais velhos. Ele<br />
recomendava aos i<strong>dos</strong>os mo<strong>de</strong>ração nas ativida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>saconselhava a suspensão<br />
das ocupações habituais. Um século mais tar<strong>de</strong> Aristóteles escreveu sua teoria<br />
sobre o envelhecimento nos livros Sobre a Juventu<strong>de</strong> e a Velhice, Sobre a Vida e a<br />
Morte e Sobre a Respiração. Na antiga Roma, Marco Túlio Cícero escreveu Sobre a<br />
Velhice (De Senectu<strong>de</strong>), no qual faz consi<strong>de</strong>rações sobre os problemas do<br />
envelhecimento. Celsus e Galeno, médicos do Império Romano, também <strong>de</strong>ixaram<br />
escritos em enciclopédias sobre anatomia e diagnósticos <strong>de</strong> doenças (LEME, 1996).<br />
No <strong>de</strong>correr da Ida<strong>de</strong> Média (500-1500 d.C.), o interesse acadêmico centrou-<br />
se nas medidas higiênicas para a manutenção da saú<strong>de</strong> até a ida<strong>de</strong> avançada.<br />
Porém providências concretas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública não foram mencionadas. Entre os<br />
expoentes <strong>de</strong>sta época, <strong>de</strong>staca-se Avicena (980-1063) 3 , um médico <strong>de</strong> origem<br />
árabe que escreveu o Cânon Médico, obra extensa baseada no pensamento greco-<br />
3 O ano <strong>de</strong> nascimento e <strong>de</strong> falecimento <strong>dos</strong> autores cita<strong>dos</strong> estão apresenta<strong>dos</strong>, no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>sta<br />
revisão histórica, entre parênteses e ao lado do nome da pessoa a que se referem.<br />
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