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Rosemyriam Ribeiro dos Santos Cunha - Programa de Pós ...

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No começo da Renascença, fins do século XIV, com o advento do intercâmbio<br />

comercial, a acumulação <strong>de</strong> riquezas conferiu po<strong>de</strong>r a velhos mercadores. Por outro<br />

lado a beleza física passou a ser um <strong>dos</strong> parâmetros <strong>de</strong> valorização e respeito. O<br />

velho, por possuir um corpo nada semelhante ao mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>alizado foi consi<strong>de</strong>rado<br />

feio e repugnante (BEAUVOIR, 1990, MASCARO, 2004).<br />

No século XVIII, conhecimentos básicos <strong>de</strong> higiene proporcionaram à<br />

população européia hábitos <strong>de</strong> vida mais saudáveis. Condições melhores <strong>de</strong> vida<br />

material também favoreceram a longevida<strong>de</strong>. “Muito raros antes <strong>de</strong> 1749, os homens<br />

<strong>de</strong> 80 anos e mesmos os centenários se multiplicam” (BEAUVOIR, 1990, p.221).<br />

Esse maior tempo <strong>de</strong> vida foi privilégio <strong>dos</strong> abasta<strong>dos</strong>; os pobres morriam cedo,<br />

vitima<strong>dos</strong> pela carência <strong>de</strong> comida e abrigo.<br />

No <strong>de</strong>correr do século XIX a Europa foi palco <strong>de</strong> acelerado <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> conhecimentos científicos. A medicina <strong>de</strong>rrubou mitos a respeito da velhice<br />

passando a tratar e curar as pessoas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. O i<strong>dos</strong>o pobre e esquecido passou a<br />

merecer cuida<strong>dos</strong>. Porém a Revolução Industrial trouxe novas relações <strong>de</strong> trabalho<br />

que <strong>de</strong>ixaram na miséria os aposenta<strong>dos</strong>. Beauvoir (1990) observa que “as<br />

transformações foram nefastas para os velhos. Nunca, na França e na Inglaterra, a<br />

condição <strong>de</strong>les foi tão cruel como na segunda meta<strong>de</strong> do século XIX” (p.136).<br />

Com a chegada do século XX, o incremento <strong>de</strong>mográfico <strong>de</strong> pessoas i<strong>dos</strong>as<br />

já era uma realida<strong>de</strong> européia. A família <strong>de</strong> então, envolvida na produção,<br />

estabelecia outro formato <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> parentesco e lida doméstica. A mulher<br />

começava a ingressar no mercado <strong>de</strong> trabalho. As instituições públicas e<br />

filantrópicas foram substituindo a família, assumindo o papel <strong>de</strong> cuidado e proteção<br />

<strong>dos</strong> velhos (BEAUVOIR, 1990).<br />

A época foi marcada por movimentos políticos e guerras nos quais a figura do<br />

homem forte e com potencial para lutar nos campos <strong>de</strong> batalha foi valorizada. Os<br />

jovens assumiram os papéis <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e comando. A velhice passou a ser<br />

<strong>de</strong>sprestigiada. Após a instauração da paz, a socieda<strong>de</strong> em busca da reconstrução,<br />

passou a valorizar o conhecimento tecnológico em <strong>de</strong>trimento da sabedoria<br />

acumulada e os valores da juventu<strong>de</strong> ainda foram os mais aprecia<strong>dos</strong> (BEAUVOIR,<br />

1990).<br />

Trabalhos etnográficos atuais concordam com a visão <strong>de</strong> que o status social<br />

<strong>dos</strong> i<strong>dos</strong>os nas socieda<strong>de</strong>s tradicionais era mais alto e privilegiado do que na<br />

socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna. Debert (1999), antropóloga e pesquisadora do tema, indica que<br />

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