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Rosemyriam Ribeiro dos Santos Cunha - Programa de Pós ...

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Tanto o político da Antiguida<strong>de</strong>, o filósofo do Renascimento, quanto a<br />

escritora da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, anunciaram em suas preleções a singularida<strong>de</strong> que<br />

caracteriza os processos, significa<strong>dos</strong> e percepções que se constroem sobre o<br />

envelhecimento. O i<strong>de</strong>ário que orienta as classificações do que é ser velho parece<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> visões que são próprias às socieda<strong>de</strong>s e às épocas históricas <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

emergem, revelando a velhice como uma construção social.<br />

Beauvoir (1990) <strong>de</strong>nuncia as condições <strong>de</strong> vida <strong>dos</strong> velhos na socieda<strong>de</strong> atual<br />

e mostra as implicações psicológicas e sociais do envelhecimento. Desta forma a<br />

autora expan<strong>de</strong> a possibilida<strong>de</strong> da compreensão da velhice para a ótica <strong>de</strong><br />

diferentes campos do conhecimento humano. Assim, a sociologia, antropologia,<br />

psicologia, política, história, medicina, artes, filosofia são áreas do saber chamadas<br />

a contribuir para a construção do conhecimento sobre a velhice.<br />

A obra <strong>de</strong> Simone <strong>de</strong> Beauvoir constitui-se numa referência quando se<br />

consi<strong>de</strong>ra o campo da pesquisa sobre a velhice. No entanto, estudiosos na<br />

atualida<strong>de</strong>, como Guita Debert (1996), Sônia Mascaro (2004), Anita Néri e Meire<br />

Cachioni (1999) são unânimes ao indicar a carência <strong>de</strong> registros documentais que<br />

forneçam da<strong>dos</strong> fi<strong>de</strong>dignos para a reconstrução da trajetória histórica da velhice,<br />

principalmente nas épocas mais remotas. Porém, as informações disponíveis<br />

<strong>de</strong>ixam claro que concepções e práticas que alternam atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> respeito e<br />

acolhimento com as <strong>de</strong> maus-tratos físico e abandono perpassaram <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

socieda<strong>de</strong>s primitivas até a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Atravessando tempos remotos em que as<br />

famílias plurigeracionais conviviam sob um mesmo teto e sobreviviam da terra,<br />

atingindo a organização da socieda<strong>de</strong> industrial, Beauvoir (1990) indica as<br />

diferenças históricas, sociais e culturais que <strong>de</strong>terminaram entendimentos<br />

diversifica<strong>dos</strong> quanto à figura e ao papel <strong>dos</strong> i<strong>dos</strong>os nas esferas da vida pública e<br />

privada.<br />

A visão cronológica fornecida pela mesma autora mostra que na Antiguida<strong>de</strong><br />

o homem velho era valorizado na esfera da vida pública, principalmente nos<br />

empreendimentos políticos. A figura patriarcal, tendo Abraão como exemplo<br />

emblemático, foi respeitada nas comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> organização tribal. Já na Ida<strong>de</strong><br />

Média, <strong>de</strong>vido à baixa expectativa <strong>de</strong> vida, a velhice era rara, poucas pessoas<br />

atingiam a ida<strong>de</strong> avançada em virtu<strong>de</strong> da precarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> trabalho e<br />

saneamento das cida<strong>de</strong>s da época.<br />

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