Rosemyriam Ribeiro dos Santos Cunha - Programa de Pós ...

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17.04.2013 Views

No entanto, evidencia-se agora, a predominância da figura feminina na velhice. São mulheres que, conforme foi dito, passaram a vida, e continuam na velhice, construindo alternativas de sobrevivência psicossocial. Estas mulheres vivem o que Debert (2004) chamou “dupla vulnerabilidade”: o peso somado de dois tipos de discriminação – como mulheres e como idosas (p.140). Estudiosos como Leite (2004), Bassit (2002), Heck e Langdom (2002) e Beauvoir (1990) concordam que a mulher idosa tem sido pouco citada, se comparada aos exemplos masculinos, quando se trata de relatar casos de velhice bem sucedida, ou vivida com saúde e produtividade. No entanto, acostumadas a assumir o controle da dinâmica familiar e a responder por ocupações profissionais, parece que as mulheres, embora nos bastidores, participaram ativamente na consolidação da família e na manutenção do lar, papéis que não têm se esvaziado na velhice (LEITE, 2004). Esse fenômeno acarreta que as mulheres idosas de hoje se coloquem no lugar de provedoras de seus lares e que assumam para si a criação e educação dos filhos de seus filhos. A mulher idosa parece protagonizar um processo de (trans)formação das formas de expressar e viver o envelhecimento (VERAS, 1998, LEITE, 2004). Elas seguem, dia a dia, compondo a história de suas próprias vidas. Por esta via de entendimento, este trabalho pretende conhecer e analisar as alternativas de convívio e de sobrevivência que as mulheres de mais de setenta anos constroem no seu dia a dia, na cidade de Curitiba. A intenção é de estudar a velhice, pela perspectiva de um grupo de doze mulheres que foram entrevistadas individualmente. A análise de seus depoimentos pode, supostamente, auxiliar na identificação dos fenômenos psicossociais que perpassam suas vidas diárias esclarecendo os motivos que as levam a inventar novas formas de viver e de significar a velhice. A compreensão de suas ações no conjunto das relações sociais, as estratégias utilizadas para a concretização de suas vidas diárias se colocam como primordiais para o conhecimento das formas pelas quais as mulheres idosas percebem e interpretam a fase existencial que vivenciam. A descrição das opiniões e impressões das idosas a respeito de suas vidas pode revelar novas perspectivas de interpretação da velhice, colaborando para a compreensão desse fenômeno psicológico e social. 18

Os temas até aqui anunciados constituem pontos de partida que originaram a presente tese, que está organizada em cinco capítulos. O primeiro aborda os estudos, pesquisas e produções científicas que vêm sendo realizadas no campo gerontológico, no Brasil. No segundo capítulo encontram-se reflexões sobre temas relacionados às universidades de terceira idade, cursos que formam recursos humanos para a pesquisa e intervenção junto à velhice e ainda alguns grupos de pesquisa oriundos destas instituições. O terceiro capítulo trata dos caminhos metodológicos que guiaram a pesquisa. Já o quarto capítulo mostra a classificação do conjunto das respostas obtidas nas entrevistas com as mulheres. Aqui, ouvem-se as vozes das mulheres. No quinto capítulo, como que ressoando essas vozes, encontram-se as considerações a respeito da influência de fatores psicossociais sobre a realidade concreta vivida por estas mulheres. Considerações que indicaram possibilidades de concepção de novas interpretações e percepções sobre a velhice. 19

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presente tese, que está organizada em cinco capítulos. O primeiro aborda os<br />

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No segundo capítulo encontram-se reflexões sobre temas relaciona<strong>dos</strong> às<br />

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O terceiro capítulo trata <strong>dos</strong> caminhos metodológicos que guiaram a<br />

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obtidas nas entrevistas com as mulheres. Aqui, ouvem-se as vozes das mulheres.<br />

No quinto capítulo, como que ressoando essas vozes, encontram-se as<br />

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