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Rosemyriam Ribeiro dos Santos Cunha - Programa de Pós ...

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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES: Mulheres, Envelhecimento e a Vida<br />

Para finalizar, po<strong>de</strong>r-se-ia dizer que essas mulheres, em certa medida<br />

mostram uma <strong>dos</strong>e <strong>de</strong> satisfação com a vida, mesmo com um cotidiano repetitivo e<br />

sem muitas alterações. Isto, em parte, se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem dispor <strong>de</strong> seu<br />

tempo e escolherem o que fazer nele, transmitindo a si próprias uma certa <strong>dos</strong>e <strong>de</strong><br />

autonomia e in<strong>de</strong>pendência.<br />

O fato <strong>de</strong> darem conta <strong>de</strong> suas obrigações e compromissos <strong>de</strong> modo<br />

individual proporciona-lhes, a cada dia, uma espécie <strong>de</strong> garantia <strong>de</strong> sua liberda<strong>de</strong><br />

para além das obrigações diárias. As outras ativida<strong>de</strong>s (crochê, tricô, jardinagem,<br />

artesanato, música) parecem adquirir o sentido <strong>de</strong> ser um outro canal <strong>de</strong> expressão<br />

estética em sua vida, permitindo uma criativida<strong>de</strong> e uma sensibilida<strong>de</strong> que<br />

ultrapassam as obrigações.<br />

Elas procuram atualizar-se ouvindo o rádio e significam a música como um<br />

elemento psicossocial que as acompanha na rotina diária, adquirindo o significado<br />

<strong>de</strong> uma companhia social.<br />

Apesar <strong>de</strong> terem, como fruto da ida<strong>de</strong>, algumas limitações, sua vida hoje<br />

apresenta-se-lhes como mais promissora e positiva, revelando sonhos e aspirações<br />

na mesma intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quando eram mais jovens. Se os sonhos não são<br />

diferentes é, talvez, porque não tiveram oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter construído outras<br />

possibilida<strong>de</strong>s; mas não <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ter aspirações.<br />

Não é porque elas têm mais <strong>de</strong> setenta anos que <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> participar e <strong>de</strong><br />

interagir no meio social tomando <strong>de</strong>cisões, realizando seus compromissos e fazendo<br />

planos para o futuro. Em suas respostas, as mulheres entrevistadas apontaram<br />

para a possibilida<strong>de</strong> da formação <strong>de</strong> novas maneiras <strong>de</strong> se perceber e<br />

vivenciar a velhice. Assim, as mulheres entrevistadas, com mais <strong>de</strong> 70 anos,<br />

sinalizam perspectivas <strong>de</strong> ação cotidiana que se fortalecem através da re<strong>de</strong><br />

comunitária que po<strong>de</strong>m construir, e que resulta na afirmação/confirmação <strong>de</strong><br />

um certo grau <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência familiar e social, o que contraria as<br />

perspectivas clássicas que atribuem uma espécie <strong>de</strong> “fim <strong>de</strong> projetos” para<br />

mulheres nesta ida<strong>de</strong>.<br />

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