Rosemyriam Ribeiro dos Santos Cunha - Programa de Pós ...
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No mundo contemporâneo os conceitos <strong>de</strong> aposentadoria, velhice e miséria e<br />
se dissociaram. De acordo com Debert (2004) as razões que <strong>de</strong>terminaram esta<br />
modificação nas percepções que a aposentadoria assegura uma condição <strong>de</strong> vida<br />
melhor só para os i<strong>dos</strong>os e miseráveis vem associada à expansão do universo <strong>de</strong><br />
trabalhadores assalaria<strong>dos</strong> para classes sociais mais abastadas e para diferentes<br />
setores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> profissional.<br />
As modificações trazidas pelas novas configurações da população<br />
aposentada, cujas taxas mostram, hoje em dia têm a tendência <strong>de</strong> abarcar a<br />
população a partir <strong>de</strong> 55 anos, acarretaram a criação <strong>de</strong> uma nova possibilida<strong>de</strong><br />
mercadológica constituída pela terceira ida<strong>de</strong>. Neste sentido, esta categoria se<br />
refere ao contingente <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> mais ida<strong>de</strong>, saudáveis e dispostas a <strong>de</strong>sfrutar<br />
<strong>dos</strong> benefícios instituí<strong>dos</strong> por uma i<strong>de</strong>ologia que apregoa a nova juventu<strong>de</strong> e a ida<strong>de</strong><br />
do lazer (DEBERT, 2004).<br />
Observa-se também, a par <strong>dos</strong> fatores já aponta<strong>dos</strong>, que a condição <strong>de</strong><br />
aposentado, nos dias <strong>de</strong> hoje, confere certo status ao i<strong>dos</strong>o que passou a ser<br />
consi<strong>de</strong>rado um potencial consumidor. Há um veio mercadológico à disposição do<br />
i<strong>dos</strong>o que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o setor da moda até as agências que programam<br />
viagens e passeios <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> padrões exclusivos para as pessoas <strong>de</strong> mais ida<strong>de</strong>.<br />
Outra tendência econômica marcante está apontada nas estatísticas do IBGE<br />
(2000) quando revelam que 62,4% das pessoas com ida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 69 anos, na<br />
maioria mulheres, estão respon<strong>de</strong>ndo pelas <strong>de</strong>spesas do lar e sustentando netos e<br />
bisnetos.<br />
Foi pela via do mundo do trabalho que a velhice passou a ser diretamente<br />
associada a aposentadoria, configurando-se como uma questão social. Velhice e<br />
aposentadoria são conceitos que remetiam aos velhos pobres da classe operária. A<br />
condição <strong>de</strong> aposenta<strong>dos</strong> refletia a condição <strong>de</strong> penúria social, uma vez que o<br />
próprio direito à aposentadoria surgiu para evitar a situação miserável <strong>dos</strong> operários<br />
i<strong>dos</strong>os e incapazes para o trabalho (PERES, 2007).<br />
Definir a velhice parece ser uma tarefa complexa. Na literatura específica<br />
sobre o tema os conceitos e <strong>de</strong>scrições sobre este fenômeno englobam um<br />
numeroso repertório <strong>de</strong> conceituações formuladas sob as mais diferentes<br />
perspectivas técnicas e científicas que estudam o envelhecimento, conforme já<br />
indicado neste trabalho. Estas mulheres, com suas experiências e saberes, pu<strong>de</strong>ram<br />
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