Rosemyriam Ribeiro dos Santos Cunha - Programa de Pós ...
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entendido com vizinhos. Algumas não têm mágoas e outras as têm, mas, procuram modificar o sentimento por meio de orações. As alegrias se concentram no convívio com os filhos e com a família. As mulheres são de opinião de que os pais não devem morar junto com os filhos. A privacidade de ambos os lados deve ser mantida. Residir próximo, mas não junto, é a sugestão geral. De maneira equilibrada, declaram que a velhice tem o lado bom da experiência, da vida, dos direitos legais de aposentadoria e o desfrutar do tempo sem a rigidez de horários e obrigações. Ao mesmo tempo indicam que não há nada de bom no envelhecer. O lado ruim da velhice ficaria por conta da perda de ânimo para a vida, da perda de agilidade, da saúde e de pessoas queridas. A maioria afirma que a velhice não tem nada de ruim. As mulheres são de opinião de que a pessoa velha é aquela que não tem perspectivas, sonhos, paixões. Ser velho é uma conseqüência natural da vida que acarreta mania de doença, falta de objetivos, implicância e demência. Não ser velho, para elas, é ter força, energia, ter aspirações, sonhos, querer se atualizar. Mesmo contando com uma restrita rede de apoio e convívio, estas mulheres avaliam que a vida atual é boa. Porém, seus sonhos e anseios para o futuro são direcionados ao tempo imediato. Parece que só ousam desejar aquilo que possam concretizar num futuro muito próximo. Assim, salvo os anseios de estudar, ter um companheiro e ter tido mais filhos, que parecem demandar um tempo mais extenso, para elas a vida tem que ser como está, querem ajudar as pessoas necessitadas, ter saúde, tranqüilidade e passear. Apesar de qualificarem a pessoa velha como aquela que não tem sonhos, que se desatualiza e que se acomoda, estas mulheres, na maioria, disseram que estão satisfeitas com a vida como está e que não têm sonhos. Há o predomínio da opinião de que não falta nada em suas vidas. Entre outras declarações, que diferem desta, aparecem o desejo de ter netos, saúde, estudo e independência financeira. Percebe-se um conformismo das mulheres em relação à situação concreta de seu cotidiano. Há uma aceitação silenciosa da realidade vivenciada no dia a dia como se os fatos que ali acontecem fossem naturais e não modificáveis. 132
Apesar deste comodismo poder parecer ruim, de fato, ele pode representar a “melhor alternativa” que encontraram na vida, visto que, hoje, esta vida regular e repetitiva, em sua maior parte solitária e sem grandes movimentações, pode significar uma certa tranqüilidade e autonomia que antes não puderam ter. Desta forma, isto faz pensar que a “suposta solidão” destas mulheres talvez não tenha o significado tão contundente de solidão, mas sim de poderem decidir sobre seu dia e tempo, e fazerem o que desejam, depois de cumpridas suas obrigações. Lazer e Música O termo lazer foi definido, segundo o Dicionário Houaiss (2001), como o tempo que sobra do horário de trabalho ou do cumprimento de obrigações e que é aproveitado para o exercício de atividades prazerosas. Um tempo destinado ao descanso, ao repouso. A definição pode ser ampliada para a consideração do lazer como o uso voluntário do tempo livre com ocupações que diferem daquelas que normalmente são realizadas como obrigações, na rotina diária. Essa forma abrangente de pensar o tempo livre ou de lazer, entra em consonância com os depoimentos do grupo aqui pesquisado. As mulheres contaram que seus dias são plenos de atividades e tarefas porém, diferenciaram, entre as atividades que realizam, as ações que consideram como tarefas do dia a dia daquelas que fazem com o objetivo de distração e relaxamento. Estas mulheres disseram que ocupam seu tempo livre com a leitura, a confecção de trabalhos manuais, assistindo televisão e participando de atividades ligadas à igreja. A televisão apareceu, portanto, em duas situações neste estudo. A ação de assistir à programação televisiva configurou-se como atividade diária para algumas entrevistadas e como ocupação de tempo livre, para outras. Enquanto desfrutam deste tempo livre, estas mulheres permanecem sozinhas, poucas contam com a companhia de filhos e netos. Se pudessem escolher atividades para preencher seu tempo livre, escolheriam o convívio, a conversa, a companhia de pessoas, passeios e viagens. Para elas o tempo adquiriu uma dimensão diferente, na velhice, em relação à época em que as muitas obrigações preenchiam o dia-a-dia. Segundo suas 133
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Lazer e Música<br />
O termo lazer foi <strong>de</strong>finido, segundo o Dicionário Houaiss (2001), como o<br />
tempo que sobra do horário <strong>de</strong> trabalho ou do cumprimento <strong>de</strong> obrigações e que é<br />
aproveitado para o exercício <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s prazerosas. Um tempo <strong>de</strong>stinado ao<br />
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como o uso voluntário do tempo livre com ocupações que diferem daquelas que<br />
normalmente são realizadas como obrigações, na rotina diária.<br />
Essa forma abrangente <strong>de</strong> pensar o tempo livre ou <strong>de</strong> lazer, entra em<br />
consonância com os <strong>de</strong>poimentos do grupo aqui pesquisado. As mulheres contaram<br />
que seus dias são plenos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e tarefas porém, diferenciaram, entre as<br />
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Estas mulheres disseram que ocupam seu tempo livre com a leitura, a<br />
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algumas entrevistadas e como ocupação <strong>de</strong> tempo livre, para outras.<br />
Enquanto <strong>de</strong>sfrutam <strong>de</strong>ste tempo livre, estas mulheres permanecem<br />
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