Rosemyriam Ribeiro dos Santos Cunha - Programa de Pós ...

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17.04.2013 Views

As outras mulheres, que são aposentadas, deram opiniões diferentes entre si. Para uma delas o tempo da aposentadoria representou “uma conquista”, já para outra aposentar-se significou “o afastamento de contato com outras pessoas”. Uma entrevistada contou que, embora goste do tempo disponível, se preparou para este momento que considera um “corte repentino das funções na vida das pessoas”. Outra revelou que o dinheiro significou “liberdade para o consumo de bens”. Uma das mulheres disse que se arrependeu de não ter aceitado uma recontratação pois a aposentadoria significou perda de renda. Apenas uma delas contou que soma a pensão à aposentadoria e assim consegue aumentar o salário. Abaixo estão as opiniões expressadas: Aposentadoria? Bem, significou que eu tinha um pouco do meu dinheiro pra fazer o que quisesse (E7). Aposentadoria é um outro lado de a gente viver. É poder fazer aquilo que não podia fazer, que não teve tempo. A gente desde que nasce vai se preparando para enfrentar a vida, depois a gente tem que ter um tempo pra deixar isto aí. Quando a gente se prepara [...] então a coisa fica mais tranqüila. Agora, se não pensar fica difícil de enfrentar a aposentadoria [...] corta de repente, é como se tirassem um membro do corpo [...] pára de repente (E9). Um horror! Sinto falta do contato com as pessoas! A gente se sente mais jovem quando trabalha, sabe, quando tem contato com aquela gente (E5). Ah! Uma maravilha! Eu amava dar aulas. Dei aulas por 35 anos. Mas o dia em que eu me aposentei [...] eu pensei: que maravilha, não tenho que assinar ponto! Obrigada deus por chegar a este ponto de desfrutar deste descanso. Merecido! Trabalhei barbaridade! (E11) Bom, por um lado foi bom porque fiquei trabalhando lá sem registrar. Também tem a pensão do meu marido, né? Eu fiquei sem registro porque senão, eu perdia a aposentadoria [...] assim tem mais salário, fico ganhando extra (E2). Foi perda de dinheiro. Devia ter ficado lá e trabalhado mais (E3). Uma das entrevistadas relatou que depende financeiramente do marido. Ele ainda trabalha como profissional autônomo e ela disse que não encontrou alternativa para modificar esta situação porque não teve oportunidade de estudar. Significados de Ser Velho? O que tem de Bom e de Ruim na Velhice? As mulheres participantes deste estudo responderam sobre o que acham de bom e de ruim na velhice e o que consideram “ser uma pessoa velha”. Quatro 118

entrevistadas disseram que o bom da velhice é “a vida”, referindo-se ao sentimento de “satisfação por estar viva”, gostar de viver com a “experiência” que o passar dos anos propicia. Para outras quatro não existe “nada de bom” na velhice. Duas mulheres apontaram os “direitos” legais conquistados pelos idosos como “aposentadoria” e a gratuidade na utilização do sistema de transporte público. Ainda outras duas indicaram a possibilidade dedesfrutar de um tempo liberado da rigidez de horários e compromissos”. Uma das entrevistadas ponderou que a qualificar a velhice como algo de bom ou de ruim “depende das condições socioeconômicas”. Assim se expressaram: Disposição pela vida Uma minha avó que eu gostei, nem velha ela ficou [...] Ela era religiosa, não tinha preguiça de ir na igreja, não pegava o ônibus, ia só a pé (E10). Experiência é o lado bom (E4). Posso desfrutar melhor da vida sem preocupações, não tenho que trabalhar o dia inteiro, marcar ponto! Disponho do meu tempo. Isto é muito bom (E11). Olhe, hoje em dia acho que vale a pena ser velho. Você tem vantagens. Você tem vantagens dentro de um ônibus [...] primazia num banco. E os programas. Em toda a parte tem alguma coisa (E9). De bom, depende da pessoa, família. Se a pessoa que tem que ficar numa fila do SUS não sei quantas horas, leva meses para ser atendida [...] então eu acho que sou privilegiada, posso pagar um seguro de saúde (E7). De bom, acho que não tem [...] (E12). Porque eu gosto da vida. Eu digo assim: -Deus me deixe mais um pouco nessa vida que eu gosto tanto. Acho que ninguém tem a velhice, viu? Porque eu vejo essa senhora de 94 anos, ela sempre feliz. Está sempre feliz, nem se acha velha (E1). Bom, bom, não tem nada. O importante é ter saúde (E2). De bom tem essa coisa da aposentadoria, da passagem de ônibus que agora não se paga. São coisinhas boas (E5). Sobre o que acham de ruim na velhice cinco destas mulheres declararam que “nada é ruim”, outras quatro atribuíram à “perda de agilidade, de memória e às dores”, o lado desagradável da idade avançada. Uma mulher indicou a “perda do marido” e duas se referiram ao “hábito da queixa e lamentação” que algumas pessoas adquirem com a idade. Nas suas respostas declararam que: 119 Ruim? Se pensar tem muita coisa, né? Eu senti muito quando perdi meu marido (E2). Não sei! Não me acho velha. Acho que sou usada pelo tempo, não velha. De ruim tem a rabugice (E5). Acho que a pessoa as vezes não enxerga, não escuta, já ta birutando (E12). Viver chorando. Minha avó vivia chorando [...] (E10). [...] é sofrido, ele sofre e ninguém tem pena dele (E6). A dor é o lado ruim da velhice. Eu não tenho mais aquela agilidade [...] agilidade de agir rápido [...] (E4).

entrevistadas disseram que o bom da velhice é “a vida”, referindo-se ao sentimento<br />

<strong>de</strong> “satisfação por estar viva”, gostar <strong>de</strong> viver com a “experiência” que o passar <strong>dos</strong><br />

anos propicia. Para outras quatro não existe “nada <strong>de</strong> bom” na velhice. Duas<br />

mulheres apontaram os “direitos” legais conquista<strong>dos</strong> pelos i<strong>dos</strong>os como<br />

“aposentadoria” e a gratuida<strong>de</strong> na utilização do sistema <strong>de</strong> transporte público. Ainda<br />

outras duas indicaram a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “<strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> um tempo liberado da rigi<strong>de</strong>z<br />

<strong>de</strong> horários e compromissos”. Uma das entrevistadas pon<strong>de</strong>rou que a qualificar a<br />

velhice como algo <strong>de</strong> bom ou <strong>de</strong> ruim “<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das condições socioeconômicas”.<br />

Assim se expressaram:<br />

Disposição pela vida Uma minha avó que eu gostei, nem velha ela ficou [...]<br />

Ela era religiosa, não tinha preguiça <strong>de</strong> ir na igreja, não pegava o ônibus, ia<br />

só a pé (E10).<br />

Experiência é o lado bom (E4).<br />

Posso <strong>de</strong>sfrutar melhor da vida sem preocupações, não tenho que trabalhar<br />

o dia inteiro, marcar ponto! Disponho do meu tempo. Isto é muito bom (E11).<br />

Olhe, hoje em dia acho que vale a pena ser velho. Você tem vantagens.<br />

Você tem vantagens <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um ônibus [...] primazia num banco. E os<br />

programas. Em toda a parte tem alguma coisa (E9).<br />

De bom, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da pessoa, família. Se a pessoa que tem que ficar numa<br />

fila do SUS não sei quantas horas, leva meses para ser atendida [...] então<br />

eu acho que sou privilegiada, posso pagar um seguro <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (E7).<br />

De bom, acho que não tem [...] (E12).<br />

Porque eu gosto da vida. Eu digo assim: -Deus me <strong>de</strong>ixe mais um pouco<br />

nessa vida que eu gosto tanto. Acho que ninguém tem a velhice, viu?<br />

Porque eu vejo essa senhora <strong>de</strong> 94 anos, ela sempre feliz. Está sempre<br />

feliz, nem se acha velha (E1).<br />

Bom, bom, não tem nada. O importante é ter saú<strong>de</strong> (E2).<br />

De bom tem essa coisa da aposentadoria, da passagem <strong>de</strong> ônibus que<br />

agora não se paga. São coisinhas boas (E5).<br />

Sobre o que acham <strong>de</strong> ruim na velhice cinco <strong>de</strong>stas mulheres <strong>de</strong>clararam que<br />

“nada é ruim”, outras quatro atribuíram à “perda <strong>de</strong> agilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> memória e às<br />

dores”, o lado <strong>de</strong>sagradável da ida<strong>de</strong> avançada. Uma mulher indicou a “perda do<br />

marido” e duas se referiram ao “hábito da queixa e lamentação” que algumas<br />

pessoas adquirem com a ida<strong>de</strong>. Nas suas respostas <strong>de</strong>clararam que:<br />

119<br />

Ruim? Se pensar tem muita coisa, né? Eu senti muito quando perdi meu<br />

marido (E2).<br />

Não sei! Não me acho velha. Acho que sou usada pelo tempo, não velha.<br />

De ruim tem a rabugice (E5).<br />

Acho que a pessoa as vezes não enxerga, não escuta, já ta birutando (E12).<br />

Viver chorando. Minha avó vivia chorando [...] (E10).<br />

[...] é sofrido, ele sofre e ninguém tem pena <strong>de</strong>le (E6).<br />

A dor é o lado ruim da velhice. Eu não tenho mais aquela agilida<strong>de</strong> [...]<br />

agilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir rápido [...] (E4).

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