No Compasso da História - MultiRio
No Compasso da História - MultiRio
No Compasso da História - MultiRio
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
1889: Nasce a República – A alma encantadora <strong>da</strong>s ruas<br />
90<br />
maiores <strong>da</strong> luta pelas liber<strong>da</strong>des no país,<br />
promotora <strong>da</strong> nacionalização musical, primeira<br />
maestrina, autora <strong>da</strong> primeira canção<br />
carnavalesca, primeira pianista de choro,<br />
introdutora <strong>da</strong> música popular nos salões<br />
elegantes, fun<strong>da</strong>dora <strong>da</strong> primeira socie<strong>da</strong>de<br />
protetora dos direitos autorais.” O texto, reproduzido<br />
do primeiro parágrafo <strong>da</strong> biografia<br />
de Chiquinha Gonzaga (1847-1935) no site<br />
produzido por sua biógrafa Edinha Diniz e<br />
por Vandrei Braga, parece pouco diante de<br />
uma <strong>da</strong>s personali<strong>da</strong>des mais trepi<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong><br />
<strong>História</strong> do Brasil.<br />
8 . Capa do livro Composições para Piano por Francisca<br />
H. N. Gonzaga<br />
Aos 16 anos, já estava casa<strong>da</strong> com um noivo<br />
escolhido pelos pais, mas logo separou-se<br />
para viver com um engenheiro de estra<strong>da</strong>s<br />
de ferro. Também durou pouco o segundo<br />
casamento, e, para sobreviver, Chiquinha<br />
passou a <strong>da</strong>r aulas de piano, instrumento<br />
que aprendeu a tocar ain<strong>da</strong> na infância.<br />
Quando conheceu o mestre flautista Joaquim<br />
Antônio <strong>da</strong> Silva Callado, que encantava<br />
as plateias fluminenses com seus grupos<br />
de choro, descobriu um novo caminho para<br />
sua criativi<strong>da</strong>de.<br />
Em 1885, ela musicou a opereta A Corte na<br />
Roça e, em 1889, promoveu um concerto de<br />
violões que causou furor, pois esse instrumento<br />
não era considerado de “bom tom”<br />
em casas de família. Liga<strong>da</strong> a seu tempo,<br />
Chiquinha foi ativa abolicionista e depois<br />
republicana, escan<strong>da</strong>lizando os padrões morais<br />
<strong>da</strong> época com sua vi<strong>da</strong> livre de regras<br />
muito rígi<strong>da</strong>s, o que lhe valeu uma forte<br />
dose de preconceitos.<br />
9 . A pintora,<br />
caricaturista,<br />
musicista<br />
e atriz Nair<br />
de Teffé<br />
<strong>No</strong> começo do século XX, exatamente em<br />
1900, Chiquinha conheceu Nair de Tefé, filha<br />
de família tradicional que não negava sua<br />
pendência para a boemia. Anos mais tarde,<br />
Nair se casaria com o então presidente<br />
<strong>da</strong> República, Hermes <strong>da</strong> Fonseca. Assim,<br />
as portas do Palácio do Catete abriram-se<br />
para Chiquinha, que lá promoveu saraus nos<br />
quais era executado o “maxixe”, gênero de<br />
música considerado “vulgar” pelas elites,<br />
ain<strong>da</strong> mais porque incluía passos de <strong>da</strong>nça<br />
na<strong>da</strong> aristocráticos, também conhecidos<br />
como “corta-jaca”.<br />
Chiquinha passou sua vi<strong>da</strong> quebrando os<br />
padrões de uma socie<strong>da</strong>de rígi<strong>da</strong> e preconceituosa<br />
e, ao morrer, deixou uma obra vastíssima,<br />
que até hoje encanta os músicos