No Compasso da História - MultiRio
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com até 25 chibata<strong>da</strong>s). Sob a liderança do<br />
marinheiro João Cândido, alguns navios de<br />
guerra saíram <strong>da</strong> barra, e houve a ameaça<br />
de bombardear a ci<strong>da</strong>de caso não fossem<br />
aceitas as exigências dos amotinados.<br />
A principal belonave (navio de guerra), o<br />
encouraçado Minas Gerais, acabou tornando-se<br />
o símbolo <strong>da</strong> revolta, até mesmo porque<br />
nele cinco oficiais foram mortos.<br />
Apesar <strong>da</strong> anistia concedi<strong>da</strong> pelo Congresso<br />
Nacional, muitos marinheiros foram presos e<br />
sofreram as consequências do motim. Mais<br />
de dois mil marinheiros foram expulsos, entre<br />
eles o líder João Cândido, que amargou<br />
um grande período na prisão. Pelo menos,<br />
uma <strong>da</strong>s exigências foi atendi<strong>da</strong>: acabaram<br />
os castigos físicos na Marinha brasileira.<br />
7 . João Cândido (terceiro <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong> para a direita),<br />
líder <strong>da</strong> Revolta <strong>da</strong> Chibata<br />
Já a Guerra do Contestado durou quatro<br />
anos – de 1912 a 1916 –, em uma região<br />
disputa<strong>da</strong> entre o Paraná e Santa Catarina.<br />
Além <strong>da</strong>s questões sociais – no caso, a<br />
posse <strong>da</strong> terra –, também esse conflito teve<br />
aspectos religiosos, pois seus líderes pregavam<br />
a criação de uma “monarquia celestial”.<br />
A doação de terras para uma empresa<br />
estrangeira que construía uma ferrovia na<br />
região foi o estopim para o conflito.<br />
Dez mil combatentes revoltosos enfrentaram<br />
as tropas legalistas, e o saldo desse enfrentamento<br />
foi tão trágico quanto o de Canudos:<br />
milhares de casas destruí<strong>da</strong>s, cerca de<br />
20 mil pessoas mortas, entre civis e militares.<br />
A jovem República brasileira não encontrava<br />
outro método que não a força para li<strong>da</strong>r<br />
com as dissidências populares. Essas<br />
dissidências eram uma resposta ao desejo<br />
<strong>da</strong>s novas elites republicanas de promover<br />
uma modernização que seguia modelos internacionais<br />
e desconsiderava tradições culturais<br />
de populações sem educação formal<br />
e completamente afasta<strong>da</strong>s dos processos<br />
decisórios. A urgência de colocar o país em<br />
sintonia com o progresso tecnológico não levava<br />
em conta, afinal, a complexa reali<strong>da</strong>de<br />
social brasileira e suas mazelas her<strong>da</strong><strong>da</strong>s do<br />
colonialismo e <strong>da</strong> escravidão.<br />
Desse modo, mais do que exemplos de fanatismo<br />
religioso ou de mera ignorância, tais<br />
revoltas manifestavam a permanência de relações<br />
culturais tradicionais, de um passado<br />
histórico que não podia ser simplesmente<br />
cancelado com a instauração do novo regime.<br />
A mera reforma institucional não era capaz,<br />
por si mesma, de promover ligação de nossa<br />
cultura com a <strong>da</strong>s potências industrializa<strong>da</strong>s.<br />
O furacão<br />
Chiquinha Gonzaga<br />
Ô Abre Alas,<br />
Que eu quero passar<br />
Ô Abre Alas,<br />
Que eu quero passar<br />
Eu sou <strong>da</strong> Lira,<br />
Não posso negar<br />
Eu sou <strong>da</strong> Lira,<br />
Não posso negar<br />
Ô Abre Alas<br />
(Chiquinha Gonzaga)<br />
“Compositora, instrumentista, regente. Maior<br />
personali<strong>da</strong>de feminina <strong>da</strong> história <strong>da</strong> música<br />
popular brasileira e uma <strong>da</strong>s expressões<br />
1889: Nasce a República – A alma encantadora <strong>da</strong>s ruas<br />
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