No Compasso da História - MultiRio
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saudosa lembrança, fazendo os mais ardentes votos por sua grandeza e prosperidade”. É uma carta contida, sem grandes arroubos, que bem demonstra a personalidade do último imperador do Brasil. O conturbado começo republicano Liberdade, Liberdade abre as asas sobre nós e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz Vem ver, vem reviver comigo, amor o centenário em poesia nesta pátria, mãe querida O império decadente, muito rico era fidalguia É por isso que surgem Surgem os tamborins Vem emoção a bateria vem no pique da canção [incoerente e a nobreza enfeita o luxo do salão, [vem viver liberdade, liberdade, Abre as Asas sobre Nós (Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Jurandir, Vicentinho) As primeiras providências do governo provisório instalado após a Proclamação da República foram decretar a separação entre Estado e Igreja, conceder a nacionalidade brasileira a todos os imigrantes residentes no Brasil e nomear governadores para as províncias, que passaram a se chamar estados. Também foi decretado o banimento da Família Imperial, que só poderia retornar ao Brasil a partir de 1920. 4 . Marechal Deodoro da Fonseca, grafite de A. Leal O governo provisório, presidido pelo próprio marechal Deodoro da Fonseca, terminou com a promulgação da Constituição de 1891 e com a eleição, pelo Congresso Nacional, do próprio Deodoro, que derrotou o candidato dos civis, Prudente de Morais. Mas, quando o Congresso Nacional aprovou um conjunto de leis que visava reduzir o poder da presidência, Deodoro da Fonseca declarou o estado de sítio e tentou dar um golpe de Estado. Não deu certo, graças à resistência em diversas regiões, e o marechal fundador da República renunciou, deixando o vice, Floriano Peixoto, em seu lugar. A partir daí, a política brasileira passou a ser pautada pelos interesses das oligarquias paulista, mineira e gaúcha. O município, base inicial onde se fundamenta a organização política em nossa República, tinha um personagem que durante anos comandou a política local: o “coronel”. Apesar do nome, o coronel era quase sempre um civil (fazendeiro, dono de terras e de gado, plantador) que fazia a mediação entre a população e o poder local. Era ele quem providenciava os “votos de cabresto”, que iam garantir a eleição do presidente do estado (o governador dos dias de hoje), em troca de apoio à sua liderança política. 1889: Nasce a República – A alma encantadora das ruas 87
1889: Nasce a República – A alma encantadora das ruas 88 5 . Charge sobre o voto de cabresto, de Alfredo Storni, publicada na revista Careta, em 1927 É importante ressaltar que a Constituição de 1891 garantia uma grande autonomia aos estados e municípios nos temas ligados à legislação e até mesmo na formatação de suas forças de segurança: o coronel indicava o vereador, o prefeito, o delegado de polícia. O papel dos coronéis só entrou em decadência com a urbanização do país. O povo se revolta Marcado pela própria natureza O Nordeste do meu Brasil Oh, solitário sertão De sofrimento e solidão A terra é seca Mal se pode cultivar Morrem as plantas e foge o ar A vida é triste nesse lugar Sertanejo é forte Supera miséria sem fim Sertanejo homem forte Dizia o poeta assim os Sertões (Edeor de Paula) O fato de que a República e seus senhores caminhavam a passos largos rumo ao século XX indica apenas que as elites brasileiras estavam-se preparando para o futuro. Grande parte da população estabelecida em áreas rurais ainda vivia sob modelos antigos, o que acabou gerando uma série de rebeliões que, apesar de possuírem motivações diferentes, tinham em comum o fato de contrapor o povo às elites. Em 1896, no interior da Bahia, teve início o confronto conhecido como Guerra de Canudos, entre o Exército brasileiro e os integrantes de um movimento de caráter sociorreligioso. Guiados por Antônio Conselheiro, líder popular que pregava a volta da monarquia, o fim do matrimônio civil, a volta da união entre o Estado e a Igreja e até a abolição do sistema métrico decimal, os revoltosos enfrentaram quatro expedições do Exército, até serem destroçados em 1897. Cerca de 25 mil pessoas teriam morrido durante as campanhas, que foram magistralmente descritas por dois escritores: o brasileiro Euclides da Cunha (Os Sertões) e o peruano Mario Vargas Llosa (A Guerra do Fim do Mundo). 6 . Capa do livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, edição de 1902 A Revolta da Chibata, em 1910, colocou em confronto marinheiros e oficiais da Marinha brasileira na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, por conta dos castigos físicos que ainda eram aplicados nos navios (as faltas mais graves podiam ser punidas
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tinham em comum o fato de contrapor<br />
o povo às elites.<br />
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entre o Exército brasileiro e os integrantes<br />
de um movimento de caráter sociorreligioso.<br />
Guiados por Antônio Conselheiro, líder<br />
popular que pregava a volta <strong>da</strong> monarquia,<br />
o fim do matrimônio civil, a volta <strong>da</strong> união<br />
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enfrentaram quatro expedições do Exército,<br />
até serem destroçados em 1897. Cerca de 25<br />
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que foram magistralmente descritas<br />
por dois escritores: o brasileiro Euclides <strong>da</strong><br />
Cunha (Os Sertões) e o peruano Mario Vargas<br />
Llosa (A Guerra do Fim do Mundo).<br />
6 . Capa do<br />
livro Os Sertões,<br />
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Cunha, edição<br />
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A Revolta <strong>da</strong> Chibata, em 1910, colocou<br />
em confronto marinheiros e oficiais <strong>da</strong> Marinha<br />
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Rio de Janeiro, por conta dos castigos físicos<br />
que ain<strong>da</strong> eram aplicados nos navios<br />
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