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No Compasso da História - MultiRio

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1808: O Segundo Reinado<br />

76<br />

afronta à “soberania nacional”. Quase meio<br />

século ain<strong>da</strong> correria até que as condições<br />

econômicas e sociais permitissem a abolição.<br />

Sua majestade, o café<br />

<strong>No</strong> sertão <strong>da</strong> minha terra<br />

Fazen<strong>da</strong> é o camara<strong>da</strong> que ao chão<br />

Fez a obrigação com força<br />

[se deu<br />

Parece até que tudo aquilo é seu<br />

Só poder sentar no morro<br />

E ver tudo verdinho lindo a crescer<br />

Orgulhoso camara<strong>da</strong>, de viola em vez<br />

[de enxa<strong>da</strong><br />

Morro Velho<br />

(Milton Nascimento)<br />

Depois do pau-brasil, do açúcar e do ouro,<br />

o século XIX apresentou um novo “eldorado”<br />

para quem tinha terras e escravos: o café.<br />

A história desse fruto é uma ver<strong>da</strong>deira peregrinação<br />

por vários continentes e várias<br />

culturas, servindo de elo entre povos muito<br />

diferentes. Originário <strong>da</strong> Etiópia, chegou ao<br />

Egito e à Arábia, provavelmente a partir do<br />

século IX. Em Constantinopla, no século XVI,<br />

surgiram as primeiras lojas de café, difundindo<br />

seu consumo pela Europa.<br />

Por volta de 1570, Veneza conheceu a bebi<strong>da</strong>.<br />

<strong>No</strong> continente americano, o cultivo do<br />

café chegou por mãos holandesas, no Caribe.<br />

Em 1727, o sargento Francisco de Melo<br />

Palheta trouxe as primeiras mu<strong>da</strong>s para o<br />

Brasil, em princípio, para a região <strong>No</strong>rte. A<br />

terra não era apropria<strong>da</strong> para o tipo de plantação,<br />

mas, depois, no Vale do Paraíba, na<br />

região fluminense, o café tornou-se, ao mesmo<br />

tempo, a salvação para as combali<strong>da</strong>s finanças<br />

do Império e um grande devastador<br />

de nossas matas nativas.<br />

Para alcançar o status de maior produto de<br />

exportação do Brasil, contou com condições<br />

bem favoráveis, além do clima e dos solos<br />

férteis. Em primeiro lugar, com o estabelecimento<br />

de novos colonos ao redor do Rio de<br />

Janeiro, que vieram junto com a Corte portuguesa<br />

em 1808. Em segundo, com a farta<br />

mão de obra escrava (<strong>da</strong>dos comprovam a<br />

existência de cerca de 145 mil homens em<br />

1817 e mais de 220 mil em 1840). Por fim,<br />

com a deman<strong>da</strong> mundial, que tornara o café<br />

um produto de larga aceitação, sendo responsável<br />

por 40% <strong>da</strong>s exportações brasileiras,<br />

com absoluto destaque para o Rio de<br />

Janeiro, entre 1830 e 1840.<br />

9 . Escravos trabalhando no ensacamento do café,<br />

por Marc Ferrez<br />

Os “barões de café”, como ficaram conhecidos<br />

os proprietários <strong>da</strong>s grandes plantações,<br />

eram os maiores defensores <strong>da</strong> política<br />

escravista e, portanto, <strong>da</strong> manutenção do<br />

tráfico negreiro durante um bom período do<br />

reinado de D. Pedro II. Os “barões” consideravam<br />

a escravidão uma necessi<strong>da</strong>de para o<br />

desenvolvimento do país. Quando, em 1850,<br />

foi promulga<strong>da</strong> a primeira lei que exigia a<br />

extinção do tráfico, sua motivação na<strong>da</strong> tinha<br />

a ver com projetos abolicionistas, mas<br />

com o medo que tinham os brancos do crescimento<br />

<strong>da</strong> população negra e <strong>da</strong>s revoltas<br />

de escravos, como a dos malês, que aterrorizavam<br />

os proprietários.<br />

Uma questão importante que também deve<br />

ser leva<strong>da</strong> em conta é a melhoria dos transportes,<br />

que tinha como um dos objetivos o

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