No Compasso da História - MultiRio
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Quatro grandes revoltas ameaçaram a uni<strong>da</strong>de<br />
do Brasil, recém-formado politicamente.<br />
Com exceção <strong>da</strong> Revolta dos Malês, em Salvador,<br />
esses movimentos tinham em comum<br />
o desejo de se libertar do poder centralizador,<br />
que asfixiava os anseios de crescimento<br />
econômico e social <strong>da</strong>s províncias.<br />
A Cabanagem teve como cenário principal a<br />
ci<strong>da</strong>de de Belém, no Pará. Liderados pelo<br />
cônego Batista Campos, os revoltosos depuseram<br />
vários governadores enviados pelo<br />
Rio de Janeiro. Somente em dezembro de<br />
1833, ao nomear Bernardo Lobo de Souza<br />
para governar a província, o governo regencial<br />
voltou a controlar a situação. A revolta<br />
continuou até 1840, quando foi violentamente<br />
reprimi<strong>da</strong> pelo governo central.<br />
4 . Belém, por Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich<br />
Philipp von Martius<br />
Em 1835, a Bahia assistiu ao movimento<br />
dos escravos de orientação muçulmana, os<br />
malês. Metade <strong>da</strong> população de Salvador<br />
era composta por negros que exerciam ativi<strong>da</strong>des<br />
liberais e rendiam bastante dinheiro<br />
aos seus senhores. Em janeiro <strong>da</strong>quele<br />
ano, cansados <strong>da</strong> opressão, cerca de 600<br />
escravos malês tomaram a ci<strong>da</strong>de com uma<br />
rapidez fulminante. Nas lutas pelas ruas <strong>da</strong><br />
capital baiana, cerca de 70 negros morreram,<br />
enquanto centenas foram presos e condenados<br />
a açoites, ao degredo ou à morte.<br />
A revolta durou apenas um dia, mas deixou<br />
forte impressão na elite branca baiana, que<br />
reforçou o esquema militar e aumentou a<br />
repressão sobre qualquer tipo de movimento<br />
ou levante negro.<br />
Em 1837, mais uma vez, a Bahia foi palco de<br />
acontecimentos sangrentos. A Sabina<strong>da</strong>, lidera<strong>da</strong><br />
pelo médico Francisco Sabino Álvares<br />
<strong>da</strong> Rocha Vieira, foi uma revolta <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s<br />
médias <strong>da</strong> população, que pretendiam<br />
manter a autonomia <strong>da</strong> província consegui<strong>da</strong><br />
com o Ato Adicional de 1834. Tinha por objetivo<br />
proclamar a República Bahiense – esse<br />
tema é muito controverso, pois, segundo alguns<br />
historiadores, há indícios de que o projeto<br />
seria manter a Bahia republicana até a<br />
maiori<strong>da</strong>de de D. Pedro II. Depois do êxito<br />
inicial, o levante foi duramente reprimido pelas<br />
forças imperiais.<br />
Em 1838, os conflitos chegaram ao Maranhão.<br />
A crise na produção algodoeira levou<br />
à Balaia<strong>da</strong>, uma revolta de escravos e vaqueiros<br />
contra os senhores de terras que<br />
contou com o apoio dos grupos liberais do<br />
estado. O líder mais ativo foi Manuel Francisco<br />
dos Anjos Ferreira, fabricante de balaios<br />
que, liderando um grupo de revoltosos,<br />
tomou a Vila de Caxias, em 1839. Os combates<br />
duraram três anos, e a falta de um<br />
comando político unificado acabou por enfraquecer<br />
os revoltosos. As tropas imperiais,<br />
sob o comando do então coronel Luís Alves<br />
de Lima e Silva, futuro patrono do Exército<br />
brasileiro sob o título de Duque de Caxias,<br />
terminaram com a rebelião.<br />
5 . Fotogravura de<br />
Luís Alves de Lima<br />
e Silva, o Duque<br />
de Caxias<br />
1808: O Segundo Reinado<br />
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