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No Compasso da História - MultiRio

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forma de governar o Brasil. Coroado em 1º<br />

de dezembro de 1822, D. Pedro continuava<br />

entre dois fogos cruzados: por um lado, um<br />

partido português defendendo que, apesar<br />

<strong>da</strong> independência, o Brasil deveria manter<br />

seus laços com Portugal; por outro, brasileiros<br />

propondo uma monarquia constitucional<br />

para limitar o poder do imperador.<br />

Em maio de 1823, começaram os trabalhos<br />

de uma Assembleia Constituinte que deveria<br />

promulgar a primeira Constituição do Brasil<br />

independente. <strong>No</strong> entanto, ao perceber que<br />

teria seus poderes diminuídos, o imperador<br />

mandou prender os constituintes e dissolveu<br />

a assembleia. Tal gesto repercutiu muito<br />

mal, principalmente porque, em outras províncias<br />

brasileiras, havia forças de oposição<br />

de caráter acentua<strong>da</strong>mente nacionalista e<br />

tendência republicana que enxergavam em<br />

D. Pedro e nas forças políticas do Rio de<br />

Janeiro uma extensão do poder português.<br />

Em 2 de julho de 1824, Manuel Carvalho<br />

Paes de Andrade proclamou a independência<br />

<strong>da</strong> província de Pernambuco, enviando<br />

convites às demais províncias do <strong>No</strong>rte e<br />

do <strong>No</strong>rdeste do Brasil para que se unissem<br />

à revolta e formassem a Confederação do<br />

Equador. Em tese, o novo Estado republicano<br />

seria formado pelas províncias do Piauí,<br />

do Ceará, do Rio Grande do <strong>No</strong>rte, de Alagoas,<br />

de Sergipe, <strong>da</strong> Paraíba e de Pernambuco.<br />

<strong>No</strong> entanto, somente algumas ci<strong>da</strong>des<br />

aderiram ao projeto de independência, o<br />

que enfraqueceu bastante o movimento.<br />

Com o Recife cercado pelas tropas legalistas,<br />

foi <strong>da</strong>do um ultimato a Paes de Andrade,<br />

que se recusou a aceitá-lo, mas, diante<br />

do poderoso ataque <strong>da</strong>s tropas imperiais,<br />

fugiu, embarcando em um navio britânico.<br />

Somente alguns revoltosos, entre eles Frei<br />

Caneca, decidiram seguir lutando e escaparam<br />

para o Ceará, onde pretendiam unir<br />

suas forças com outras <strong>da</strong>quela província.<br />

Não tiveram sucesso, e os que foram feitos<br />

prisioneiros enfrentaram um julgamento que<br />

durou até 1825. Centenas de pessoas participaram<br />

<strong>da</strong> revolta, mas somente 11 foram<br />

condena<strong>da</strong>s à morte; to<strong>da</strong>s as outras foram<br />

perdoa<strong>da</strong>s por D. Pedro I.<br />

A execução de Frei Caneca representou um<br />

dos episódios mais controversos do Primeiro<br />

Império. Personagem famoso na província<br />

pela sua luta em favor de posições liberais<br />

muito avança<strong>da</strong>s para sua época, teve prisão<br />

decreta<strong>da</strong> no Ceará, sendo conduzido<br />

ao Recife, onde foi condenado à morte por<br />

enforcamento. Indiciado como um dos chefes<br />

<strong>da</strong> rebelião, apontado como “escritor de<br />

papéis incendiários”, seria executado para<br />

servir como exemplo e evitar o surgimento<br />

de novas rebeliões.<br />

15 . Execução<br />

de Frei Caneca,<br />

óleo sobre<br />

tela de Murillo<br />

de La Greca<br />

A crônica de sua morte, que hoje sofre uma<br />

revisão, aponta que três carrascos teriam se<br />

recusado a enforcá-lo, sendo necessário que<br />

se convocasse um pelotão de arcabuzeiros<br />

(o arcabuz era uma arma de fogo anterior à<br />

espingar<strong>da</strong>) para executar a sentença. Seu<br />

corpo, recolhido por outros religiosos, foi<br />

enterrado em local até hoje não descoberto.<br />

1808: Era no tempo do rei<br />

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