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No Compasso da História - MultiRio

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1808: Era no tempo do rei<br />

62<br />

Eram os tempos do liberalismo na Europa,<br />

doutrina que pregava a redução dos poderes<br />

reais, assegurava a proprie<strong>da</strong>de individual e<br />

criava mecanismos para regular a ativi<strong>da</strong>de<br />

comercial. Inspira<strong>da</strong> por esses princípios, a<br />

Revolução Constitucionalista eclodiu em 24<br />

de agosto de 1820, na ci<strong>da</strong>de do Porto, e<br />

se espalhou, rapi<strong>da</strong>mente, pelo país. Entre<br />

suas reivindicações, exigia a elaboração de<br />

uma Constituição para Portugal, o imediato<br />

retorno <strong>da</strong> corte portuguesa e a restauração<br />

<strong>da</strong> exclusivi<strong>da</strong>de do comércio com o Brasil –<br />

a volta do pacto colonial.<br />

Diante do novo quadro político, não restou<br />

alternativa a D. João VI a não ser voltar a Portugal,<br />

como forma de manter alguns dos privilégios<br />

<strong>da</strong> corte e <strong>da</strong> Família Real, os quais<br />

estavam ameaçados pelos ventos liberalistas<br />

que sopravam além-mar. Ao partir, em 1821,<br />

deixou no Brasil, como príncipe regente, seu<br />

primogênito D. Pedro de Alcântara, um príncipe<br />

criado em solo tropical, que, aqui, já desfrutava<br />

<strong>da</strong>s delícias que um jovem português<br />

de sua época jamais sonharia conhecer. O estratégico<br />

jogo político europeu, ao mexer as<br />

pedras no tabuleiro histórico, apressava de<br />

maneira definitiva o surgimento de um novo<br />

país independente na América.<br />

Fico!<br />

Já podeis <strong>da</strong> pátria filhos<br />

Ver contente a mãe gentil<br />

Já raiou a liber<strong>da</strong>de<br />

<strong>No</strong> horizonte do Brasil<br />

Brava gente brasileira<br />

Longe vá temor servil<br />

Ou ficar a pátria livre<br />

Ou morrer pelo Brasil<br />

Hino <strong>da</strong> independência<br />

(D. Pedro de Alcântara e Evaristo <strong>da</strong> Veiga)<br />

O jovem D. Pedro foi retratado pelos diversos<br />

autores que escreveram sobre sua vi<strong>da</strong> como<br />

impulsivo, boêmio, amante arrebatado, músico<br />

e o mais belo de uma dinastia que não<br />

era exatamente um exemplo de beleza universal.<br />

Cioso dos privilégios reais, desagradou-o<br />

sobremaneira a parti<strong>da</strong> de D. João VI para Portugal<br />

por imposição dos constitucionalistas.<br />

A mesma pressão exerci<strong>da</strong> sobre D. João VI<br />

foi transferi<strong>da</strong> para D. Pedro. As cortes de<br />

Lisboa estavam decidi<strong>da</strong>s a “recolonizar” o<br />

Brasil e, para isso, ordenaram que o príncipe<br />

regente retornasse a Portugal imediatamente.<br />

Mas não levaram em conta fatores importantes,<br />

como o fato de que D. Pedro aqui<br />

vivera sua infância e adolescência, estabelecendo<br />

laços afetivos desconhecidos por<br />

seus pais. E, também, os interesses comuns<br />

entre o príncipe regente e a elite brasileira,<br />

que se solidificaram através <strong>da</strong> maçonaria,<br />

movimento que crescia no país, aglutinando<br />

correntes de pensamento que poderiam levar<br />

o Brasil à independência política.<br />

12 . Retrato do Príncipe D. Pedro, aquarela de<br />

Jean-Baptiste Debret<br />

Perseguidos pela Inquisição portuguesa,<br />

os maçons organizavam-se em socie<strong>da</strong>des<br />

secretas ou em grupos de facha<strong>da</strong> sob o<br />

nome de “associações literárias”. Eles foram<br />

responsáveis pela propagação de ideais<br />

iluministas em reuniões nas quais podiam

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