No Compasso da História - MultiRio
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escravizar, pois eram necessários muitos<br />
braços que tocassem a lavoura, principalmente<br />
nos engenhos de cana-de-açúcar. Ou<br />
seja, antes mesmo que os negros africanos<br />
entrassem na terrível era <strong>da</strong> escravidão no<br />
Brasil, nossos indígenas já sofriam sob o<br />
jugo bandeirante.<br />
4 . Lavagem de Diamantes, pintura de Carlos Julião<br />
Com a Serra do Mar separando São Paulo<br />
do litoral como uma ver<strong>da</strong>deira “muralha”<br />
natural, não havia outra opção que não fosse<br />
o sertão, e sua porta de entra<strong>da</strong> eram o<br />
Rio Tietê e seus afluentes. Foi em 1562 que<br />
partiu a primeira expedição de apresamento,<br />
chefia<strong>da</strong> por João Ramalho, que atacou<br />
as tribos do Vale do Paraíba. Alguns desses<br />
chefes de expedição entraram para nossa<br />
história como homens de grande bravura e<br />
que aju<strong>da</strong>ram a forjar o Brasil como o conhecemos<br />
hoje. <strong>No</strong> entanto, à luz de novos<br />
estudos e sob o olhar dos direitos humanos,<br />
as façanhas dos bandeirantes mostram um<br />
outro lado, no qual a indefensável utilização<br />
do ser humano como mão de obra escrava<br />
– e mercadoria, já que a ven<strong>da</strong> de indígenas<br />
capturados era altamente lucrativa – mancha<br />
esses tempos heroicos.<br />
O nascimento <strong>da</strong> Vila Rica<br />
Caminhando pela mata virgem<br />
Bravo bandeirante encontrou<br />
Grupo de nativos comentavam<br />
O que o trovão proporcionou<br />
<strong>No</strong> céu sem as estrelas<br />
Mas um raio de luz se dirigia<br />
A gruta de uma alma encanta<strong>da</strong><br />
Era a mãe de ouro que surgia<br />
Ôba-bá, Ôla, Ôba-bá<br />
É a mãe do ouro<br />
Que vem me salvar<br />
<strong>No</strong> Reino <strong>da</strong> Mãe de ouro<br />
(Tolito e Rubens <strong>da</strong> Mangueira)<br />
Além do impulso gerado pela necessi<strong>da</strong>de<br />
portuguesa de se capitalizar através<br />
do ouro, <strong>da</strong> prata e <strong>da</strong>s pedras preciosas,<br />
havia o fato de que a economia açucareira<br />
começava a entrar em declínio, sofrendo a<br />
concorrência do açúcar antilhano, que, com<br />
capitais holandeses, produzia mais e tinha<br />
um preço melhor. Ou seja: as expedições<br />
bandeirantes que avançavam pelo território<br />
que viria a ser conhecido como Minas Gerais<br />
também eram portadoras de um novo modelo<br />
de exploração <strong>da</strong>s terras.<br />
Foram bandeirantes paulistas que chegaram<br />
à região hoje conheci<strong>da</strong> como Ouro Preto.<br />
Por volta de 1698, o bandeirante Antonio<br />
Dias de Oliveira, o padre João de Faria Filho<br />
e o coronel Tomás Lopes de Camargo<br />
fun<strong>da</strong>ram um arraial que, ain<strong>da</strong> sem nome,<br />
começou a atrair muitas pessoas devido às<br />
histórias de grandes achados de ouro.<br />
Em 1711, a grande afluência ao local fez com<br />
que a Coroa, interessa<strong>da</strong> em organizar a riqueza<br />
que começava a escorrer entre seus<br />
dedos, fun<strong>da</strong>sse Vila Rica, hoje Ouro Preto,<br />
Ouro em Minas<br />
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