No Compasso da História - MultiRio

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17.04.2013 Views

Gongá (Sérgio Santos e Paulo César Pinheiro) Vim de longe, de um reino de além do mar. Vim marcado que nem o gado de lá, Num porão de navio, Sei de dor, fome, frio, Sem poder nunca mais voltar. Remo nas mãos, Ferro nos pés, Sangue riscando o olhar. Vim nos grilhões, Vim nas galés, Eu vim da África Retirantes (Dorival Caymmi e Jorge Amado) Vida de negro é difícil É difícil como quê Eu quero morrer de noite Na tocaia me matar Eu quero morrer de açoite Se tu, negra, me deixar Vida de negro é difícil É difícil como quê Quilombo – O Eldorado do Negro (Gilberto Gil e Waly Salomão) Existiu Um eldorado negro no Brasil Existiu Como o clarão que o sol da liberdade [produziu Refletiu A luz da divindade, o fogo santo de [Olorum Reviveu A utopia um por todos e todos por um Quilombo Que todos fizeram com todos os santos [zelando Quilombo Que todos regaram com todas as águas [do pranto Quilombo Que todos tiveram de tombar amando e [lutando Quilombo Que todos nós ainda hoje desejamos tanto 247

248 Zumbi (Jorge Ben Jor) Aqui onde estão os homens Há um grande leilão Dizem que nele há Uma princesa à venda... Quando Zumbi chegar O que vai acontecer Zumbi é senhor das guerras É senhor das demandas Quando Zumbi chega é Zumbi Quem manda Eu quero ver Eu quero ver Eu quero ver Reza (Edu Lobo e Ruy Guerra) Por amor andei, já Tanto chão e mar Senhor, já nem sei Se o amor não é mais Bastante pra vencer Eu já sei o que vou fazer Meu Senhor, uma oração Vou cantar para ver se vai valer Laia, ladaia, sabatana, Ave Maria Upa Neguinho (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri) Upa, neguinho na estrada Upa, pra lá e pra cá Virge! Que coisa mais linda! Upa neguinho Começando a andar Começando a andar... Raça (Milton Nascimento e Fernando Brant) Lá vem a força, lá vem a magia Que me incendeia o corpo de alegria Lá vem a santa maldita euforia Que me alucina, que me joga e rodopia Lá vem o canto, o berro de fera Lá vem a voz de qualquer primavera Lá vem a unha rasgando a garganta A fome, a fúria, o sangue que já se [levanta De onde vem essa coisa tão minha Que me aquece e me faz carinho? De onde vem essa coisa tão crua Que me acorda e me põe no meio da rua?

Gongá<br />

(Sérgio Santos e Paulo César Pinheiro)<br />

Vim de longe, de um reino de além do mar.<br />

Vim marcado que nem o gado de lá,<br />

Num porão de navio,<br />

Sei de dor, fome, frio,<br />

Sem poder nunca mais voltar.<br />

Remo nas mãos,<br />

Ferro nos pés,<br />

Sangue riscando o olhar.<br />

Vim nos grilhões,<br />

Vim nas galés,<br />

Eu vim <strong>da</strong> África<br />

Retirantes<br />

(Dorival Caymmi e Jorge Amado)<br />

Vi<strong>da</strong> de negro é difícil<br />

É difícil como quê<br />

Eu quero morrer de noite<br />

Na tocaia me matar<br />

Eu quero morrer de açoite<br />

Se tu, negra, me deixar<br />

Vi<strong>da</strong> de negro é difícil<br />

É difícil como quê<br />

Quilombo – O Eldorado do Negro<br />

(Gilberto Gil e Waly Salomão)<br />

Existiu<br />

Um eldorado negro no Brasil<br />

Existiu<br />

Como o clarão que o sol <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de<br />

[produziu<br />

Refletiu<br />

A luz <strong>da</strong> divin<strong>da</strong>de, o fogo santo de<br />

[Olorum<br />

Reviveu<br />

A utopia um por todos e todos por um<br />

Quilombo<br />

Que todos fizeram com todos os santos<br />

[zelando<br />

Quilombo<br />

Que todos regaram com to<strong>da</strong>s as águas<br />

[do pranto<br />

Quilombo<br />

Que todos tiveram de tombar amando e<br />

[lutando<br />

Quilombo<br />

Que todos nós ain<strong>da</strong> hoje desejamos tanto<br />

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