No Compasso da História - MultiRio

Que país é este?
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e cadernetas de poupança acima de 50 mil
cruzados novos, substituiu a moeda corrente
pelo cruzado novo e congelou preços e
salários. A ideia era dar um tiro de morte
na superinflação. Inflação e congelamento o
povo já conhecia, mas ficar sem o dinheiro
poupado teve um impacto muito grande na
opinião pública.
O governo Collor também foi marcado pela
abertura do mercado nacional às importações
e por ter inaugurado um programa nacional
de desestatização. Houve um agravamento
da recessão econômica, e, somente
em 1990, foram extintos mais de 920 mil
postos de trabalho e a inflação atingiu a
casa dos 1.200% ao ano. Milhares de jovens
tomaram as ruas das capitais vestindo
roupas negras e com o rosto pintado
na mesma cor, em sinal de luto pela crise
econômica e contra a corrupção. Logo a imprensa
abriu espaço para o movimento dos
“caras-pintadas”.
Pedro Collor de Mello, irmão de Fernando
Collor, denunciou um esquema de corrupção
que culminou com o pedido de impeachment
do presidente. Este renunciou ao cargo em 2
de outubro de 1992. Sucedeu-o na presidência
o vice Itamar Franco.
12 . O movimento dos “caras pintadas” pede a saída de Collor
No seu governo, Fernando Collor iniciou um
processo de desmonte do cinema brasileiro,
extinguindo a Embrafilme, o Concine e a
Fundação do Cinema Brasileiro. O Ministério
da Cultura foi transformado em Secretaria
de Cultura, diretamente subordinada à Presidência
da República. Pouco mais de dois
anos depois, voltou ao seu antigo estatuto.
Data desse período a aprovação da Lei
Rouanet, desde então o principal incentivo à
área cultural do Brasil.
O cinema: apesar
do desmonte
Na morte eu descanso, mas o
Sangue anda solto
Manchando os papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão
Que país é este?
Terceiro Mundo, se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão
Que país é este?
Que País É Este
(Renato Russo)
Na década de 1980, a chamada pornochanchada
dominou a nossa produção cinematográfica.
Mas, apesar do desmonte do cinema
ocorrido no governo Collor, a década foi
marcada também por produções que trataram
dos problemas do país, entre elas Pixote,
a Lei do Mais Fraco, de Hector Babenco,
sobre o drama de um menino de rua. O ator
Fernando Ramos da Silva, que interpretou o
papel-título, era ele próprio um jovem nessas
condições.
Destacaram-se, também, Sargento Getúlio,
de Hermano Penna, uma adaptação do romance
de João Ubaldo Ribeiro, e a comédia