No Compasso da História - MultiRio
No Compasso da História - MultiRio
No Compasso da História - MultiRio
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Que país é este?<br />
218<br />
Mesmo durante os anos mais difíceis <strong>da</strong><br />
ditadura, a música brasileira não deixou<br />
de surpreender. A ver<strong>da</strong>de é que criativi<strong>da</strong>de<br />
nunca faltou aos nossos artistas: o que<br />
faltava era liber<strong>da</strong>de. <strong>No</strong>vos tempos, novas<br />
canções. E, assim, os anos 1980 viram surgir<br />
dezenas de vozes e variados ritmos.<br />
Muito antes <strong>da</strong> “geração coca-cola”, os jovens<br />
brasileiros, principalmente aqueles que<br />
viviam nas ci<strong>da</strong>des, já ensaiavam seus passinhos<br />
no rock and roll e estu<strong>da</strong>vam inglês<br />
para entender as letras <strong>da</strong>s canções americanas.<br />
Celly Campello foi uma precursora com<br />
seu Estúpido Cupido. Depois veio a Jovem<br />
Guar<strong>da</strong> com uma legião de novos ídolos: o<br />
rei Roberto Carlos; seu fiel escudeiro, Erasmo<br />
Carlos, o Tremendão; a Ternurinha Wanderléa;<br />
Martinha; Vanusa; e tantos outros.<br />
5 . Erasmo Carlos, o Tremendão, principal parceiro de Roberto<br />
Carlos, em apresentação no ano de 1970<br />
Depois <strong>da</strong> Jovem Guar<strong>da</strong>, foi a vez de Os<br />
Mutantes, um grupo esperto e diversificado<br />
musicalmente que fez uma aliança produtiva<br />
com os tropicalistas Caetano Veloso e<br />
Gilberto Gil e ajudou a renovar a MPB. Em<br />
vez de um banquinho e um violão, imagem<br />
que marcou a bossa nova, o novo cenário<br />
musical tinha guitarras e fantasias colori<strong>da</strong>s.<br />
O final dos anos 1970 e o início dos 1980<br />
também foram marcados pela presença forte<br />
do baiano Raul Seixas. Com letras simples e<br />
ao mesmo tempo filosóficas, ele conseguiu<br />
grande populari<strong>da</strong>de.<br />
E, de mansinho, como quem não quer na<strong>da</strong>,<br />
vão ocupando a cena musical os <strong>No</strong>vos<br />
Baianos, apostando no casamento cheio<br />
de balanço entre o samba, o forró e o rock.<br />
É preciso mencionar, também, os mineiros<br />
do Clube <strong>da</strong> Esquina e, principalmente, Milton<br />
Nascimento, que marcaram o fim <strong>da</strong><br />
déca<strong>da</strong> de 1970 com canções antológicas.<br />
E, finalmente, o pessoal do Ceará, com Fagner,<br />
Belchior e Zé Ramalho fazendo um mix<br />
de sertanejo com rock. É interessante notar<br />
que, mesmo depois que esses grupos que<br />
abrigavam baianos, mineiros e cearenses se<br />
desfizeram, seus principais músicos e compositores<br />
prosseguiram em suas carreiras<br />
solo e continuaram ativos até o século XXI.<br />
Segundo os pesquisadores, o grande fenômeno<br />
<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1980 foi mesmo o rock<br />
made in Brasil. Legítimo. Ele veio para levantar<br />
o astral com seus acordes básicos e <strong>da</strong>nçantes.<br />
E empolgou a rapazia<strong>da</strong>. Para isso,<br />
contou com o humor <strong>da</strong> Blitz, de João Penca<br />
e Seus Miquinhos Amestrados e do Ultraje<br />
a Rigor. E também abriu espaço para o som<br />
pesado e politizado <strong>da</strong> Legião Urbana e do<br />
Barão Vermelho. Os jovens que cresceram<br />
durante a ditadura tinham pressa de viver<br />
e buscavam espaços em um país que não<br />
tinha <strong>da</strong>do certo. Rebeldes, sim; mas, com<br />
muita causa, eles botaram a boca no mundo.<br />
6 . Barão Vermelho, ban<strong>da</strong> de rock nacional cria<strong>da</strong> em 1981