No Compasso da História - MultiRio

Ninguém segura este país
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O governo Médici concedeu incentivos para
a indústria e a agricultura e, por meio do
Banco Nacional de Habitação, desenvolveu a
construção de um grande número de casas
populares. Os resultados, porém, foram decepcionantes.
Segundo a Fundação Getúlio
Vargas, persistiam a miséria e a desigualdade
social. Apesar de ter tido à época o nono
Produto Interno Bruto do mundo, em desnutrição
o Brasil perdia apenas para Bangladesh,
Filipinas, Índia, Indonésia e Paquistão.
Brasil Grande
10 . O Mobral, criado
para erradicar o
analfabetismo no país
11 . Projeto Rondon,
de integração
nacional, criado
no governo militar
De repente é aquela corrente pra frente
Parece que todo o Brasil deu a mão
Todos ligados na mesma emoção
Todos juntos vamos, pra frente Brasil
Salve a seleção!
Pra Frente, Brasil
(Miguel Gustavo)
Como sempre, o futebol teria um papel importante
naquela década. Depois de ser vitoriosa
em duas Copas do Mundo, 1958 e 1962,
nossa seleção decepcionou na Inglaterra, em
1966, sendo eliminada logo na primeira fase.
Foi a última vez que Pelé e Garrincha jogaram
juntos – e, para variar, o time venceu,
aliás a única vitória naquela Copa: 2 x 0 sobre
a Bulgária, com gols marcados exatamente
por esses dois gênios do futebol mundial.
Para a Copa de 1970, no México, era preciso
uma renovação, que começou com uma grande
jogada: a contratação, em 1969, do jornalista
e técnico João Saldanha para dirigir a
seleção, que precisava disputar as eliminatórias.
Saldanha era um personagem polêmico e
malvisto pelo regime, já que não escondia de
ninguém sua filiação comunista. No entanto,
no que dizia respeito ao futebol, era uma voz
com profunda autoridade, pois em seus inesquecíveis
artigos como jornalista apontava todos
os defeitos que entravavam o crescimento
do esporte nacional mais amado no país.
12 . A seleção tricampeã do mundo em 1970, no México
Ao ser designado como técnico da seleção,
escalou “vinte e duas feras”, como ele queria,
e as “feras do Saldanha” caíram imediatamente
no gosto popular. O time de craques
deu um verdadeiro show nas eliminatórias,
classificando o Brasil para a Copa. Mas sua
língua afiada, seus gestos de independência
e a posição contrária ao governo militar
inviabilizaram sua permanência à frente da
equipe. No México, quem dirigiu a seleção
foi Zagallo, jogador bicampeão do mundo.
Vitoriosa, a seleção brasileira se tornou a
primeira equipe a conquistar o tricampeonato,
que foi cantado em verso e prosa e
utilizado pelo regime como marca registrada
do “Brasil Grande”.