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No Compasso da História - MultiRio

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Tropicália<br />

200<br />

Ain<strong>da</strong> no segundo semestre, Caetano, Gil e<br />

Os Mutantes estrearam na boate Sucata, no<br />

Rio de Janeiro, um show provocador. <strong>No</strong> cenário,<br />

duas bandeiras: em uma, se lia “Yes,<br />

nós temos bananas”, e, na outra, “Seja herói,<br />

seja marginal”, a já famosa homenagem<br />

de Hélio Oiticica ao bandido Cara de Cavalo.<br />

Em cena, Caetano gritava “Chega de sau<strong>da</strong>de”,<br />

seguido de gritos e ruídos distorcidos<br />

de guitarra, <strong>da</strong>va cambalhotas e se arrastava<br />

pelo chão. Parte do público adorava, parte<br />

odiava. “Isso é uma apelação, fora, fora!”,<br />

protestou uma moça, sem saber que ela fazia<br />

parte do espetáculo, já que os holofotes<br />

também se voltavam para a plateia. Um<br />

boato de que Caetano teria cantado o Hino<br />

Nacional em cena provocou a proibição do<br />

espetáculo e o fechamento <strong>da</strong> boate. Uma<br />

denúncia, algo muito comum no clima político<br />

<strong>da</strong> época, levou à prisão dos músicos<br />

baianos, que depois de soltos foram obrigados<br />

a se exilar em Londres.<br />

22 . Caetano Veloso na boate Sucata, no Rio, em 1968<br />

O sonho continua<br />

Muitas <strong>da</strong>s paixões nasci<strong>da</strong>s em 1968 e<br />

desdobra<strong>da</strong>s pelo Tropicalismo continuam<br />

vivas. Hoje, estudiosos do período afirmam<br />

que estu<strong>da</strong>ntes, músicos e intelectuais experimentaram<br />

e ampliaram os limites dos<br />

horizontes políticos, sexuais, comportamentais<br />

e existenciais.<br />

Meu caminho pelo mundo<br />

Eu mesmo traço<br />

A Bahia já me deu<br />

Régua e compasso<br />

Quem sabe de mim sou eu<br />

Aquele abraço!<br />

Aquele Abraço<br />

(Gilberto Gil)<br />

Para o jornalista Zuenir Ventura, “essa grande<br />

aventura não foi um folhetim de capa<br />

e espa<strong>da</strong>, mas um romance sem ficção. O<br />

melhor de seu legado não está no gesto –<br />

muitas vezes desesperado; em outras, autoritário<br />

– mas na paixão com que foi à luta,<br />

<strong>da</strong>ndo a impressão de que estava disposta<br />

a entregar a vi<strong>da</strong> para não morrer de tédio”.<br />

Segundo os jornalistas Ernesto Soto e Regina<br />

Zappa, “1968 indicou a necessi<strong>da</strong>de de<br />

criação de uma nova ordem mundial volta<strong>da</strong><br />

fun<strong>da</strong>mentalmente para o homem, com<br />

a implantação <strong>da</strong> igual<strong>da</strong>de entre os sexos,<br />

do respeito à vi<strong>da</strong> e ao meio ambiente, do<br />

planejamento ecológico e <strong>da</strong> defesa dos direitos<br />

<strong>da</strong>s minorias”.<br />

23 . Capa do livro<br />

do jornalista Zuenir<br />

Ventura sobre<br />

os acontecimentos<br />

que marcaram o<br />

ano de 1968

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