No Compasso da História - MultiRio
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Tropicália<br />
192<br />
Seu assassinato provocou protestos em<br />
mais de cem ci<strong>da</strong>des, mas não foi o único<br />
acontecimento impactante de 1968 nos Estados<br />
Unidos.<br />
Durante todo o ano, pacifistas, hippies, militantes<br />
do grupo Panteras Negras, feministas,<br />
homossexuais, militaristas, republicanos<br />
e democratas soltaram a voz nas ruas<br />
e praças. Os maiores protestos foram contra<br />
o conflito no Vietnã, um pequeno país de<br />
economia agrária em guerra com a maior potência<br />
do planeta. A opinião pública questionava<br />
o recrutamento obrigatório para o<br />
serviço militar de jovens que, aos 18 anos,<br />
não tinham o direito de votar, mas já eram<br />
convocados, sendo que muitos morriam ou<br />
voltavam do confronto mutilados.<br />
6 . Cartaz de reapresentação do musical Hair<br />
Um dos maiores sucessos dessa época foi<br />
o musical Hair, em que alguns personagens<br />
rasgavam o título de eleitor e se recusavam<br />
a ir à guerra. Em 1968, esse gesto foi feito<br />
por milhares de jovens americanos, que protestaram,<br />
também, contra a repressão sexual<br />
e as injustiças sociais.<br />
O argentino Ernesto Che Guevara, morto pelos<br />
militares <strong>da</strong> Bolívia quando tentava implantar<br />
uma guerrilha à mo<strong>da</strong> cubana naquele<br />
país, transformou-se em ídolo para os jovens<br />
<strong>da</strong> Europa e <strong>da</strong>s Américas. Em cartazes e camisetas,<br />
sua foto vinha acompanha<strong>da</strong> <strong>da</strong> legen<strong>da</strong>:<br />
“Hay que endurecer, pero sin perder<br />
la ternura jamás” (“Tem que endurecer, mas<br />
sem perder a ternura jamais”).<br />
7 . Joan Baez e Bob Dylan: rock com sotaque country<br />
Em um mundo no qual a globalização avançava,<br />
as palavras de ordem se espalhavam<br />
com rapidez. “Black is beautiful” (“negro é<br />
bonito”), diziam os negros com suas cabeleiras<br />
afro. Os acordes do rock faziam as<br />
delícias dos jovens, e artistas como os americanos<br />
Bob Dylan e Joan Baez, além dos<br />
ingleses do Rolling Stones, viraram ídolos e<br />
venderam milhares de discos.<br />
Os Beatles gravaram a canção Revolution, e<br />
os Rolling Stones, sua primeira música política:<br />
Street Fighting Man (Lutador de Rua),<br />
cuja letra teria sido escrita por Mick Jagger<br />
depois de participar de uma manifestação<br />
contra a Guerra do Vietnã em frente à embaixa<strong>da</strong><br />
americana em Londres.<br />
“Make love, not war” (“Faça amor, não a<br />
guerra”), pregavam os pacifistas. <strong>No</strong> Brasil,<br />
jovens interessados em lutar contra a ditadura<br />
militar que se instalara no país em 1964<br />
e, ao mesmo tempo, conquistar a liber<strong>da</strong>de<br />
sexual mu<strong>da</strong>ram a frase para “Make love in<br />
war” (“Faça amor na guerra”).