No Compasso da História - MultiRio
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Este mundo é meu<br />
184<br />
18 . Lindoneia, a Giocon<strong>da</strong> do Subúrbio, de Rubens<br />
Gerchman. Acrílica, vidro bisotê e colagem sobre madeira<br />
Também marcaram a déca<strong>da</strong> de 1960 o trabalho<br />
de teor político do pintor Carlos Zílio<br />
e a vanguar<strong>da</strong> de Hélio Oiticica, ao propor<br />
uma espécie de intervenção social com seus<br />
Parangolés. Espécies de capas, bandeiras<br />
ou ten<strong>da</strong>s, os Parangolés são peças executa<strong>da</strong>s<br />
com materiais variados (tecido, borracha,<br />
tinta, papel, plástico, cor<strong>da</strong>, palha,<br />
fotografia) que ganham forma e movimento<br />
a partir do momento em que são vesti<strong>da</strong>s<br />
pelas pessoas – estas integrantes, então, <strong>da</strong><br />
própria estrutura do trabalho.<br />
19 . O artista plástico Hélio Oiticica em seu ateliê<br />
no bairro do Jardim Botânico<br />
A era dos festivais<br />
Mas o mundo foi ro<strong>da</strong>ndo<br />
Nas patas do meu cavalo<br />
E já que um dia montei<br />
Agora sou cavaleiro<br />
Laço firme e braço forte<br />
Num reino que não tem rei<br />
Dispara<strong>da</strong><br />
(Geraldo Vandré e Theo)<br />
De repente, um fenômeno novo sacudiu a<br />
vi<strong>da</strong> nacional, e as disputas musicais passaram<br />
a empolgar tanto quanto uma parti<strong>da</strong><br />
de final de Copa do Mundo. Cantores e<br />
compositores defendiam suas canções como<br />
um goleiro tenta agarrar um pênalti. Nas<br />
ruas, nos botequins, nas escolas e nas repartições,<br />
só se falava em música. Motorista,<br />
passageiro, aluno, professor, dona de casa,<br />
emprega<strong>da</strong>, gari, jornaleiro, doutor: todo o<br />
mundo tinha seu palpite.<br />
Começava a era dos festivais <strong>da</strong> canção, que<br />
teve sua época áurea de 1965 a 1972. Dúzias<br />
de festivais foram realiza<strong>da</strong>s em todo o país,<br />
principalmente no Rio de Janeiro e em São<br />
Paulo. Uma constelação de compositores e<br />
intérpretes surgiu nos céus <strong>da</strong> MPB. Junto<br />
com o intimismo “banquinho e violão” <strong>da</strong><br />
bossa nova, ecoaram canções apoteóticas,<br />
as chama<strong>da</strong>s músicas de festival.<br />
O Primeiro Festival <strong>da</strong> TV Excelsior, em 1965,<br />
foi vencido por Arrastão, de Edu Lobo e Vinicius<br />
de Moraes, interpreta<strong>da</strong> por Elis Regina.<br />
O Segundo Festival <strong>da</strong> MPB <strong>da</strong> TV Record,<br />
em 1966, terminou com um inusitado empate<br />
técnico entre A Ban<strong>da</strong>, de Chico Buarque de<br />
Hollan<strong>da</strong>, canta<strong>da</strong> por Nara Leão, e A Dispara<strong>da</strong>,<br />
de Geraldo Vandré, por Jair Rodrigues.<br />
Chico apostava no lirismo de versos como<br />
“Estava à toa na vi<strong>da</strong> meu amor me chamou/<br />
pra ver a ban<strong>da</strong> passar cantando coisas de