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No Compasso da História - MultiRio

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Este mundo é meu<br />

178<br />

a nacionalização <strong>da</strong>s refinarias priva<strong>da</strong>s de<br />

petróleo e desapropriou terras às margens<br />

de estra<strong>da</strong>s e de açudes públicos para fazer<br />

a reforma agrária.<br />

Em 19 de março, em resposta ao comício <strong>da</strong><br />

Central do Brasil, aconteceu, no Centro de<br />

São Paulo, a Marcha <strong>da</strong> Família com Deus<br />

pela Liber<strong>da</strong>de. Milhares de pessoas, muitas<br />

com um terço na mão, pediam a Deus e aos<br />

militares que salvassem o Brasil do comunismo.<br />

Alguns cartazes pregavam: “Família<br />

que reza uni<strong>da</strong> permanece uni<strong>da</strong>”. Outros<br />

protestavam: “Está chegando a hora de Jango<br />

ir embora”. E havia até os bem-humorados,<br />

como: “Vermelho bom só batom!”.<br />

<strong>No</strong> dia 25 de março de 1964, o ministro <strong>da</strong><br />

Marinha, almirante Sílvio Mota, mandou<br />

prender o marinheiro José Anselmo dos Santos,<br />

um dos líderes do Sindicato dos Marinheiros.<br />

Em protesto, mais de mil marinheiros<br />

e fuzileiros navais ocuparam a sede do<br />

Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro.<br />

Jango demitiu o ministro, e os rebelados<br />

foram anistiados.<br />

9 . João Goulart, no Automóvel Club,<br />

durante a Revolta dos Marinheiros<br />

<strong>No</strong> domingo 30 de março, o presidente e<br />

sete de seus ministros foram a uma reunião<br />

de sargentos no Automóvel Clube do Rio de<br />

Janeiro, onde ele afirmou em discurso: “O<br />

golpe que desejamos é o <strong>da</strong>s reformas de<br />

base”. Estava <strong>da</strong><strong>da</strong> a parti<strong>da</strong> para o golpe<br />

militar do dia 1º de abril, que iniciaria uma<br />

ditadura de 21 anos.<br />

Muito se discutiu se o governo de João Goulart<br />

foi derrubado por um golpe ou por uma<br />

revolução. Os dicionários informam que golpe<br />

de Estado é uma subversão <strong>da</strong> Constituição<br />

e a toma<strong>da</strong> do poder por um indivíduo<br />

ou um grupo ligado ao Estado. Já revolução é<br />

a transformação radical e violenta de uma estrutura<br />

econômica, política e social e, por extensão,<br />

qualquer mu<strong>da</strong>nça violenta <strong>da</strong> forma<br />

de governo. Isso significa que o golpe não<br />

tem ampla participação <strong>da</strong> população, e, por<br />

isso, a palavra costuma ter um caráter pejorativo.<br />

Já a revolução pressupõe uma transformação<br />

mais profun<strong>da</strong>, mas que nem sempre<br />

acaba efetivando suas boas intenções.<br />

Por trás dessa discussão, está uma questão<br />

mais ampla: a história oficial seria escrita<br />

pelos vencedores, que tentam impor como<br />

ver<strong>da</strong>deira a sua versão dos fatos, e não<br />

pelos vencidos. Assim, o que aconteceu em<br />

abril de 1964 tem sido chamado de revolução<br />

pelos militares e seus simpatizantes e<br />

de golpe por aqueles que o criticam e que<br />

foram tirados do poder. Mas há exceções.<br />

O ex-presidente <strong>da</strong> República Ernesto Geisel,<br />

que governou de 1974 a 1979, afirmou<br />

que não houve uma revolução, mas um movimento<br />

contra a corrupção e a subversão<br />

<strong>da</strong> ordem. Já para outros líderes militares, o<br />

movimento teria sido uma contrarrevolução,<br />

pois Jango estaria planejando uma revolução,<br />

aborta<strong>da</strong> pelos militares. Nesse cenário,<br />

havia os que eram a favor de reformas políticas<br />

e econômicas para modernizar o país<br />

e os adeptos de uma revolução radical. Mas<br />

isso já é outra história.<br />

A bossa nova<br />

e a canção engaja<strong>da</strong><br />

A música é uma <strong>da</strong>s manifestações mais vigorosas<br />

do país e, nos turbulentos anos 1960,<br />

ela refletiu os anseios de vários grupos sociais<br />

e expressou pontos de vista diferentes.<br />

A diversi<strong>da</strong>de musical <strong>da</strong> época impressiona:

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