17.04.2013 Views

No Compasso da História - MultiRio

No Compasso da História - MultiRio

No Compasso da História - MultiRio

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

lista incompleta pode nomear Carlos Drummond<br />

de Andrade, Vinicius de Moraes, João<br />

Cabral de Melo Neto, Oswald de Andrade,<br />

Ferreira Gullar, Nelson Rodrigues, José Lins<br />

do Rego, Coelho Neto, Graciliano Ramos, Rubem<br />

Fonseca, Affonso Romano de Sant’Anna.<br />

<strong>No</strong> fundo desse país ao longo <strong>da</strong>s<br />

[aveni<strong>da</strong>s<br />

<strong>No</strong>s campos de terra e grama Brasil só<br />

[é futebol<br />

Nesses noventa minutos de emoção e<br />

[alegria<br />

Esqueço a casa e o trabalho<br />

A vi<strong>da</strong> fica lá fora<br />

Dinheiro fica lá fora<br />

A cama fica lá fora<br />

A mesa fica lá fora<br />

Salário fica lá fora<br />

A fome fica lá fora<br />

A comi<strong>da</strong> fica lá fora<br />

A vi<strong>da</strong> fica lá fora<br />

E tudo fica lá fora<br />

Aqui É o País do Futebol<br />

(Milton Nascimento e Fernando Brant)<br />

Se não há respostas precisas para questões<br />

que envolvem a paixão, existem, pelo<br />

menos, alguns fatos que todos costumam<br />

aceitar: esse esporte bretão, que chegou ao<br />

país pela mão de ingleses no final do século<br />

XIX, tem regras muito simples, que pouco<br />

se alteraram com a passagem do tempo; o<br />

equipamento utilizado pode ser reproduzido<br />

em qualquer campo de pela<strong>da</strong>; seu desenvolvimento<br />

permite que todo tipo de atleta,<br />

independentemente <strong>da</strong> formação física,<br />

possa ser um craque (o “torto” Garrincha, o<br />

“baixinho” Romário); entre as quatro linhas,<br />

a capaci<strong>da</strong>de de improvisação e a técnica<br />

refina<strong>da</strong> podem vencer a força.<br />

14 . Um drible do genial Garrincha, jogando pela<br />

seleção brasileira<br />

Durante os anos 1960, uma corrente de<br />

pensamento fortemente influencia<strong>da</strong> pelo<br />

marxismo apontava o futebol como um dos<br />

maiores fatores de “alienação” do povo<br />

brasileiro, incluindo-se, nesse pacote, o carnaval<br />

e a bebi<strong>da</strong> alcoólica (samba, futebol e<br />

cachaça). Desprezando os aspectos lúdicos<br />

e psíquicos do esporte, os defensores dessas<br />

teses acreditavam poder direcionar essa<br />

energia para o desenvolvimento do país,<br />

que acreditavam subjugado aos interesses<br />

econômicos internacionais.<br />

Esse raciocínio, levado ao extremo, chegou<br />

a fazer alguns militantes torcerem contra a<br />

seleção brasileira de futebol em 1970, acreditando<br />

que isso poderia desestabilizar o<br />

governo <strong>da</strong> ditadura militar.<br />

Mas, em 1958, o que importava é que mais<br />

uma vez estávamos disputando uma Copa<br />

do Mundo, e o retrospecto não era bom: a<br />

derrota em 1950 para o Uruguai e a que<strong>da</strong><br />

diante <strong>da</strong> Hungria nas quartas de final <strong>da</strong><br />

Copa <strong>da</strong> Suíça, em 1954. <strong>No</strong>ssa seleção mesclava<br />

jogadores experientes e novatos, mas<br />

a dúvi<strong>da</strong> era se teriam controle emocional<br />

para enfrentar os desafios – o fantasma <strong>da</strong><br />

derrota de 1950 ain<strong>da</strong> assombrava parte <strong>da</strong><br />

imprensa e até <strong>da</strong> torci<strong>da</strong>. Havia, ain<strong>da</strong>, uma<br />

corrente de eugenistas, pessoas que acreditavam<br />

que os jogadores brancos eram mais<br />

preparados psicologicamente que os mulatos<br />

e negros para enfrentar esses desafios.<br />

Anos 50 – De Getúlio a JK<br />

151

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!