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No Compasso da História - MultiRio

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Anos 50 – De Getúlio a JK<br />

146<br />

O presidente, eleito pelo Partido Trabalhista<br />

Brasileiro (PTB), ao tomar posse em 31<br />

de janeiro de 1951, não tinha mais o poder<br />

que exerceu de forma ditatorial entre 1930<br />

e 1945. Politicamente, o Brasil estava muito<br />

diferente, incluindo-se aí uma oposição civiliza<strong>da</strong>,<br />

mas atuante (o Partido Social Democrático,<br />

PSD), e uma oposição terrivelmente<br />

aguerri<strong>da</strong> (a União Democrática Nacional,<br />

UDN). Ain<strong>da</strong> assim, o último governo Getúlio<br />

teve marcas impressionantes: foram criados<br />

o Banco do <strong>No</strong>rdeste, o Instituto Brasileiro<br />

do Café e a Cacex (órgão do Banco do Brasil<br />

que cui<strong>da</strong>va do comércio exterior).<br />

É também dessa época a fun<strong>da</strong>ção do Banco<br />

Nacional de Desenvolvimento Econômico<br />

e <strong>da</strong> Petrobrás, após uma dura disputa entre<br />

os nacionalistas e os que defendiam a<br />

entra<strong>da</strong> do capital estrangeiro para explorar<br />

nossas reservas. A expressão “O petróleo<br />

é nosso” se consagrou nesse período e até<br />

hoje empolga os que defendem a permanência<br />

dos recursos brasileiros no país.<br />

5 . Carlos Lacer<strong>da</strong>,<br />

opositor do<br />

governo Vargas<br />

<strong>No</strong> entanto, a oposição não <strong>da</strong>va trégua.<br />

Uma série de acusações de corrupção contra<br />

pessoas próximas ao presidente aumentava<br />

a temperatura política. Carlos Lacer<strong>da</strong> fazia<br />

ataques diários ao governo, e o Congresso<br />

decidiu abrir uma Comissão Parlamentar de<br />

Inquérito para apurar a denúncia de que Getúlio<br />

financiaria ilegalmente o jornal Última<br />

Hora, o único que, àquela altura, o apoiava.<br />

Foi nesse ambiente conflagrado que surgiu<br />

o fato detonador <strong>da</strong> crise final: o atentado<br />

<strong>da</strong> Rua Tonelero.<br />

<strong>No</strong> dia 5 de agosto de 1954, dois homens<br />

que pertenciam à guar<strong>da</strong> pessoal de Getúlio<br />

aproximaram-se de Carlos Lacer<strong>da</strong>, que<br />

chegava de carro à sua residência na Rua<br />

Tonelero, em Copacabana, ao lado do major<br />

<strong>da</strong> Aeronáutica Rubens Vaz, e dispararam<br />

vários tiros contra os dois. Lacer<strong>da</strong> teria<br />

sido ferido no pé, mas o major, gravemente<br />

atingido, não resistiu e morreu. Diante <strong>da</strong><br />

gravi<strong>da</strong>de dos fatos, a imprensa e os militares<br />

passaram a pedir a renúncia de Vargas.<br />

Sucessivas e frenéticas reuniões ministeriais<br />

no Palácio do Catete não conseguiam estancar<br />

a crise, que aumentava com os boatos<br />

de que os militares preparavam um golpe<br />

para derrubar o presidente. Em 22 de agosto,<br />

efetivamente, 22 generais assinaram um<br />

manifesto pedindo sua renúncia.<br />

Acuado, sentindo-se sem forças para enfrentar<br />

mais aquele desafio, Vargas encerrou<br />

sua última reunião ministerial na noite de<br />

23 de agosto, deixando com o então ministro<br />

<strong>da</strong> Justiça, Tancredo Neves, uma caneta<br />

com a qual assinara seu último documento:<br />

a carta de despedi<strong>da</strong>, mais conheci<strong>da</strong> como<br />

a carta-testamento. Na madruga<strong>da</strong> do dia<br />

24, ouviu-se um estampido seco no quarto<br />

do presidente: Getúlio, com um tiro no peito,<br />

deixava a vi<strong>da</strong> para entrar na <strong>História</strong>.<br />

6 . Reprodução <strong>da</strong> carta-testamento de Getúlio Vargas

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