No Compasso da História - MultiRio

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17.04.2013 Views

diferentes, criados por uma jovem equipe que dava seus primeiros passos: Almirante, Haroldo Barbosa, Cristóvão Alencar, Luiz Peixoto, Orestes Barbosa e Nássara, autor do primeiro jingle e dos primeiros comerciais. Os gaúchos chegam ao poder É importante recuar um pouco no tempo para entender a velocidade com que os acontecimentos políticos se precipitaram na década de 1930. Depois da Proclamação da República, em 1889, com exceção de Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Epitácio Pessoa e Washington Luís, os demais presidentes do Brasil se alternavam entre mineiros e paulistas. Foi a chamada Política do Café com Leite, que gerou uma situação de desequilíbrio administrativo e financeiro, pois os outros estados alegavam que somente Minas Gerais e São Paulo eram contemplados pela política econômica implementada por esses dirigentes. 8 . Crítica, em forma de charge, da política do café com leite Mesmo fazendo parte da Política do Café com Leite, Minas Gerais insurgiu-se em 1930, quando São Paulo rompeu o acordo e indicou o paulista Júlio Prestes como candidato à presidência da República. Os mineiros apoiaram o então jovem gaúcho Getúlio Vargas, derrotado nas urnas, mas que liderou a revolta que derrubou a chamada República Velha. Tudo aconteceu muito rapidamente: o movimento começou no dia 3 de outubro, no Rio Grande do Sul, e logo se espalhou pelo país. No dia 24 de outubro, o presidente Washington Luís foi deposto, e, exatamente às 15h do dia 3 de novembro de 1930, Getúlio Vargas assumiu o comando da nação no Palácio do Catete. Junto com a Era do Rádio, nascia um novo Brasil. Um país a cantar 9 . Modelo de rádio a válvula, em madeira, da marca alemã Telefunken, dos anos 1950 Nós somos as cantoras do rádio, levamos a vida a cantar De noite embalamos teu sono, de manhã nós vamos te acordar Nós somos as cantoras do rádio, Nossas canções cruzando o espaço azul Vão reunindo, num grande abraço, corações de Norte a Sul! Cantoras do Rádio (Alberto Ribeiro, Braguinha e Lamartine Babo) Era Vargas 1 – A Era do Rádio 117

Era Vargas 1 – A Era do Rádio 118 O doutor Getúlio, como era chamado pelos brasileiros de todas as classes sociais, adorava o rádio; era o meio de comunicação com o qual podia alcançar, com seus discursos, muito mais gente do que jamais sonhara. E as ondas do rádio seriam o porta-voz de uma época de grandes transformações que iam levar o Brasil a se modernizar, a passos largos. É difícil, hoje em dia, imaginar o impacto do rádio. Ele divulgou sonoridades e sotaques, mobilizou as massas e se transformou na maior atração cultural do país. Além do mais, passou a ocupar um lugar nobre na sala das casas das pessoas que podiam comprá-lo. Eram aparelhos grandes, às vezes até do tamanho das TVs de hoje. Em volta dele, a família se reunia para ouvir o noticiário, os programas musicais, as novelas e as transmissões esportivas. O brasileiro passou a falar uma só língua, em uma só voz. Mais: o país descobriu que contava com uma quantidade enorme de compositores, músicos e intérpretes que descreviam, em canções, o modo de viver, as aspirações, os amores e o cotidiano de seu povo. Era um novo tipo de poesia que, livre das amarras do formalismo e embalada em lindas canções, chegava a todas as classes sociais. Um grande personagem 10 . Getúlio Vargas, o presidente popular e populista Foi o chefe mais amado da nação Desde o sucesso da revolução Liderando os liberais Foi o pai dos mais humildes brasileiros Lutando contra grupos financeiros E altos interesses internacionais Deu início a um tempo de transformações Guiado pelo anseio de justiça E de liberdade social E depois de compelido a se afastar Voltou pelos braços do povo Em campanha triunfal! Dr. Getúlio (Chico Buarque e Edu Lobo) Afinal, quem foi Getúlio Vargas, um dos presidentes mais importantes da história brasileira? Até hoje, seu legado inspira polêmicas, estudos e teses, atraindo historiadores e sociólogos para análises detalhadas desse intenso período de nossa história. Nascido em 1882, no interior do Rio Grande do Sul, na cidade de São Borja, Getúlio Dornelles Vargas cedo tomou gosto pela política. Formou-se em Direito, em Porto Alegre, e, em 1909, foi eleito pela primeira vez para um cargo público – deputado estadual. No começo da década de 1920, elegeu-se deputado federal pelo Rio Grande do Sul, e sua atuação destacada no Congresso foi um prenúncio da importância que teria no cenário político. Assumiu o Ministério da Fazenda em novembro de 1926, permanecendo como ministro até dezembro de 1927, durante o governo de Washington Luís. Deixou o cargo para candidatar-se às eleições para presidente do Rio Grande do Sul (à época, os governadores eram chamados de “presidentes”), sendo eleito para um mandato que deveria ir até 1933. Mas, como já vimos, no meio

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O doutor Getúlio, como era chamado pelos<br />

brasileiros de to<strong>da</strong>s as classes sociais, adorava<br />

o rádio; era o meio de comunicação com<br />

o qual podia alcançar, com seus discursos,<br />

muito mais gente do que jamais sonhara. E<br />

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época de grandes transformações que iam levar<br />

o Brasil a se modernizar, a passos largos.<br />

É difícil, hoje em dia, imaginar o impacto do<br />

rádio. Ele divulgou sonori<strong>da</strong>des e sotaques,<br />

mobilizou as massas e se transformou na<br />

maior atração cultural do país. Além do mais,<br />

passou a ocupar um lugar nobre na sala <strong>da</strong>s<br />

casas <strong>da</strong>s pessoas que podiam comprá-lo.<br />

Eram aparelhos grandes, às vezes até do tamanho<br />

<strong>da</strong>s TVs de hoje. Em volta dele, a família<br />

se reunia para ouvir o noticiário, os programas<br />

musicais, as novelas e as transmissões<br />

esportivas. O brasileiro passou a falar<br />

uma só língua, em uma só voz. Mais: o país<br />

descobriu que contava com uma quanti<strong>da</strong>de<br />

enorme de compositores, músicos e intérpretes<br />

que descreviam, em canções, o modo de<br />

viver, as aspirações, os amores e o cotidiano<br />

de seu povo. Era um novo tipo de poesia<br />

que, livre <strong>da</strong>s amarras do formalismo e embala<strong>da</strong><br />

em lin<strong>da</strong>s canções, chegava a to<strong>da</strong>s<br />

as classes sociais.<br />

Um grande personagem<br />

10 . Getúlio Vargas, o presidente popular e populista<br />

Foi o chefe mais amado <strong>da</strong> nação<br />

Desde o sucesso <strong>da</strong> revolução<br />

Liderando os liberais<br />

Foi o pai dos mais humildes brasileiros<br />

Lutando contra grupos financeiros<br />

E altos interesses internacionais<br />

Deu início a um tempo de transformações<br />

Guiado pelo anseio de justiça<br />

E de liber<strong>da</strong>de social<br />

E depois de compelido a se afastar<br />

Voltou pelos braços do povo<br />

Em campanha triunfal!<br />

Dr. Getúlio<br />

(Chico Buarque e Edu Lobo)<br />

Afinal, quem foi Getúlio Vargas, um dos<br />

presidentes mais importantes <strong>da</strong> história<br />

brasileira? Até hoje, seu legado inspira<br />

polêmicas, estudos e teses, atraindo historiadores<br />

e sociólogos para análises detalha<strong>da</strong>s<br />

desse intenso período de nossa<br />

história. Nascido em 1882, no interior do<br />

Rio Grande do Sul, na ci<strong>da</strong>de de São Borja,<br />

Getúlio Dornelles Vargas cedo tomou<br />

gosto pela política. Formou-se em Direito,<br />

em Porto Alegre, e, em 1909, foi eleito pela<br />

primeira vez para um cargo público – deputado<br />

estadual. <strong>No</strong> começo <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de<br />

1920, elegeu-se deputado federal pelo Rio<br />

Grande do Sul, e sua atuação destaca<strong>da</strong> no<br />

Congresso foi um prenúncio <strong>da</strong> importância<br />

que teria no cenário político.<br />

Assumiu o Ministério <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> em novembro<br />

de 1926, permanecendo como ministro<br />

até dezembro de 1927, durante o governo<br />

de Washington Luís. Deixou o cargo para<br />

candi<strong>da</strong>tar-se às eleições para presidente<br />

do Rio Grande do Sul (à época, os governadores<br />

eram chamados de “presidentes”),<br />

sendo eleito para um man<strong>da</strong>to que deveria<br />

ir até 1933. Mas, como já vimos, no meio

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