Potencialidades da atividade de tertúlia literária dialógica ... - UFSCar
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todo o mundo através da Confederação de Federações e Associações de Participantes em Educação e Cultura Democrática de Pessoas Adultas (CONFAPEA), da Espanha, através do projeto “Mil y una Tertúlias Literárias Dialógicas por Todo el Mundo”. Tal atividade proporciona resultados positivos com relação às pessoas jovens e adultas, pelo fato de possibilitar um processo transformador das aprendizagens: assim a atividade foi estendida a outros contextos como a educação primária e secundária, a qual é discutida por Miguel Loza na revista “Cuadernos de Pedagogia” publicada em 2004 a questão das Tertúlias Literárias em escolas primárias e secundárias na Espanha. Flecha (1997) nos ensina que a Tertúlia Literária Dialógica constitui-se numa reunião semanal de duas horas em torno da leitura de livros da literatura clássica universal. Na atividade, as pessoas decidem coletivamente o livro e a parte a comentar nos encontros. Todas as pessoas lêem, refletem sobre o lido e conversam com familiares e amigos durante a semana. Cada uma traz um fragmento eleito para lerem em voz alta e explicar o que mais lhe foi significativo. O diálogo se vai construindo a partir dessas contribuições. Os debates entre diferentes opiniões se resolvem apenas através de argumentos. Se todo o grupo chega a um acordo, então se estabelece um consenso, cada pessoa mantém sua própria postura; não há ninguém que, por sua posição de poder, explique o ponto de vista certo e o errôneo. Entre os participantes há um compromisso em ler o trecho do livro que foi combinado e de marcar um parágrafo que tenha chamado atenção. A importância da leitura na atividade de Tertúlia não está apenas em estudar literatura, mas lê-la com profundidade, assim, a idéia da Tertúlia não é interpretar o que o autor quis dizer na sua obra, mas promover uma reflexão a partir das diversas opiniões sobre o mesmo assunto, o que torna possível a criação de novos conhecimentos a partir da leitura da obra e do diálogo coletivo. Dentro da atividade de Tertúlia, há o moderador que tem a função de mediar sa falas, dando prioridade às pessoas que sofrem maiores riscos de exclusão na sociedade, como por exemplo, as mulheres, os negros, as crianças com dificuldade na leitura e na escrita, etc. que conseqüentemente são os/as que menos intervém. Isso ocorre de forma a possibilitar uma participação igualitária para todos/as. O moderador é apenas mais um participante dentro da Tertúlia e não 30
pode impor sua verdade, mas deixar que todas as pessoas exponham seus argumentos de tal maneira que possam refletir e discutir de maneira igualitária. Ele também deve se inscrever para fazer sua contribuição. Ademais, é importante se ter uma pessoa de apoio a fim de garantir a participação e o diálogo igualitário na atividade. E é fundamental que esta pessoa conheça os princípios que dão base a atividade para assim ajudar o moderador na manutenção do diálogo igualitário. A teoria da aprendizagem dialógica é o princípio orientador da atividade de Tertúlia. Tal conceito foi formulado pelo Centro de Investigação em Teorias e Práticas Superadoras de Desigualdades (CREA), da Universidade de Barcelona, na Espanha, pautado nas idéias sobre Educação de Paulo Freire e na proposta Sociológica de Jürguen Habermas e diz respeito a um novo modo de conceber a aprendizagem. A aprendizagem dialógica pauta-se em sete princípios indissociáveis. O primeiro princípio é o diálogo igualitário, que aponta a importância de se respeitar igualmente todas as falas. Ademais expõe que não se aceite que nenhuma pessoa imponha sua idéia como válida. Também pressupõe que todas as pessoas são capazes de linguagem e ação, sendo que todas as manifestações são consideradas em função da validade dos argumentos, e não da posição de poder de umas pessoas sobre outras. O conceito de inteligência cultural expõe que todas as pessoas aprendem muitas coisas ao longo da vida e de maneiras muito diversas. Assim, todas as pessoas têm uma inteligência que é construída através de suas interações com outras pessoas dentro de um contexto cultural e, com isso, entende-se que todas as pessoas têm iguais condições de participar num diálogo igualitário. Esta inteligência das pessoas pode se desenvolver segundo os contextos e interações, possibilitando, portanto, reformulações a partir de novas inserções e interações. Este aspecto da aprendizagem dialógica evidencia o equívoco dos pensadores da década de 60, que acreditavam na “carência cultural” de pessoas com a origem pobre, entendendo que estas seriam menos aptas aos estudos, o que geraria o fracasso escolar. A transformação dentro da perspectiva da aprendizagem dialógica possibilita que as pessoas mudem suas formas de pensar e agir, além de contribuir 31
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todo o mundo através <strong>da</strong> Confe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>rações e Associações <strong>de</strong><br />
Participantes em Educação e Cultura Democrática <strong>de</strong> Pessoas Adultas<br />
(CONFAPEA), <strong>da</strong> Espanha, através do projeto “Mil y una Tertúlias Literárias<br />
Dialógicas por Todo el Mundo”.<br />
Tal ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> proporciona resultados positivos com relação às pessoas<br />
jovens e adultas, pelo fato <strong>de</strong> possibilitar um processo transformador <strong>da</strong>s<br />
aprendizagens: assim a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> foi estendi<strong>da</strong> a outros contextos como a educação<br />
primária e secundária, a qual é discuti<strong>da</strong> por Miguel Loza na revista “Cua<strong>de</strong>rnos<br />
<strong>de</strong> Pe<strong>da</strong>gogia” publica<strong>da</strong> em 2004 a questão <strong>da</strong>s Tertúlias Literárias em escolas<br />
primárias e secundárias na Espanha.<br />
Flecha (1997) nos ensina que a Tertúlia Literária Dialógica constitui-se<br />
numa reunião semanal <strong>de</strong> duas horas em torno <strong>da</strong> leitura <strong>de</strong> livros <strong>da</strong> literatura<br />
clássica universal. Na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, as pessoas <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m coletivamente o livro e a<br />
parte a comentar nos encontros. To<strong>da</strong>s as pessoas lêem, refletem sobre o lido e<br />
conversam com familiares e amigos durante a semana. Ca<strong>da</strong> uma traz um<br />
fragmento eleito para lerem em voz alta e explicar o que mais lhe foi significativo.<br />
O diálogo se vai construindo a partir <strong>de</strong>ssas contribuições. Os <strong>de</strong>bates entre<br />
diferentes opiniões se resolvem apenas através <strong>de</strong> argumentos. Se todo o grupo<br />
chega a um acordo, então se estabelece um consenso, ca<strong>da</strong> pessoa mantém sua<br />
própria postura; não há ninguém que, por sua posição <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, explique o ponto<br />
<strong>de</strong> vista certo e o errôneo.<br />
Entre os participantes há um compromisso em ler o trecho do livro que<br />
foi combinado e <strong>de</strong> marcar um parágrafo que tenha chamado atenção.<br />
A importância <strong>da</strong> leitura na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Tertúlia não está apenas em<br />
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interpretar o que o autor quis dizer na sua obra, mas promover uma reflexão a<br />
partir <strong>da</strong>s diversas opiniões sobre o mesmo assunto, o que torna possível a criação<br />
<strong>de</strong> novos conhecimentos a partir <strong>da</strong> leitura <strong>da</strong> obra e do diálogo coletivo.<br />
Dentro <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Tertúlia, há o mo<strong>de</strong>rador que tem a função <strong>de</strong><br />
mediar sa falas, <strong>da</strong>ndo priori<strong>da</strong><strong>de</strong> às pessoas que sofrem maiores riscos <strong>de</strong><br />
exclusão na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, como por exemplo, as mulheres, os negros, as crianças<br />
com dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> na leitura e na escrita, etc. que conseqüentemente são os/as que<br />
menos intervém. Isso ocorre <strong>de</strong> forma a possibilitar uma participação igualitária<br />
para todos/as. O mo<strong>de</strong>rador é apenas mais um participante <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> Tertúlia e não<br />
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