Potencialidades da atividade de tertúlia literária dialógica ... - UFSCar
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como coisas diferentes. Ela menciona que esse enraizamento do conceito <strong>de</strong><br />
letramento no conceito <strong>de</strong> alfabetização po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tectado em fontes como: os<br />
censos <strong>de</strong>mográficos, a mídia, a produção acadêmica. No censo <strong>de</strong>mográfico,<br />
constam as alterações no conceito <strong>de</strong> alfabetização, ao longo <strong>da</strong>s déca<strong>da</strong>s, que<br />
permitem i<strong>de</strong>ntificar uma progressiva extensão <strong>de</strong>sse conceito chegando ao<br />
letramento. Quanto ao conceito <strong>de</strong> alfabetizado enten<strong>de</strong>mos que foi modificado ao<br />
longo dos anos. Em 1940, <strong>de</strong> acordo com o Censo, aquele que <strong>de</strong>clarasse saber ler<br />
e escrever -o que era interpretado como capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever o próprio nomeera<br />
alfabetizado. Mais tar<strong>de</strong>, foi consi<strong>de</strong>rado alfabetizado, aquele capaz <strong>de</strong> ler e<br />
escrever um bilhete simples, ou seja, capaz <strong>de</strong> não só saber ler e escrever, mas <strong>de</strong><br />
já exercer uma prática <strong>de</strong> leitura e escrita, ain<strong>da</strong> que bastante trivial, adotado a<br />
partir do Censo <strong>de</strong> 1950.<br />
A autora aponta que atualmente as pesquisas em torno <strong>da</strong> alfabetização<br />
concentram-se nos anos <strong>de</strong> escolarização e constatam que o que há nas escolas é o<br />
letramento e não a alfabetização. A autora explica a alfabetização como sendo um<br />
processo <strong>de</strong> aprendizagem <strong>da</strong> técnica, do domínio do código convencional <strong>da</strong><br />
leitura e <strong>da</strong> escrita e <strong>da</strong>s relações fonema/grafema, do uso dos instrumentos com<br />
os quais se escreve, não é pré-requisito para o letramento. Já o letramento é<br />
concebido pela autora como um sentido ampliado <strong>da</strong> alfabetização, <strong>de</strong>signando<br />
práticas <strong>de</strong> leitura e escrita. A entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> pessoa no mundo <strong>da</strong> escrita se dá pela<br />
aprendizagem <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a complexa tecnologia envolvi<strong>da</strong> no aprendizado do ato <strong>de</strong><br />
ler e escrever.<br />
Além disso, o/a aluno/a precisa saber fazer uso e envolver-se nas<br />
ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> leitura e escrita. Segundo a autora, a alfabetização <strong>de</strong>ve ser ensina<strong>da</strong><br />
<strong>de</strong> forma sistemática, não <strong>de</strong>vendo ficar diluí<strong>da</strong> no processo <strong>de</strong> letramento, o que<br />
para ela é uma <strong>da</strong>s principais causas do que vemos acontecer hoje: a precarie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
do domínio <strong>da</strong> leitura e <strong>da</strong> escrita pelos alunos.<br />
Dessa forma, a autora <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a união <strong>da</strong>s duas coisas que não po<strong>de</strong>m ser<br />
vistas em separado, propondo a reinvenção <strong>da</strong> alfabetização, ou seja, a<br />
consi<strong>de</strong>ração <strong>da</strong> aquisição do sistema <strong>da</strong> escrita (alfabética e ortográfica) que <strong>de</strong>ve<br />
se <strong>da</strong>r num contexto <strong>de</strong> letramento (etapa inicial <strong>de</strong> aprendizagem <strong>da</strong> leitura e<br />
escrita). Concor<strong>da</strong>mos com esta idéia <strong>da</strong> autora <strong>de</strong> unir o universo <strong>da</strong> leitura ao<br />
processo <strong>de</strong> alfabetização, pois este processo facilita e dá mais sentido para a<br />
aprendizagem.<br />
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