Potencialidades da atividade de tertúlia literária dialógica ... - UFSCar
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<strong>de</strong> parti<strong>da</strong> para o sucesso <strong>da</strong>s crianças estava <strong>da</strong>do, ou seja, tiveram o acesso à<br />
escola; quanto à sua permanência e sucesso nos estudos <strong>de</strong>pendia somente <strong>de</strong>las<br />
mesmas. Porém, sabemos que o sucesso estava <strong>de</strong>signado somente às pessoas<br />
mais favoreci<strong>da</strong>s economicamente, pois a cultura popular não se enquadrava na<br />
escola, o que levava as pessoas <strong>de</strong>sta classe à serem marginaliza<strong>da</strong>s.<br />
Mais tar<strong>de</strong>, na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80, houve uma preocupação maior com a<br />
criança, vista como sujeito <strong>de</strong> direitos e com potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s a serem<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s, tendo como base o Estatuto <strong>da</strong> Criança e do Adolescente (1990).<br />
Apesar <strong>da</strong>s lutas pelo direito <strong>da</strong> criança à educação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu<br />
nascimento, as incoerências entre as reivindicações e a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> eram evi<strong>de</strong>ntes,<br />
culpava-se a criança pelos seus problemas econômicos e sociais. (Yamim, 2006).<br />
Mais uma vez temos a criança pobre concebi<strong>da</strong> como um problema a ser<br />
resolvido. E a aceitação <strong>da</strong> marginali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong> pobreza, eliminava a questão <strong>de</strong><br />
que “(...) o foco do problema é a cultura <strong>da</strong> pobreza e não a própria pobreza”.<br />
(REDIN, 1988, apud YAMIM, 2006, p.17.)<br />
Para Yamim (ibid), temos diversas instituições retomando a função <strong>de</strong><br />
socialização <strong>da</strong> criança. Porém, ela questiona o fato <strong>de</strong> que apesar <strong>de</strong> diversas<br />
conquistas que tivemos no âmbito infantil, a criança po<strong>de</strong> não estar ain<strong>da</strong> tendo<br />
melhores condições <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>.<br />
Quanto ao potencial <strong>de</strong> transformação que a criança possui, Yamim<br />
(ibid), diz que temos um exemplo <strong>de</strong> atuação infantil em movimentos sociais <strong>de</strong><br />
luta pela terra.<br />
Para a autora, tal processo se <strong>da</strong>ria através <strong>da</strong> construção <strong>de</strong> uma<br />
consciência revolucionária que se forma em processos educativos, formais<br />
(aprendizagem escolariza<strong>da</strong>) e não-formais (aprendizagem pauta<strong>da</strong> em relações<br />
familiares, literatura, organizações sociais, etc.).<br />
Frente ao que foi apresentado, pensamos que a infância é um período <strong>de</strong><br />
muitas aprendizagens, formais e não-formais, sendo que a última, muitas vezes,<br />
não é valoriza<strong>da</strong> pelos adultos e nem pelas instituições escolares.<br />
Acreditamos que a criança é um sujeito cultural que apren<strong>de</strong> através <strong>de</strong><br />
instituições sociais (família, escola, etc), pauta<strong>da</strong>s na socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em que está<br />
inseri<strong>da</strong>, na sua classe social, no momento histórico em que está inseri<strong>da</strong>, etc.<br />
Defen<strong>de</strong>mos a aprendizagem não-formal como um espaço que possibilita<br />
aprendizagens que são importantes para o espaço escolar, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la, temos a<br />
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