Potencialidades da atividade de tertúlia literária dialógica ... - UFSCar
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era culpa<strong>da</strong> por sua situação social e, portanto, <strong>de</strong>veria ser protegi<strong>da</strong> para não<br />
contaminar a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, e a que era consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> um “vítima”, que precisava <strong>de</strong><br />
assistência para garantir a mão-<strong>de</strong>-obra futura.<br />
Já no século XX, com a industrialização se consoli<strong>da</strong>ndo, tivemos um<br />
fortalecimento econômico <strong>da</strong>s famílias burguesas, que buscavam manter uma<br />
relação agradável com as crianças. Assim, houve um amadurecimento <strong>da</strong><br />
instituição familiar que exigia uma educação para seus filhos, que os<br />
transformassem em ci<strong>da</strong>dãos que dominassem a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, política e<br />
economicamente.<br />
Quanto às classes populares, Yamim (ibid) menciona que estas, por<br />
necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s econômicas, traçavam o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> suas crianças, doando-as para<br />
lares <strong>de</strong> adoção; as menores eram adota<strong>da</strong>s por famílias e, quando maiores, eram<br />
resgata<strong>da</strong>s por seus pais a fim <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>rem na economia familiar. Nesse sentido, a<br />
educação valoriza<strong>da</strong> era aquela que preparasse a criança para um ofício.<br />
A mesma autora ain<strong>da</strong> aponta que as cama<strong>da</strong>s populares só foram<br />
valoriza<strong>da</strong>s após o período republicano, recebendo apoio do Estado que as<br />
preparavam a fim <strong>de</strong> minimizar os efeitos <strong>da</strong> escravidão.<br />
Ain<strong>da</strong>, <strong>de</strong> acordo com a autora, o sentido <strong>de</strong> infância, explicitado em<br />
1927, no Código do Menor, expressa um duplo caráter em relação à criança: a<br />
ci<strong>da</strong>dã, que <strong>de</strong>veria ser atendi<strong>da</strong> moralmente e fisicamente para reestruturar a<br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, e a abandona<strong>da</strong>, <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> à instituições assistenciais.<br />
Já na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 60, havia a idéia <strong>de</strong> “carência cultural” <strong>da</strong> infância pobre<br />
como um problema social a ser resolvido. Frente a isso, Soares (1986) nos ensina<br />
que esta vertente entendia que as diferenças <strong>de</strong> aptidões levariam a diferenças<br />
sociais. Conseqüentemente as pessoas mais empobreci<strong>da</strong>s seriam menos aptas aos<br />
estudos, o que geraria o fracasso escolar.<br />
Já na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70, <strong>de</strong>vido à dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se recuperar do fracasso<br />
escolar nas primeiras séries, introduziu-se um discurso <strong>de</strong> respeito à cultura e a<br />
linguagem <strong>da</strong>s pessoas pobres, porém essa linguagem é <strong>de</strong>svaloriza<strong>da</strong> e <strong>de</strong>scarta<strong>da</strong><br />
na escola o que levaria estas pessoas ao fracasso.<br />
Assim, surgiram programas <strong>de</strong> educação pré-escolar voltados para a<br />
alfabetização, a socialização <strong>da</strong>s crianças pobres e políticas <strong>de</strong> ações<br />
compensatórias e assistenciais. E, sobre essas políticas, Soares (1986) acrescenta<br />
que havia uma propagan<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma “igual<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s”, já que o ponto<br />
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