Potencialidades da atividade de tertúlia literária dialógica ... - UFSCar
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As crianças foram retira<strong>da</strong>s do mundo adulto e inseri<strong>da</strong>s nas escolas,<br />
havendo uma preocupação com a formação <strong>de</strong>stas. Entretanto, alguns setores <strong>da</strong><br />
socie<strong>da</strong><strong>de</strong> (eclesiásticos, homens <strong>da</strong> lei...) não aprovaram esta “paparicação” 4 <strong>da</strong><br />
criança. Então, propuseram métodos educativos pautados na cristan<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Por outro lado, a iniciativa <strong>de</strong> Rousseau - como expressão <strong>da</strong> revolução<br />
burguesa e <strong>de</strong> seu mo<strong>de</strong>lo familiar, cuja relação afetiva impulsionava o bem estar<br />
do Estado - passou a consi<strong>de</strong>rar a “natureza infantil”, acentuando que o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> criança se <strong>da</strong>ria com a maturação <strong>de</strong> suas facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s, com o<br />
seu ritmo <strong>de</strong> crescimento, ente outros fatores.<br />
Mais tar<strong>de</strong> no século XIX, segundo a autora, o sentimento <strong>de</strong> infância<br />
ganhou força e este momento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> passou a sofrer influências <strong>de</strong> várias<br />
instituições sociais.<br />
A imagem <strong>da</strong> criança foi altera<strong>da</strong> com a Revolução Industrial (século<br />
XVIII-XIX) atrelando-a ao mundo do trabalho, assim tivemos escolas <strong>de</strong> cari<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />
inicia<strong>da</strong>s por proprietários <strong>de</strong> indústrias que assumiam a educação <strong>de</strong> crianças com<br />
o objetivo <strong>de</strong> inculcar nelas valores do trabalho (or<strong>de</strong>m, disciplina, uso econômico<br />
do tempo, obediência). Por outro lado, também houve a iniciativa estatal com o<br />
objetivo <strong>de</strong> preparar as crianças para a atuação social.<br />
A referi<strong>da</strong> autora ain<strong>da</strong> aponta que no contexto brasileiro, tivemos a<br />
doutrinação <strong>da</strong>s crianças, segundo o viés <strong>da</strong> Igreja Católica e <strong>da</strong> Coroa Portuguesa,<br />
iniciado no século XVI.<br />
Mais tar<strong>de</strong>, com a urbanização, soma<strong>da</strong> a influência dos Iluministas e a<br />
restrição <strong>da</strong> escravidão vimos a formação <strong>de</strong> um novo sentimento <strong>de</strong> infância.<br />
Yamim (2006) também menciona que com o início <strong>da</strong> industrialização<br />
atrelado ao alto custo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e a inexistência <strong>de</strong> assistência social e educacional, a<br />
miséria se prolifera e empurra as crianças ao trabalho na indústria. A imagem <strong>da</strong><br />
criança, neste cenário, era a <strong>de</strong> futuro operário, sendo elas muito valoriza<strong>da</strong>s pelos<br />
proprietários <strong>de</strong> indústrias <strong>de</strong>vido ao baixo custo <strong>de</strong> sua mão-<strong>de</strong>-obra.<br />
A autora evi<strong>de</strong>ncia que houve uma inserção <strong>da</strong> criança no mercado <strong>de</strong><br />
trabalho, o que servia para isolá-las <strong>da</strong>s ruas e do contato “prejudicial” com as<br />
outras crianças. Também tivemos a “proteção” do Estado para com as crianças<br />
abandona<strong>da</strong>s e carentes. Nesta ação <strong>de</strong>monstravam dois sentidos <strong>de</strong> infância: a que<br />
4<br />
Conceito que YAMIM (2006) retirou do trabalho <strong>de</strong> Àries (1981) que se refere ao sentimento <strong>de</strong><br />
valorização <strong>da</strong> criança.<br />
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