Potencialidades da atividade de tertúlia literária dialógica ... - UFSCar
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Por outro lado, no século XVIII, as iniciativas voltadas para a educação popular são nítidas. Temos as propostas de católicos, como a de La Salle, que iam além do assistencialismo; pois segundo Manacorda (2002, p.228): “são um primeiro esboço das escolas técnico-profissionais e as primeiras escolas ‘normais’ para leigos, chamados também para a atividade de instrução, tradicionalmente reservada ao clero”. Assim, La Salle incorpora as idéias que permeavam a educação e a sua organização, propondo um ensino pautado na disciplina, na divisão dos conteúdos por turmas: iniciantes, médios e avançados, divididos de acordo com o rendimento do aluno. A didática desta iniciativa apoiava-se na divisão entre o ler e o escrever. Assim, o ler condizia ao ensino religioso - aculturação moral e religiosa - e, o escrever voltava-se para pré-aprendizagem das profissões artesanais mercantis. De acordo com Petitat (1994), os lassalistas explicitavam que a alfabetização que eles propunham melhorava a condição dos pobres, entretanto, não os tiravam de sua condição social. Por outro lado, segundo Manacorda (2002), os reformados tiveram iniciativas educacionais mais inovadoras. Assim, na Alemanha é proposto não só o ensino religioso, mas também escolas ‘normais’, voltadas para os pobres. Elas conservam ainda o rigor disciplinar, porém trazem novidades como o arrefecimento do ensino de latim e a ampliação do ensino de ciências (matemáticas, naturais e humanas). Quanto à disciplina, neste período, Manacorda (ibid), nos informa que a vigilância e as punições eram constantes. O mesmo autor especifica as formas de punição: "por palavras, pela penitência, pela férula, pelo chicote, pela expulsão" (p.233), usadas como ferramenta didática. Tais punições incutiriam a moral e a aprendizagem da escrita. Para Manacorda (ibid), o humanismo entra em crise com o advento do Iluminismo. O fato das ciências modernas se desenvolverem junto às línguas nacionais, leva os ensinamentos antigos da cultura humanista e o latim a perderem espaço na sociedade. Assim, a prerrogativa da educação passa a ser requisitada por governantes, apoiados por pensadores como Rousseau. 12
Para Petitat (1994), a instrução pública tinha o objetivo de inculcar nos cidadãos as bases da ordem fundamentada na propriedade. Assim, o Estado deveria cuidar dos métodos, programas, etc. Para o referido autor, havia uma contradição quanto ao caráter educativo, pois a igreja se recusava a abrir mão da educação, a moral religiosa ainda era defendida e o ensino primário procurava excluir os mais pobres. No século XVIII, temos um ensino primário público voltado para a moralização do povo e o ensino secundário e superior voltado para a elite. Por outro lado, tínhamos os iluministas a favor das escolas elementares voltadas para a classe popular, ao passo que propõem a sua redefinição e secularização. No Antigo Regime, o Estado dominava o ensino através da abertura de escolas, entretanto, a administração ficava a cargo das instituições religiosas que gerenciavam o ensino. Esta divisão entre os poderes da Igreja e do Estado desintegrou-se nos séculos XVIII e XIX e medidas contra os jesuítas na Europa foram suscitadas: por exemplo, a expulsão da Companhia de Jesus das colônias e a assunção da educação pelo Estado. O papel da instrução pública era o de inculcar nos cidadãos as bases da ordem fundamentada na propriedade a qual propunha o direito a esta como um fundamento da nova ordem social. A revolução industrial propiciou a transformação do trabalho e dos modos de produção, influenciando a educação que passa a atender às novas necessidades modernas de produção. Assim, a pedagogia moderna segue duas vias: reprodução, na fábrica, dos métodos da aprendizagem artesanal e a criação de escolas técnicas e profissionais. E, segundo Petitat (1994), a relação entre industrialização e alfabetização implica num aprendizado suficiente para a realização de tarefas mecânicas e repetitivas, exemplo disso, é a Inglaterra que entre 1800 e 1840 que manteve o nível de analfabetismo praticamente o mesmo. Também, nota-se que o trabalho infantil nas indústrias afastava as crianças das escolas. Na época da Revolução Francesa, Condorcet (1792), cientista e secretário da Assembléia Legislativa, sustentava a necessidade de uma instrução para todo o povo aos cuidados do Estado, baseado no ensino gratuito, laico e neutro. 13
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Por outro lado, no século XVIII, as iniciativas volta<strong>da</strong>s para a educação<br />
popular são níti<strong>da</strong>s. Temos as propostas <strong>de</strong> católicos, como a <strong>de</strong> La Salle, que iam<br />
além do assistencialismo; pois segundo Manacor<strong>da</strong> (2002, p.228): “são um<br />
primeiro esboço <strong>da</strong>s escolas técnico-profissionais e as primeiras escolas ‘normais’<br />
para leigos, chamados também para a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> instrução, tradicionalmente<br />
reserva<strong>da</strong> ao clero”.<br />
Assim, La Salle incorpora as idéias que permeavam a educação e a sua<br />
organização, propondo um ensino pautado na disciplina, na divisão dos conteúdos<br />
por turmas: iniciantes, médios e avançados, divididos <strong>de</strong> acordo com o rendimento<br />
do aluno.<br />
A didática <strong>de</strong>sta iniciativa apoiava-se na divisão entre o ler e o escrever.<br />
Assim, o ler condizia ao ensino religioso - aculturação moral e religiosa - e, o<br />
escrever voltava-se para pré-aprendizagem <strong>da</strong>s profissões artesanais mercantis.<br />
De acordo com Petitat (1994), os lassalistas explicitavam que a<br />
alfabetização que eles propunham melhorava a condição dos pobres, entretanto,<br />
não os tiravam <strong>de</strong> sua condição social.<br />
Por outro lado, segundo Manacor<strong>da</strong> (2002), os reformados tiveram<br />
iniciativas educacionais mais inovadoras. Assim, na Alemanha é proposto não só o<br />
ensino religioso, mas também escolas ‘normais’, volta<strong>da</strong>s para os pobres. Elas<br />
conservam ain<strong>da</strong> o rigor disciplinar, porém trazem novi<strong>da</strong><strong>de</strong>s como o<br />
arrefecimento do ensino <strong>de</strong> latim e a ampliação do ensino <strong>de</strong> ciências<br />
(matemáticas, naturais e humanas).<br />
Quanto à disciplina, neste período, Manacor<strong>da</strong> (ibid), nos informa que a<br />
vigilância e as punições eram constantes. O mesmo autor especifica as formas <strong>de</strong><br />
punição: "por palavras, pela penitência, pela férula, pelo chicote, pela expulsão"<br />
(p.233), usa<strong>da</strong>s como ferramenta didática. Tais punições incutiriam a moral e a<br />
aprendizagem <strong>da</strong> escrita.<br />
Para Manacor<strong>da</strong> (ibid), o humanismo entra em crise com o advento do<br />
Iluminismo. O fato <strong>da</strong>s ciências mo<strong>de</strong>rnas se <strong>de</strong>senvolverem junto às línguas<br />
nacionais, leva os ensinamentos antigos <strong>da</strong> cultura humanista e o latim a per<strong>de</strong>rem<br />
espaço na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Assim, a prerrogativa <strong>da</strong> educação passa a ser requisita<strong>da</strong> por<br />
governantes, apoiados por pensadores como Rousseau.<br />
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