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Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

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<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />

mesmo recorrentes, como testemunham os textos “Tipos Lisboetas – O Sota”, “Tipos<br />

Lisboetas – O Barquilheiro” ou “Tipos Lisboetas – O Amolador”, publicados a 26 <strong>de</strong><br />

Setembro, 3 e 24 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1928; e a secção intitulada “Tipos populares”,<br />

publicada entre Setembro e Outubro do referido ano.<br />

A produção do autor dilui-se ao longo dos 15 anos em que esteve à frente <strong>de</strong>sta<br />

publicação, sendo mais intensa do início até 1932, não havendo qualquer publicação<br />

assinada pelo autor em 1935.<br />

Os <strong>de</strong>senhos que acompanham os textos, até 1927, são <strong>de</strong> Eduardo Malta. A<br />

partir daí as ilustrações passam a ser também <strong>de</strong> Tiotónio, pseudónimo <strong>de</strong> António<br />

Cardoso Lopes Júnior 64 , e <strong>de</strong> Olavo Eça Leal.<br />

Ao longo da publicação perpassa o intento <strong>de</strong> não se per<strong>de</strong>r a memória do<br />

passado familiar e a transmissão e perpetuação <strong>de</strong> valores.<br />

Na maioria dos casos, as personagens das narrativas que singram na vida provêm<br />

<strong>de</strong> uma condição social humil<strong>de</strong> e fora à custa do seu esforço, <strong>de</strong>dicação e carácter que<br />

conseguiram vingar, sendo o seu carácter digno que os torna dignas da recompensa. É o<br />

caso <strong>de</strong> Rapina, em Os Bandoleiros, ou <strong>de</strong> Roque, em De Marçano a Milionário.<br />

Rapina 65 , apesar da sua origem fidalga, foi criado num grupo <strong>de</strong> malfeitores e<br />

surge “preocupado, em seu Destino aventureiro e adverso”, sendo a noite a sua<br />

conselheira (“A lua … projectava no ambiente fantasmagóricas sombras que a<br />

consciência recta, embora atribulada <strong>de</strong> Rapina, surgiam quais vingativos espectros <strong>de</strong><br />

remorsos.”).<br />

Apesar da evolução <strong>de</strong>stas personagens, verifica-se um contraste entre as figuras<br />

centrais, como a <strong>de</strong> Franklin em A Obra <strong>de</strong> Mestre Hilário, e aqueles que os servem,<br />

nomeadamente os criados, não só ao nível da <strong>de</strong>ferência <strong>de</strong> uns em relação a outros,<br />

como na forma <strong>de</strong> se apresentarem.<br />

Por outro lado, a distinção social fica marcada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, até pelos títulos:<br />

História <strong>de</strong> um Menino Fino e <strong>de</strong> um Menino Ordinário (1926), O Teodorico e o seu<br />

Gerico, (1928) e Quem tudo quer… tudo per<strong>de</strong>!, Prémio e Castigo – história dum<br />

gatinho honrado e <strong>de</strong> um cão ladrão (todos <strong>de</strong> 1928).<br />

64 António Cardoso Lopes Júnior é um dos mais importantes autores e editores da BD portuguesa dos<br />

anos 20.<br />

65 Personagem <strong>de</strong> Os Bandoleiros.

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