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Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

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<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />

viver <strong>para</strong> o lar, pertencente D. Viviana, senhora que acolheu Esmeralda quando esta<br />

saiu <strong>de</strong> casa. A novela atinge, então, a fase <strong>de</strong> resolução do problema, tão própria dos<br />

contos maravilhosos.<br />

O final feliz é um dos pressupostos do texto <strong>para</strong> ser consi<strong>de</strong>rado conto <strong>de</strong> fadas<br />

e é indispensável aos contos populares, mas também é um dos pontos <strong>de</strong> vista<br />

educacionais da época. Ao ser referido “on<strong>de</strong> actualmente se encontram, muito<br />

felizes” 47 (p. 85), consegue perceber-se um discurso que preten<strong>de</strong> transmitir uma i<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> veracida<strong>de</strong>, pois, não dando falsas esperanças <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong> eterna, encanta o leitor,<br />

mostrando-lhe que qualquer jovem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que ambicioso e persistente, conseguirá<br />

alcançar um bom futuro.<br />

A moralida<strong>de</strong> implícita traduz a convicção <strong>de</strong> que quem se esforça sempre<br />

alcança e, por outro lado, <strong>de</strong> que o crime não compensa, funcionado como estímulo às<br />

boas práticas e também como dissuasão <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas atitu<strong>de</strong>s.<br />

A simpatia do herói faz com que este se i<strong>de</strong>ntifique com o leitor, com as suas<br />

angústias. O herói, quanto mais simples e bom, mais se i<strong>de</strong>ntifica com a criança.<br />

Os caminhos errantes percorridos pelos heróis conduzem a um mundo <strong>de</strong><br />

felicida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> o casamento é um lugar on<strong>de</strong> lhe será possível perpetuar-se, através dos<br />

filhos, como é tão comum nos textos da tradição popular portuguesa. Muitas vezes,<br />

oriundo <strong>de</strong> um seio familiar diferente do tradicional, o herói, após o casamento,<br />

consegue colmatar a <strong>de</strong>sgraça a que estava votado <strong>de</strong> início (orfanda<strong>de</strong>) ou melhorar a<br />

sua situação.<br />

Na apresentação do(s) casamentos(s) manifesta-se o núcleo familiar tradicional -<br />

a família feliz - que corrobora valores nacionais. E o facto <strong>de</strong> serem três casamentos<br />

ainda mais enriquece a i<strong>de</strong>ia da realização sem <strong>de</strong>feito, corroborada pela presença das<br />

flores que enfeitam a igreja, não <strong>de</strong>ixando dúvidas quanto à pureza dos que se amam.<br />

Também em A Obra <strong>de</strong> Mestre Hilário, são notórios os símbolos <strong>de</strong> pureza,<br />

lealda<strong>de</strong> e fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> na hora do enlace:<br />

47 Em De Marçano a Milionário<br />

Valentina … arrastando um longo manto <strong>de</strong> noiva, vaporoso e níveo como a<br />

espuma do mar e ostentando uma linda grinalda <strong>de</strong> flores <strong>de</strong> laranjeira, coroando os<br />

doirados cabelos, regressava do Templo, dando o braço direito a Franklin Joice, o

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