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Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

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<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />

A apresentação das personagens faz-se, <strong>de</strong> modo geral, <strong>de</strong> forma rápida;<br />

entretanto, os elementos essenciais que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>iam a acção vão surgindo <strong>de</strong> forma<br />

metódica e paulatina, possibilitando gradualmente a confirmação das características das<br />

<strong>de</strong>stas. De qualquer forma, a <strong>de</strong>scrição surge e acaba por participar na acção, uma vez<br />

que os elementos <strong>de</strong>scritivos intervêm em função e no <strong>de</strong>correr da própria acção, por<br />

vezes aliados ao diálogo. Outras situações há em que os fragmentos textuais <strong>de</strong>scritivos<br />

são ten<strong>de</strong>ncialmente estáticos, proporcionando “momentos <strong>de</strong> suspensão temporal,<br />

pausas na progressão linear dos eventos diegéticos” (REIS e LOPES 1991:87).<br />

O leitor encontra-se perante personagens jovens que estão no centro do drama<br />

afectivo e emocional. Dotadas <strong>de</strong> uma imaginação fértil, elas exprimem uma visão<br />

sensível e crítica das relações entre crianças e adultos.<br />

A imagem feminina surge repetidamente jovem, acompanhada <strong>de</strong> uma beleza<br />

invulgar e, regra geral, <strong>de</strong> uma bonda<strong>de</strong> surpreen<strong>de</strong>nte. O motivo é recorrente, po<strong>de</strong>ndo<br />

Milita 34 (Maria Emília) ou Esmeralda 35 ser bons exemplos. A primeira é uma jovem <strong>de</strong><br />

quinze anos, apresentada como uma rapariga <strong>de</strong> “beleza invulgar, olhos negros,<br />

profundos, cintilantes, cabelo todo ondulado naturalmente, sem nenhum artifício, a pele<br />

muito branca qual pétala <strong>de</strong> rosa, lábios cor <strong>de</strong> romã e <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> jaspe …”; já Esmeralda<br />

é uma menina frágil e <strong>de</strong>licada, com uns lindos olhos ver<strong>de</strong>s, que lhe justificam o nome.<br />

Os seus cabelos são loiros, a sua voz <strong>de</strong> oiro e <strong>de</strong> timbre muito suave, é obediente e<br />

bastante cumpridora, surgindo, assim, com uma figura angelical.<br />

Qualquer outro exemplo repetiria, sem gran<strong>de</strong>s alterações, a imagem das<br />

apresentadas. Todavia, <strong>de</strong>ntre elas <strong>de</strong>staca-se uma figura surpreen<strong>de</strong>ntemente<br />

enigmática, apesar <strong>de</strong>, à primeira vista, não <strong>de</strong>stoar <strong>de</strong> todas as outras presenças<br />

femininas. Trata-se <strong>de</strong> Babel 36 , uma princesa, que, como tal, se espera bela, formosa e<br />

bondosa, e <strong>de</strong> que nos pronunciaremos mais à frente.<br />

As personagens po<strong>de</strong>rão, por seu turno, apresentar-se diferentes do que<br />

usualmente acontece. Numa leitura da obra A Bolinha Mágica, por exemplo, tal como<br />

acontecerá na história <strong>de</strong> A Princesa Estrelinha, o leitor facilmente questionará a<br />

natureza da personagem que inicia a narração, não só por causa da referência à sua<br />

longa existência, mas também porque, imediatamente a seguir, é apresentada como<br />

34 Em Os Bandoleiros.<br />

35 Em De Marçano a Milionário.<br />

36 Em A Bolinha Mágica.

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