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Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

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<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />

A Princesa Estrelinha (1951) será a última novela infantil a ser editada e <strong>de</strong>nota<br />

uma franca influência da Walt Disney, nomeadamente ao nível da ilustração 30 . A figura<br />

feminina surge em <strong>de</strong>staque, nos verda<strong>de</strong>iros mol<strong>de</strong>s do conto tradicional.<br />

Graças à <strong>de</strong>terminação e cuidado do neto do autor, conhecem-se ainda outros<br />

trabalhos <strong>de</strong> <strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong>, os quais se encontram em sua posse,<br />

nomeadamente dois poemas inéditos - “Coisas Que Convém Saber Na Hora Que<br />

Passa” 31 e “Visão <strong>de</strong> Eternida<strong>de</strong>” 32 , bem como uma partitura acompanhada <strong>de</strong> versos do<br />

autor, <strong>de</strong> 1953, intitulada Coral 33 - Para coro misto a quatro vozes "a capella" ou com<br />

acompanhamento <strong>de</strong> órgão "ad libitum", com letra <strong>de</strong> <strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>- <strong>Rita</strong> e música<br />

<strong>de</strong> José Ludovice.<br />

Deste modo, o envolvimento do autor com a palavra escrita é o reflexo da sua<br />

maneira <strong>de</strong> ver o mundo, bem como o reflexo da sua consciência. A linguagem utilizada<br />

transmite uma <strong>de</strong>terminada visão do que o ro<strong>de</strong>ia, dos costumes, <strong>de</strong> instituições e<br />

hierarquias, o que faz com que os textos não sejam totalmente isentos. Esta atitu<strong>de</strong><br />

perante a escrita corrobora o que refere Glória Bastos:<br />

(…) os escritores <strong>para</strong> crianças tomam frequentemente a seu cargo a tarefa <strong>de</strong><br />

tentar moldar as atitu<strong>de</strong>s da audiência em “formas” <strong>de</strong>sejáveis (<strong>para</strong> adultos), o que<br />

po<strong>de</strong>rá significar, por exemplo, e mais frequentemente, uma tentativa <strong>de</strong> perpetuar<br />

certos valores ou, por outro lado, <strong>de</strong> resistir a concepções socialmente dominantes e às<br />

quais <strong>de</strong>terminados autores se opõem. E, por meio da linguagem, alia-se um<br />

conhecimento progressivo do mundo, da socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> como viver nela, dos seus<br />

costumes, instituições e hierarquias, dado que a linguagem é, reconhecidamente, um<br />

po<strong>de</strong>roso agente <strong>de</strong> socialização. (2002: 41-42).<br />

Como veremos no capítulo seguinte <strong>de</strong>ste trabalho, através <strong>de</strong> situações vividas<br />

pelas personagens e pela escolha das palavras que suscitem sentimentos e reflexões <strong>de</strong><br />

carácter variado, o leitor da obra narrativa <strong>de</strong> <strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> é convidado a<br />

situar-se <strong>de</strong>ntro do texto, partilhando ou não dos pontos <strong>de</strong> vista dos seus actantes,<br />

apren<strong>de</strong>ndo através <strong>de</strong>les e com eles as mesmas lições, construindo o seu código<br />

individual <strong>de</strong> valores.<br />

30 Ver anexos, fig. 10<br />

31 Ver anexos, fig.11.<br />

32 Este terá sido o último poema escrito por <strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong>, sem data, ver anexos, fig. 12.<br />

33 Ver anexos, fig. 13

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