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Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

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<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />

Imbuído <strong>de</strong>sse espírito <strong>de</strong> mudança, aliada ao tom simbolista e à linguagem<br />

esotérica que envolvem a primeira fase da produção lírica do autor, é notória em<br />

<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong>, em 1916, a tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> conceitos e <strong>de</strong> valores<br />

tradicionais e a <strong>criação</strong> <strong>de</strong> novas linguagens artísticas, características dos movimentos<br />

plásticos e literários do princípio do século XX.<br />

Como já referido, cria e dirige a revista Exílio, uma Revista <strong>de</strong> Arte, Letras e<br />

Ciências que integra a Literatura, a Música e a "Sciencia, Philologia e Critica" e inclui<br />

os poemas “Signal da Raça”, “Tua Presença” e “Céu”, do autor. É nesta revista que<br />

<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> entrará em contacto com intelectuais e artistas <strong>de</strong> várias<br />

tendências políticas, como Teófilo Braga, António Sardinha, António Ferro e Cortes-<br />

-Rodrigues. É nesse mesmo ano que acontece a publicação da obra poética Praias do<br />

Mistério, publicação on<strong>de</strong> o sujeito poético manifesta as sua vivências e ansieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

forma mais indistinta, obsessionado pela problemática da <strong>de</strong>cadência nacional, com uma<br />

vibração patriótica e exaltação histórica, num <strong>de</strong>vaneio constante e nostálgico. Ainda<br />

um pouco nesse tom, e numa atitu<strong>de</strong> que se traduziu na imortalização <strong>de</strong> alguns artistas<br />

e correntes dos anos 20 lisboetas, publica Folhas <strong>de</strong> Arte 12 (1924), um conjunto <strong>de</strong> dois<br />

volumes que reúnem composições poéticas <strong>de</strong> escritores e músicos da referida época. O<br />

primeiro volume é consagrado à Poesia Portuguesa; o segundo é <strong>de</strong>dicado ao Lied<br />

Nacional, ou seja, à Canção Portuguesa. Ambos os volumes contêm respectivamente<br />

fotografias e poemas dos próprios e excertos <strong>de</strong> música <strong>de</strong> vários compositores.<br />

Segundo a tendência <strong>de</strong> uma recuperação fictícia <strong>de</strong> estados volvidos no tempo,<br />

<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> publica a obra que, entre o esquecimento a que foi votado, o<br />

tornará relativamente lembrado. Trata-se <strong>de</strong> O Mundo dos Meus Bonitos, obra editada<br />

em 1920 (apesar <strong>de</strong>, certamente por lapso, no Dicionário <strong>de</strong> Literatura <strong>de</strong> Jacinto Prado<br />

Coelho aparecer a data <strong>de</strong> 1929). Esta obra contém produções poéticas criadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

1916 até então. Trata-se <strong>de</strong> um volume composto por quase cento e cinquenta páginas<br />

que integram, <strong>para</strong> além <strong>de</strong> uma introdução e um proémio, em verso, uma divisão<br />

tripartida: “Menino e Moço”, “O Mundo dos Meus Bonitos” e “Os Bonitos <strong>de</strong> Deus”.<br />

Estas partes sugerem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo as preocupações temáticas do autor – a <strong>infância</strong>, o<br />

12 Inclui o retrato <strong>de</strong> Fernando Pessoa por Victoriano Braga, datado <strong>de</strong> 1914, e uma poesia inédita <strong>de</strong><br />

Gomes Leal, feita <strong>de</strong> improviso em Setúbal, em 28 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1896, pertencente a D. Ana <strong>de</strong> Castro<br />

Osório e acompanhada pelo retrato fotográfico do gran<strong>de</strong> poeta.

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