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Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

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<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />

<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> cria e passa a dirigir, por vários anos, o suplemento infantil do<br />

Jornal O Século, o Pim-Pam-Pum.<br />

Além disso, em Portugal, em finais dos anos 30 e no início da década <strong>de</strong> 40,<br />

surge o Neo-Realismo e o Surrealismo, alicerçados em posições i<strong>de</strong>ológicas<br />

completamente opostas à veiculada pela Exposição do Mundo Português, gran<strong>de</strong><br />

iniciativa cultural do regime nesta época.<br />

Na procura <strong>de</strong> uma leitura comprometida, os neo-realistas, emergindo então,<br />

criam as suas personagens entre os injustiçados pela socieda<strong>de</strong>, dando às suas obras um<br />

cunho social que contrastava com o espírito metafísico e estetizante do grupo Presença.<br />

Os artistas <strong>de</strong>ssa época, como João Gaspar Simões, José Régio e Branquinho da<br />

Fonseca, criadores da referida revista, foram olhados pelo meio cultural português como<br />

<strong>de</strong>masiado cosmopolitas, já que se revelavam totalmente arredados do modo <strong>de</strong> sentir<br />

nacional. Estes terão sido apontados como excessivamente críticos e consequentemente,<br />

inconvenientes, dada vigilância e/ou proibição <strong>de</strong> toda a produção cultural que não fosse<br />

emanada da i<strong>de</strong>ologia do regime. Em contrapartida, este cultivou como i<strong>de</strong>al cultural<br />

“uma exaltação mitificada do passado ou do presente e o sistemático culto da Nação”<br />

(Blockeel 2001: 44), por isso o Estado utilizava <strong>de</strong>terminadas figuras históricas como<br />

referentes do comportamento presente e futuro, tal como acontecimentos, símbolos e<br />

períodos históricos consi<strong>de</strong>rados mais favoráveis à i<strong>de</strong>ologia do regime.<br />

Os livros premiados, conforme referido por Glória Bastos, “caracterizam-se por<br />

uma orientação que ora reproduz os estereótipos do regime em relação à História <strong>de</strong><br />

Portugal, ora envereda por uma escrita <strong>de</strong> pendor moralista.” (2002: 212).<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> orientar as leituras dos mais jovens é, igualmente, visível nos<br />

Prémios <strong>de</strong>stinados à Literatura Infantil, como que recompensas atribuídas pelo<br />

Secretariado da Propaganda Nacional (SPN) a partir <strong>de</strong> 1935. Criam-se: o “Prémio<br />

Maria Amália Vaz <strong>de</strong> Carvalho – <strong>para</strong> gratificar anualmente a melhor e mais saudável<br />

obra <strong>literária</strong> infantil”; o “Prémio <strong>de</strong> Romance”; o “Prémio <strong>de</strong> Conto ou Novela”; o<br />

“Prémio Camões” <strong>para</strong> obra <strong>literária</strong> ou científica publicada no estrangeiro sobre<br />

Portugal.<br />

É vasto o leque <strong>de</strong> autores portugueses que ten<strong>de</strong>m, nesta época, a apostar no<br />

livro <strong>para</strong> o público mais jovem, <strong>de</strong>monstrando sérias preocupações com a qualida<strong>de</strong><br />

dos textos produzidos. Destacam-se as autoras Ana <strong>de</strong> Castro Osório, com Viagens <strong>de</strong><br />

Felícia e Felizardo ao Pólo Norte e Viagens Aventurosas <strong>de</strong> Felícia e Felizardo no

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