Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância
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<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />
A educação tradicional a que foi sujeito e o gosto que até então tinha votado ao<br />
teatro, como testemunha a sua produção escrita, tê-lo-á levado a ser o pioneiro no<br />
projecto artístico da <strong>criação</strong> <strong>de</strong> um teatro <strong>de</strong> marionetas. O gosto do autor pelo modo<br />
dramático trouxe à luz, a 23 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1943, o projecto <strong>de</strong> O Teatro <strong>de</strong> Mestre Gil 6 ,<br />
bem como diversas representações, entre elas, a da obra Rosa <strong>de</strong> Papel, no Teatro S.<br />
Carlos, com estreia absoluta a 19 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1947.<br />
O Teatro <strong>de</strong> Mestre Gil teve a sua estreia em 26 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 1943. Os fantoches<br />
eram da autoria do artista Júlio <strong>de</strong> Sousa e o repertório reunia maioritariamente peças <strong>de</strong><br />
Luís <strong>de</strong> Oliveira Guimarães, mas também <strong>de</strong> <strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e <strong>de</strong> Afonso Lopes<br />
Vieira.<br />
A produção do autor <strong>de</strong>nota as influências simbolistas e pré-<br />
-expressionistas do teatro da alma, ao nível do texto dramático, bem como<br />
preocupações com a educação e com o próprio Estado, como revela o trabalho<br />
publicado na Revista Municipal <strong>de</strong> Lisboa 7 , intitulado «O Teatro <strong>de</strong> Fantoches como<br />
instrumento <strong>de</strong> cultura: dos «robertos» da al<strong>de</strong>ia aos fantoches da cida<strong>de</strong>.», on<strong>de</strong> se<br />
revela conhecedor do trabalho que é <strong>de</strong>senvolvido na Europa, concretamente em Itália.<br />
O dinamismo <strong>de</strong> <strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> contribuiu <strong>para</strong> a imortalização <strong>de</strong><br />
alguns artistas e correntes dos anos 20 lisboetas, através da publicação <strong>de</strong> Folhas <strong>de</strong><br />
Arte, obra incluída na lista das “Principais Revistas e Publicações Literárias Des<strong>de</strong> o<br />
Surto do Simbolismo até à actualida<strong>de</strong> (1980)” (GUIMARÃES 2001:157).<br />
A sua <strong>de</strong>dicação aos modos lírico e dramático valeu-lhe prémios do Diário <strong>de</strong><br />
Lisboa e foi agraciado com a Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Santiago da Espada.<br />
Surpreen<strong>de</strong>ntemente, encontramos o nome <strong>de</strong>ste autor ainda ligado ao cinema,<br />
nomeadamente com a sua assinatura no argumento do filme João Brandão e os<br />
Patuleias, que se encontra disponível nos arquivos da Biblioteca Nacional, mas não<br />
datado, bem como na ficha técnica, como responsável pela letra das canções, do filme<br />
português Ala-Arriba!, uma longa-metragem <strong>de</strong> José Leitão <strong>de</strong> Barros que estreou em<br />
Lisboa, no cinema S. Luís, a 15 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1942.<br />
6 Inaugurado no antigo café do Coliseu, no mesmo edifício do Coliseu dos Recreios, tendo posteriormente<br />
passado, por iniciativa <strong>de</strong> O Século, <strong>para</strong> a Feira Popular.<br />
7 em 1944, nos números 20 e 21.