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Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

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<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />

<strong>de</strong> não se conseguir <strong>de</strong>sligar por completo <strong>de</strong>ssa fase da sua vida. Deixando <strong>de</strong> ser uma<br />

simples nostalgia, ter-se-á manifestado por uma dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aceitação da entrada<br />

noutro estádio, associando à recusa e insatisfação face ao presente a esperança por um<br />

regresso. Assiste-se, assim, a um receio <strong>de</strong> crescer, provavelmente pela perda precoce<br />

do pai aos <strong>de</strong>zasseis anos e a presença <strong>de</strong> uma mãe pouco disciplinadora e talvez<br />

excessivamente romântica <strong>para</strong> educar. Consequentemente, o medo será, então, outro<br />

dos sentimentos que o terá acompanhado e que é perceptível na sua obra, chegando<br />

mesmo a ser personificado na figura do papão.<br />

Gran<strong>de</strong> parte da obra <strong>de</strong> <strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong>, imbuída <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong><br />

estética e formal, sem que, contudo, se distancie gran<strong>de</strong>mente da <strong>criação</strong> artística e das<br />

normas académicas oficiais, apresenta a <strong>de</strong>fesa dos valores da Família, da Religião e da<br />

Pátria, tendo muita <strong>de</strong>la sido tornada pública em publicações <strong>de</strong> livros da<br />

responsabilida<strong>de</strong> do próprio autor, embora muitas produções surjam dispersas em<br />

publicações periódicas.<br />

A existência da censura, promulgada no mesmo dia da Constituição <strong>de</strong> 1933 e da<br />

polícia política, fez com que as práticas culturais não coinci<strong>de</strong>ntes com as do regime<br />

ficassem comprometidas. A solução passava pelo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s<br />

intelectuais, ou mesmo medidas i<strong>de</strong>ológicas pacíficas, <strong>de</strong> forma a seleccionar<br />

procedimentos i<strong>de</strong>ológicos, o que minimizava a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser censurado; <strong>para</strong><br />

que não vissem as suas obras neutralizadas, evitariam os autores abordar <strong>de</strong>terminados<br />

tópicos ou utilizar certos tipos <strong>de</strong> linguagem, passíveis <strong>de</strong> serem recriminados.<br />

Amigo pessoal e até íntimo <strong>de</strong> várias figuras <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque da época, <strong>Augusto</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> frequentou famosos serões ou “chás literários”.<br />

Des<strong>de</strong> cedo é notória a preocupação que tem em <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os seus i<strong>de</strong>ais muito<br />

próprios e, logo numa primeira fase da sua produção, a colaboração que <strong>de</strong>u na revista A<br />

Águia é testemunho da sua tentativa <strong>de</strong> conciliar um <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ntismo estetizante com<br />

tendências i<strong>de</strong>ológicas nacionalistas.<br />

Proce<strong>de</strong>, posteriormente, num ano marcado pelo diálogo frustrado entre<br />

Mo<strong>de</strong>rnismo e Integralismo, à <strong>criação</strong> da revista Exílio, em 1916, com a colaboração <strong>de</strong><br />

Teófilo Braga e <strong>de</strong> António Sardinha, <strong>de</strong> António Ferro e <strong>de</strong> Cortes-Rodrigues. Trata-se<br />

<strong>de</strong> uma publicação que integra rubricas <strong>de</strong>dicadas à Literatura, à Música e à “Sciencia,<br />

Philologia e Critica”.

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