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Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

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<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />

sua activida<strong>de</strong> profissional sabe-se que em 1925 se tornou, por sua iniciativa, director<br />

do suplemento infantil Pim-Pam-Pum, <strong>de</strong> O Século. A sua contribuição na publicação<br />

semanal durou até 1940, ano em que se separou <strong>de</strong> Graciete Branco, com quem casara e<br />

tivera apenas um filho. Foi ainda adjunto dos serviços <strong>de</strong> Produções da Emissora<br />

Nacional e, posteriormente, <strong>de</strong>sempenhou funções no Secretariado da Propaganda<br />

Nacional.<br />

Homem <strong>de</strong> uma extrema bonda<strong>de</strong>, elegância e discreção, contrastando com a<br />

irreverência do seu irmão Guilherme, cedo se revelou na escrita, ao lado dos homens<br />

das vanguardas, das letras e da política, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s nomes como Fernando Pessoa,<br />

Mário <strong>de</strong> Sá Carneiro, António Ferro, ou mesmo do seu irmão, Guilherme <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<br />

-<strong>Rita</strong>, mais conhecido como “<strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> Pintor”. Dessa fase tímida e discreta da sua<br />

obra raramente aparecem referências 3 , tendo, todavia, recentemente sido feito um<br />

estudo sobre o autor pelo Dr. Álvaro Mascarenhas 4 . Porém, a maioria dos estudos<br />

conota-o como escritor <strong>de</strong> literatura infantil, concretamente a Gran<strong>de</strong> Enciclopédia<br />

Portuguesa e Brasileira ou o Dicionário <strong>de</strong> Literatura Portuguesa, sob a coor<strong>de</strong>nação<br />

<strong>de</strong> Jacinto do Prado Coelho 5 , ou, ainda, estudiosos como Esther <strong>de</strong> Lemos, Glória<br />

Pon<strong>de</strong>, ou Natércia Rocha, sendo em qualquer <strong>de</strong>les <strong>de</strong>stacada a obra O Mundo dos<br />

meus Bonitos.<br />

Junto dos familiares mais próximos, <strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> <strong>de</strong>ixou uma<br />

recordação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> simpatia e afabilida<strong>de</strong>, tendo-se, contudo, revelado péssimo gestor<br />

ao nível económico. De acordo com testemunhos, o ambiente familiar, envolto em<br />

espiritualismo e religiosida<strong>de</strong>, em que eram frequentes as récitas poéticas e teatrais em<br />

saraus repassados <strong>de</strong> romantismo e elegância, terá levado a vivências <strong>de</strong> mistério e<br />

fantasia, favorável ao <strong>de</strong>senvolvimento da imaginação e, consequentemente, ao sonho.<br />

Tais vivências ter-se-ão perpetuado na sua memória e tê-lo-ão levado a uma<br />

representação permanente da <strong>infância</strong> assistindo-se, <strong>de</strong>ste modo, a uma presença<br />

constante da sauda<strong>de</strong>, como sentimento simultaneamente inebriante e inibidor, ao ponto<br />

3 «Além dos sobreviventes do fim <strong>de</strong> século, nomeadamente <strong>de</strong> Luís <strong>de</strong> Magalhães e <strong>de</strong> Jaime <strong>de</strong><br />

Magalhães Lima, o neo-romantismo lusitanista vive pelas obras <strong>de</strong> maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Correia <strong>de</strong> Oliveira e<br />

Afonso Lopes Vieira e pelas obras <strong>de</strong> Branca <strong>de</strong> Gonta Colaço, Queirós Ribeiro, António Sardinha,<br />

Alberto <strong>de</strong> Monsaraz, <strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Rita</strong>, José Agostinho, Guilherme <strong>de</strong> Faria, José Bruges, Santiago<br />

Prezado, (…)» (PEREIRA 2003: 211).<br />

4 Dissertação no âmbito do Mestrado em Criações Literárias Contemporâneas da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Évora,<br />

sob a orientação da Professora Doutora Ana Luísa Vilela, intitulada <strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong>: <strong>criação</strong><br />

<strong>literária</strong> e vanguarda no século XX.<br />

5 autor que se <strong>de</strong>dicou “quase exclusivamente à literatura <strong>para</strong> crianças, escrevendo histórias maravilhosas<br />

ou pequenos contos edificantes” (COELHO 1989: 471).

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