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Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

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<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />

o mesmo tipo <strong>de</strong> análise. Para este autor, os contos acontecem na oposição<br />

<strong>para</strong>digmática e na resolução <strong>de</strong>ssa mesma contradição, aparentemente insolúvel.<br />

Clau<strong>de</strong> Bremond critica a ausência <strong>de</strong> funções-pivot, bem como a ausência <strong>de</strong><br />

alternativas <strong>para</strong> <strong>de</strong>terminada função, uma vez que a escolha <strong>de</strong> uma consequência não<br />

prevê outras bifurcações possíveis. Rejeita também a visão teológica como influência na<br />

or<strong>de</strong>m das funções. Postula a existência <strong>de</strong> uma lógica <strong>de</strong> intrigas que comporta as<br />

principais regras narrativas. A função, diz, não é só o enunciar a acção. Esta é suportada<br />

por um personagem - sujeito e por um processo - predicado (regra) - influenciador,<br />

beneficiário, vítima, protector, <strong>de</strong>struidor, sedutor.<br />

Os contos, dada a sua diversida<strong>de</strong>, dirigem-se a todos os níveis da personalida<strong>de</strong><br />

humana, não só às crianças, mas também aos adultos. Bettelheim diz que, “aplicado o<br />

mo<strong>de</strong>lo psicanalista da personalida<strong>de</strong> humana, os contos <strong>de</strong> fadas são portadores <strong>de</strong><br />

mensagens importantes <strong>para</strong> o psiquismo consciente, pré-consciente ou inconsciente,<br />

qualquer que seja o nível em que funciona” (1991: 12,13). Po<strong>de</strong>riam, então, voltar a ter<br />

papel central na educação, possibilitando à criança chegar a conclusões a que ela só por<br />

si dificilmente chegaria, elucidando-a sobre si própria e promovendo o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da sua personalida<strong>de</strong>.<br />

Dentre os muitos autores portugueses que, ao longo da sua vida, contribuíram<br />

<strong>para</strong> a promoção cultural da <strong>infância</strong>, <strong>de</strong>staca-se “<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong>, que, aliás, tem<br />

uma obra meritória, e foi pioneiro do teatro <strong>de</strong> fantoches <strong>para</strong> crianças, publicou em<br />

1920 um livro <strong>de</strong> evocações <strong>de</strong> <strong>infância</strong>, O Mundo dos Meus Bonitos, que foi<br />

erradamente consi<strong>de</strong>rado como livro <strong>para</strong> crianças” (LEMOS 1972: 25-26). Será a<br />

<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> que serão <strong>de</strong>dicados os restantes capítulos <strong>de</strong>sta dissertação.

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