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Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

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<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />

Seja como for, qualquer <strong>de</strong>stas perspectivas apresenta o conto assente na<br />

realida<strong>de</strong> histórica do passado e não no “psiquismo humano”, como refere ainda Maria<br />

Emília Traça.<br />

Em todas as socieda<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> foram feitos estudos ou abordagens por etnólogos<br />

foi <strong>de</strong>tectada a existência <strong>de</strong> mitos. Estes caracterizam-se pela sua natureza <strong>de</strong> saber<br />

essencial, a sua intemporalida<strong>de</strong> e universalida<strong>de</strong>.<br />

Quanto à transmissão e difusão dos contos, também estão patentes diferentes<br />

opiniões. Uns <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a monogénese, ou seja, consi<strong>de</strong>ram que a difusão <strong>de</strong> cada conto<br />

terá partido <strong>de</strong> um lugar, on<strong>de</strong> se manteve durante várias gerações, e que só<br />

posteriormente, noutros locais, se teria transformado, adaptando-se a novos contextos<br />

culturais (escola finlan<strong>de</strong>sa). Outros há que apresentam a difusão do conto como uma<br />

corrente, o que tornaria possível o regresso ao seu lugar <strong>de</strong> origem (Koarle Króhn) e<br />

outros ainda que não concordam com este, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo que a transmissão do folclore se<br />

processaria <strong>de</strong> uma forma itinerante, o que teria permitido a sua difusão a partir <strong>de</strong><br />

vários transmissores activos, que contam e mudam, e não <strong>de</strong> transmissores passivos que<br />

se limitam a contar (Carl-Wilhelm Von Sydow).<br />

Hoje em dia, os estudos que têm por base o conto já se dirigem por outras linhas.<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da forma como os contos evoluíram, ou <strong>de</strong> on<strong>de</strong> e quando se<br />

modificaram, V. Propp, no seu estudo intitulado As transformações dos contos<br />

fantásticos, apresenta vinte casos <strong>de</strong> transformações. Tal estudo teve em atenção<br />

precisamente a análise dos elementos do conto fantástico, verificando que as mudanças<br />

ocorrem ou pela alteração da primeira forma ou por substituições e assimilações.<br />

O conto tem sucessivamente <strong>de</strong> se adaptar aos contextos históricos <strong>para</strong><br />

sobreviver e surge como um veículo <strong>de</strong> valores culturais e transmissor <strong>de</strong><br />

conhecimentos: “é uma „palavra‟ (parábola) cujo fio não <strong>de</strong>ve ser cortado ao passar <strong>de</strong><br />

geração em geração, sob pena <strong>de</strong> pôr em perigo a coesão social e a sobrevivência do<br />

grupo” (TRAÇA 1992: 28). Com o evoluir dos tempos, o conto passa a servir <strong>de</strong><br />

divertimento <strong>para</strong> as crianças e camponeses e <strong>de</strong> evasão <strong>para</strong> os citadinos.<br />

O conto levanta questões com as quais todo o indivíduo que vive em socieda<strong>de</strong><br />

se vê confrontado: a rivalida<strong>de</strong> entre gerações, a integração dos mais novos no mundo<br />

adulto, o tabu do incesto, o antagonismo dos sexos. Lida com aspectos da vida social e<br />

do comportamento humano, com etapas fundamentais da vida, como o nascimento, o

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