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Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância

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3. A origem do conto<br />

Várias teorias se ocupam da origem dos contos.<br />

<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />

Os contos egípcios – Os contos infantis dos mágicos - são os mais antigos <strong>para</strong><br />

alguns estudiosos, mas Nadia Gotlib <strong>de</strong>ixa bem claro que “enumerar as fases da<br />

evolução do conto seria percorrer a nossa própria história, a história da nossa cultura,<br />

<strong>de</strong>tectando os momentos <strong>de</strong> escrita que a representam” (GOTLIB 1984: 9) - e <strong>de</strong><br />

imediato apresenta exemplos como a história <strong>de</strong> Abel e Caim, da Bíblia, ou as das Mil e<br />

uma Noites, vindas da Pérsia (séc. X).<br />

Assim, uma primeira fase terá sido aquela em que perpassavam as histórias<br />

como forma <strong>de</strong> prolongamento da vida. A partir do momento em que o oral passa a<br />

produto escrito, assiste-se a um alicerçar do seu carácter literário, em que o contador<br />

passa a perpetuar a narrativa (evitando que ela perca o tom oral), e o texto mantém o<br />

cunho artístico (séc XIV). Exemplo são os Canterbury Tales (1386), <strong>de</strong> Chaucer, e o<br />

Decameron, <strong>de</strong> Bocaccio.<br />

A palavra “conte” terá emergido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1080, segundo Michèle Simonsen, e terá<br />

surgido do latim computare, „enumerar‟, «puis “enumérer les épiso<strong>de</strong>s d‟un récit”,<br />

“d‟où raconter”» (GOTLIB 1984: 9)<br />

Ao longo dos séculos XVI, XVII, e XVIII surgem exemplos como Heptameron<br />

(1558) <strong>de</strong> Marguerite <strong>de</strong> Navarra, Novelas ejemplares (1613) <strong>de</strong> Cervantes, Histoires ou<br />

Contes du temps passé, conhecidos como Contes <strong>de</strong> ma mère Loye (Contos da Mãe<br />

Gansa) <strong>de</strong> Charles Perrault, respectivamente, contos que eram alvo frequente <strong>de</strong> leitura<br />

<strong>de</strong> tipo “intensivo”, no dizer <strong>de</strong> Ana Margarida Ramos.<br />

É, contudo, no século XIX que se assiste à proliferação do conto. A História da<br />

Literatura situa o nascimento do conto no Romantismo, ainda que algumas correntes<br />

afirmem que o Realismo marca o seu auge, sendo, todavia, comummente aceite que a<br />

sua transmissão oral se reporta a épocas remotas.<br />

O conto surge misturado com outros géneros, aproximando-se, por isso, umas<br />

vezes mais do épico, quando é escrito em verso, ou da lírica, quando é um poema em

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