Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância
Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância
Augusto de Santa-Rita e a criação literária para a infância
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Augusto</strong> <strong>de</strong> <strong>Santa</strong>-<strong>Rita</strong> e a <strong>criação</strong> <strong>literária</strong> <strong>para</strong> a <strong>infância</strong><br />
Na Alemanha, novelle primeiramente <strong>de</strong>signa o texto curto, mas, uma vez que<br />
ele se vai expandindo, surge a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>signar o mais curto como kurt<br />
Geschichte. Para o conto popular emerge ainda a terminologia <strong>de</strong> Marchen e <strong>de</strong> Roman<br />
<strong>para</strong> o conto.<br />
Será apenas nos séculos XVIII e XIX que os escritores fundam a novela<br />
enquanto género literário, regido por normas e preceitos. Os alemães foram então os<br />
mais prolíficos criadores <strong>de</strong> novelas. Para estes, a novela é uma narrativa <strong>de</strong> dimensões<br />
in<strong>de</strong>terminadas – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> algumas páginas até às centenas – que se <strong>de</strong>senrola em torno <strong>de</strong><br />
um único evento ou situação, conduzindo a um inesperado momento <strong>de</strong> transição<br />
(Wen<strong>de</strong>punkt) que tem como corolário um <strong>de</strong>sfecho simultaneamente lógico e<br />
surpreen<strong>de</strong>nte.<br />
Entre o Século XVII e o XVIII, em inglês a novel distingue-se do romance pela<br />
extensão, apesar <strong>de</strong> ambos os termos apontarem <strong>para</strong> uma prosa narrativa <strong>de</strong> ficção<br />
sobre o quotidiano.<br />
No Século XIX, uma vez que o romance entra em <strong>de</strong>suso, a novel passa a ser<br />
mais longa e, consequentemente, passa a ser <strong>de</strong>signada por romance. Os textos mais<br />
curtos passam a ser i<strong>de</strong>ntificados por short-story e os mais longos por long short story<br />
(as novelas); tale é o conto e o conto popular. Esta distinção surge também em<br />
Bocaccio, que usa novelle <strong>para</strong> uma narrativa breve em contraste com uma mais longa<br />
(romance).<br />
Nos E.U.A., encontra-se o termo short story que <strong>de</strong>signa um género<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e não apenas uma história curta, verificando-se, contudo, alguma confusão<br />
<strong>de</strong> terminologia.<br />
Os termos tale e sketch são usados por Washington Irving <strong>de</strong> forma diferente,<br />
relativamente a Poe, Hawthorne e Melville, os quais cultivam uma forma <strong>de</strong> fundo mais<br />
realista, a short story.<br />
Estes termos ainda sofrem alterações, surgindo o termo yarn <strong>para</strong> anedotas,<br />
entendido como um episódio fragmentário, enquanto tale passa a representar uma<br />
anedota aumentada ou um conto popular.<br />
Ao colocar-se a questão do que é afinal um conto, Maria Emília Traça diz que<br />
<strong>para</strong> tal <strong>de</strong>finição é necessário relacionar a problemática actual do conto com as<br />
diferentes apreciações críticas, nomeadamente dos antropólogos (Lévi-Strauss), dos<br />
folcloristas (on<strong>de</strong> se inserem os irmãos Grimm, por ex.), dos etnólogos (Ruth Benedict),